Secretário e o italiano De Franceschi em disputa de bola |
Estaria a mentir se dissesse que
me lembro como se fosse ontem. Recordo-me do resultado, tinha quase a certeza da
marcha do marcador e a vaga de que foi um jogo quentinho, mas se me
perguntassem quem tinha apontado os golos, era capaz de arriscar o nome de Mário
Jardel para o FC Porto, mas quanto ao Sporting… talvez dissesse erradamente Acosta.
Ainda assim, lembro-me onde
assisti a esse clássico, o da final da Taça de Portugal de 1999/00, na tarde de
21 de maio. Viu-o num grande ecrã no Estádio Alfredo da Silva, depois do último
jogo oficial da antiga CUF e agora Fabril com o nome Grupo Desportivo Quimigal.
Festejava-se a promoção à III Divisão Nacional, oito anos após a última presença,
e a partida do Jamor fez parte das comemorações.
Por falar em festa, o Sporting
tinha assegurado o título nacional no fim de semana anterior, colocando um
ponto final a 18 anos de jejum. Ainda assim, foram os vice-campeões, os
portistas, os primeiros a marcar, logo aos quatro minutos, por Mário Jardel. O goleador
brasileiro manteve-se em jogo em relação ao marcador direto André Cruz, recebeu
um fantástico cruzamento de Rubens Júnior a partir do lado esquerdo e, de
cabeça, deu força à bola, que haveria ainda de embater no poste antes de entrar
na baliza de Peter Schmeichel.
Os leões chegariam ao empate no
decorrer da segunda parte, aos 57 minutos. Na sequência de um canto na direita
de André Cruz, Pedro Barbosa cabeceou na direção da baliza. Secretário,
encostado ao segundo poste, tentou aliviar a bola, mas acabou pontapeá-la
contra o guarda-redes Hilário, que involuntariamente a introduziu na própria
baliza.
O empate permaneceu até ao último
apito do prolongamento, atirando a decisão para a finalíssima, tal como nas
duas anteriores finais entre os dois clubes, em 1997/98 e 1993/94. A crónica do
Record,
João Marcelino escreve que o “resultado dos 120 minutos acaba por se adequar,
embora tivesse sido o Sporting a equipa que mais procurou vencer o encontro”.
“O jogo foi emocionante, sem ser
de grande qualidade. Em especial depois do intervalo, e no prolongamento, as
duas equipas jogaram um futebol aberto e ofensivo, proporcionando bastantes
lances de perigo junto a cada uma das balizas, nas quais os guarda-redes
estiveram bem, em especial Hilário, embora marcado pelo lance do qual resultou
o golo leonino”, descreveu o jornalista.
“As duas equipas mostraram de
novo as respetivas características. O Sporting tem um futebol de garra, muito
lutador e massacrante, que melhora à medida que o relógio avança e o desgaste
físico ataca o adversário; o FC Porto pratica um jogo de maior qualidade
ofensiva e possui mais talento no apoio ao ponta-de-lança (Jardel)”,
acrescentou.
Na finalíssima, disputada quatro
dias depois, a uma quinta-feira (25 de maio), as duas equipas apresentaram
alterações, algumas delas forçadas. O goleador sportinguista Acosta ficou de
fora, por ter ficado tapado por cartões, tal como o portista Paulinho Santos,
devido a lesão. Por outro lado, Fernando Santos já pôde contar com Vítor Baía,
Jorge Costa e Deco, este último fundamental no jogo da decisão.
Como se perspetivava em teoria, o
FC Porto surgiu reforçado na finalíssima e acabou por conquistar a Taça, a
décima do seu palmarés.
Num jogo em que Rui Barros se
despediu dos relvados e Toñito foi expulso, os dragões adiantaram-se no
marcador no início do segundo tempo - já depois de André Cruz ter saído lesionado
-, através de um cruzamento/remate de Clayton em que Schmeichel ficou muito mal
na fotografia (47 minutos). Quase meia hora depois, Deco sentenciou o resultado
em 2-0 na execução de um livre direto que deixou o guarda-redes dinamarquês
pregado ao relvado (74’).
E para o caro leitor, qual foi o primeiro clássico entre Sporting e FC Porto de que tem memória? E quais foram os melhores e mais marcantes clássicos de sempre?
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