Não é fácil descrever Rúben
Semedo enquanto defesa-central. Uns dirão que é um futebolista ágil,
rápido, com boa impulsão e capacidade para sair a jogar, vaticinando-lhe, pelo
menos até à transferência para o Villarreal no verão de 2017, a titularidade da
seleção nacional nos próximos anos. Outros lhe apontarão críticas, pela
frequência com que lhe pára o cérebro – algo também notório na vida dele para
lá das quatro linhas. E, em minha opinião, ambos estão corretos.
Por um lado, soma cortes
providenciais, exibe uma agilidade acima da média pela forma como estica as
pernas, como se de tentáculos se tratem, para interromper ataques adversários,
e mostra a sua força no jogo aéreo e na saída de bola.
Por outro, é impossível esquecer
as distrações que colocaram com os sportinguistas de coração aos saltos no ano
e meio que jogou regularmente de leão ao peito, tendo em conta que Rúben
Semedo, sendo central, é muitas vezes o penúltimo homem. Talvez por assim
ser, Jorge
Jesus chegou a adaptá-lo a médio durante a pré-época de 2015/16, para que
os erros dele não se revelem tão decisivos.
Tem todas as qualidades de um
central de equipa grande, um potencial enorme, mas falha pela incapacidade de
se manter concentrado durante 90 minutos, sobretudo em jogos em que o grau de
dificuldade é teoricamente menos elevado.
É uma autêntica faca de dois
gumes. Pode fazer a diferença pela positiva, valendo pontos à sua equipa pelo
talento natural que tem na arte de defender. Ou então, custar derrotas ou
empates pelas paragens cerebrais em zonas proibidas.
Depois de uma aventura pouco
conseguida no Villarreal, com uma estadia na prisão pelo meio, acabou por
desperdiçar a oportunidade de se reabilitar no empréstimo ao Huesca, modesta
equipa que esta temporada participa pela primeira vez na liga espanhola. Após
12 jogos pelos azulgranas na primeira
metade da época passada, voltou a ser cedido, ao Rio Ave, onde de certa forma
se reabilitou às ordens de Daniel Ramos, mostrando uma assertividade que
raramente se lhe tinha vislumbrado e confirmando que pertence a um patamar
superior.
Aos 25 anos, precisava de um novo
desafio, longe do ruído de uma Espanha que lhe traz más memórias e onde teria
dificuldades em fazer face à desconfiança, e que lhe permitisse mostrar e
desenvolver as qualidades de um central de equipa grande num contexto adequado.
Posto isto, o Olympiacos,
crónico candidato grego ao título, presença regular na Liga dos Campeões e que
tem um português como treinador (Pedro
Martins) e outros quatro no plantel (José Sá, Roderick, Podence e Gil Dias),
é um clube à medida do internacional
sub-21 português. A transferência para o Pireu foi confirmada esta
quarta-feira e, em teoria, é um passo assertado para ambas as partes.
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