Primeira substituição de Southgate passou pela saída de Sterling |
Para a história
vão ficar o bis de Harry Kane e os três pontos amealhados, mas quem viu o duelo de segunda-feira com a Tunísia facilmente reconhecerá que os dois golos de bola parada disfarçam
uma exibição menos conseguida de Inglaterra em jogo corrido, sobretudo na
segunda parte.
A falta
disponibilidade física e mental poderão ser argumentos válidos para justificar
um eventual desempenho negativo de uma seleção favorita num tipo de competição
como o Campeonato do Mundo, mas os ingleses correram o risco de perder dois
pontos muito por culpa do excesso de cautelas com que abordaram a partida.
O sistema de
três centrais voltou a estar na moda um pouco por todo o lado, mas a sua
utilização terá de estar sustentada por pressupostos como a estratégia para o
encontro em causa ou pelas características dos jogadores à disposição. Mas não
foi isso que aconteceu no conjunto selecionado por Gareth Southgate.
Ao nível
estratégico, não é crível que seja uma Tunísia quase inofensiva e com um
solitário ponta de lança a obrigar ao reforço do setor mais recuado.
Depois, olhando
para o meio-campo inglês, encontramos um médio mais posicional (Henderson),
pelo que o equilíbrio coletivo jamais estaria ameaçado. Afinal, Henderson, Dele
Alli e Lingard poderiam muito bem formar o triângulo de meio-campo de um 4x3x3.
E os laterais, Kieran
Trippier e Ashley Young, estão mais do que habituados a integrar uma defesa a
quatro. Não são daquelas locomotivas que
atacam mais do que defendem, apesar de o jogador do Manchester United ser
extremo de raiz.
Onze de Inglaterra frente à Tunísia |
Precisamente por
Young ser extremo de raiz, poderia passar pela polivalência dele uma
metamorfose tática que permitisse uma postura mais ofensiva, num sistema de
4x4x2 ou 4x3x3. Para tal, o defesa do seu lado teria de se desdobrar no papel
de lateral, mas quem lá estava era um central puro (Maguire), enquanto Trippier
tinha do seu lado Kyle Walker, que geralmente atua na faixa direita.
O excesso de
cautelas, porém, não se esgotou no onze inicial. Também se verificou nas
substituições. Quando teve de fazer entrar Rashford e Loftus-Cheek, Southgate
abdicou de Sterling e Dele Alli, não de centrais, laterais ou Henderson. E após
a obtenção do segundo golo, ainda trocou Lingard por Eric Dier, o que comparado
com as decisões anteriores até acaba por ser desculpável.
Face a uma
composição tão pouco ambiciosa, Inglaterra sentiu bastantes dificuldades em
penetrar na defesa tunisina quando esta se mostrou mais organizada e compacta,
na segunda parte. Felizmente para os three
lions, valeram dois golos de bola parada para disfarçar a pouca acutilância
em jogo corrido e assegurar uma magra vitória por 2-1.
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