quinta-feira, 23 de julho de 2020

Leonardo Leiro: “O Grandolense está a crescer e o treinador manifestou interesse em mim”

Médio ofensivo Leonardo Leiro é reforço do Grandolense para 2020-21
Anunciado recentemente como reforço do Grandolense para 2020-21, o médio ofensivo luso-angolano Leonardo Leiro vai procurar dar sequência em Grândola a um bom arranque no futebol sénior dado no Moitense, clube pelo qual marcou sete golos na temporada passada.

Numa entrevista em que revelou ambição, vontade em integrar-se da melhor forma com os novos companheiros e o sonho de chegar a uma I Liga, o jovem centrocampista descreve-se como jogador, fala do passado e das ambições que tem na carreira e opina sobre o que entende ser racismo.



ROMILSON TEIXEIRA - O Leonardo Leiro foi recentemente anunciado como reforço do Grandolense para 2020-21. O que levou a rumar até Grândola para prosseguir a carreira?
LEONARDO LEIRO - O treinador do Grandolense, Vítor Pereira, manifestou interesse em mim, naquilo que eu podia oferecer à equipa e ajudar a concretizar os objetivos do clube, portanto dessa forma foi um ponto importante.

Com que objetivos individuais e coletivos vai entrar na próxima época?
Antes de mais quero conhecer os meus novos colegas e começar a ganhar elos de ligação com eles, pois acho que dessa forma é mais fácil depois tudo o que envolve os treinos, jogos, etc. A nível individual quero sempre fazer melhor, é sempre esse o meu pensamento.

O que conhece do Grandolense e que opinião tem sobre o seu novo clube?
Até ao ano passado não tinha grande conhecimento, mas agora obviamente tenho de estar a par do assunto. Do que já fui me informando, é um clube que está a crescer e talvez daqui por uns anos esteja num campeonato superior.

O Grandolense descreveu-o como um "médio ofensivo com faro de golo" quando anunciou a contratação do Leonardo nas redes sociais. E o Leonardo, como se descreve como jogador?
Penso que sou um jogador inteligente. Procuro sempre ver os pontos menos fortes dos adversários para dessa forma colocar-me em vantagem, sabendo das minhas limitações. Sou perfeccionista, pois tento sempre fazer para ser melhor em cada treino ou jogo. Tento errar o menor número de vezes possível, não tendo medo de o fazer.

Do que conhece e vai vendo neste mercado de transferências, quais são os clubes favoritos à conquista do título da I Distrital da AF Setúbal em 2020-21?
Penso que dentro das quatro linhas é que se veem os favoritos, o resto é história.

Moitense é um clube humilde e que faz imensa gente sair das suas casas para ir ao futebol”

Centrocampista luso-angolano atuou pelo Moitense na época passada
Na época passada, a primeira do Leonardo como sénior, apontou sete golos em 20 jogos pelo Moitense, que estava a fazer um campeonato tranquilo. Era difícil esperar melhor começo no futebol sénior, e logo no clube onde começou o seu trajeto na formação…
Vou ser sincero, a nível pessoal foi um bom ano, mas não fiquei satisfeito com o que fiz, tinha objetivos delineados que não consegui cumprir. Sobre o Moitense, no ano passado acho que podíamos ter ficado uns lugares mais acima da tabela devido à qualidade que tínhamos no plantel e certamente vai ser um clube que vai marcar-me, pois foi lá onde comecei a dar os primeiros toques na bola e que agora em sénior me deu a oportunidade de mostrar que tenho qualidade para andar no mundo do futebol. Sempre vi o Moitense como um clube humilde, da terrinha, que faz imensa gente sair das suas casas para ir ver futebol. Isso foi das coisas que me fascinou mais, sem dúvida.

O Leonardo fez grande parte do seu trajeto no futebol juvenil na conceituada formação do Barreirense. O que a formação tem tão de especial?
A formação é importante. A meu ver basicamente dá-te ferramentas para quando se chega ao patamar mais alto dos escalões de futebol poderes mostrar a tua qualidade e tudo aquilo que adquiriste durante a formação.

No Barreirense foi companheiro de equipa de Tomás Azevedo, hoje nos sub-23 do Benfica. Acredita que ele pode chegar brevemente à equipa principal?
Sim lembro-me bem de treinar e jogar com o Tomás. Já na altura notava-se que tinha muita qualidade e um futuro promissor, agora tudo depende dele, mas acho que, se esforçar-se e empenhar-se, pode chegar ao plantel sénior.

“Há casos que não são de racismo, mas que são identificados como racismo”

Leonardo Leiro nos tempos em que atuava na formação do Barreirense
Quais são as suas raízes em Angola?
Tenho família paterna angolana, mas nasci no Barreiro e cresci num bairro social na Moita, em Portugal. Tive uma infância boa, cresci numa família com educação, princípios e que nunca deixou faltar nada.

Sonha representar a seleção angolana ou isso é algo que não lhe passa pela cabeça?
Nunca tinha pensado em representar uma seleção sequer porque acho que tenho muitos degraus para subir.

Acompanha o futebol angolano? Que opinião tem e quais são os atletas angolanos que admira?
Não acompanho muito o futebol fora da Europa, não porque os outros campeonatos não tenham qualidade e mérito não devam ser igualmente respeitados, mas a meu ver é na Europa onde se encontra o melhor futebol do mundo e daí se calhar não ter tanta necessidade em ver outros campeonatos.

O que faz além do futebol?
Agora estou a acabar os estudos e gostava ainda de poder jogar uma Primeira Liga, seria um sonho tornado realidade.

Quais são os seus maiores sonhos no futebol e na vida?
Não sou uma pessoa que faz grandes planos em termos de futuro. Tenho os meus para curto e médio prazo, depois só o tempo o dirá.

Já́ alguma vez se sentiu vítima de racismo? O que é para si o racismo?
Não. Nunca me senti vítima de racismo. Esse tema é bastante difícil de ser esclarecido porque decerto que racismo é um indivíduo/grupo superiorizar-se a um outro baseando-se em preconceitos de raça. Racismo existe de facto, mas por vezes devia ser levado de uma forma diferente, às vezes é uma questão de como uma pessoa transmite uma mensagem e por outro lado de como outra interpreta e resolve manifesta-la. Acho que há casos que não são racismo, mas são identificados como racismo, mas ao mesmo tempo para os casos claros de racismo devia haver punição e de certa maneira uma justiça.


Entrevista realizada por Romilson Teixeira



















Sem comentários:

Enviar um comentário