quarta-feira, 20 de junho de 2018

Inglaterra. Bolas paradas disfarçaram excesso de cautelas

Primeira substituição de Southgate passou pela saída de Sterling

Para a história vão ficar o bis de Harry Kane e os três pontos amealhados, mas quem viu o duelo de segunda-feira com a Tunísia facilmente reconhecerá que os dois golos de bola parada disfarçam uma exibição menos conseguida de Inglaterra em jogo corrido, sobretudo na segunda parte.

A falta disponibilidade física e mental poderão ser argumentos válidos para justificar um eventual desempenho negativo de uma seleção favorita num tipo de competição como o Campeonato do Mundo, mas os ingleses correram o risco de perder dois pontos muito por culpa do excesso de cautelas com que abordaram a partida.


O sistema de três centrais voltou a estar na moda um pouco por todo o lado, mas a sua utilização terá de estar sustentada por pressupostos como a estratégia para o encontro em causa ou pelas características dos jogadores à disposição. Mas não foi isso que aconteceu no conjunto selecionado por Gareth Southgate.

Ao nível estratégico, não é crível que seja uma Tunísia quase inofensiva e com um solitário ponta de lança a obrigar ao reforço do setor mais recuado.

Depois, olhando para o meio-campo inglês, encontramos um médio mais posicional (Henderson), pelo que o equilíbrio coletivo jamais estaria ameaçado. Afinal, Henderson, Dele Alli e Lingard poderiam muito bem formar o triângulo de meio-campo de um 4x3x3.

E os laterais, Kieran Trippier e Ashley Young, estão mais do que habituados a integrar uma defesa a quatro. Não são daquelas locomotivas que atacam mais do que defendem, apesar de o jogador do Manchester United ser extremo de raiz.
Onze de Inglaterra frente à Tunísia

Precisamente por Young ser extremo de raiz, poderia passar pela polivalência dele uma metamorfose tática que permitisse uma postura mais ofensiva, num sistema de 4x4x2 ou 4x3x3. Para tal, o defesa do seu lado teria de se desdobrar no papel de lateral, mas quem lá estava era um central puro (Maguire), enquanto Trippier tinha do seu lado Kyle Walker, que geralmente atua na faixa direita.

O excesso de cautelas, porém, não se esgotou no onze inicial. Também se verificou nas substituições. Quando teve de fazer entrar Rashford e Loftus-Cheek, Southgate abdicou de Sterling e Dele Alli, não de centrais, laterais ou Henderson. E após a obtenção do segundo golo, ainda trocou Lingard por Eric Dier, o que comparado com as decisões anteriores até acaba por ser desculpável.

Face a uma composição tão pouco ambiciosa, Inglaterra sentiu bastantes dificuldades em penetrar na defesa tunisina quando esta se mostrou mais organizada e compacta, na segunda parte. Felizmente para os three lions, valeram dois golos de bola parada para disfarçar a pouca acutilância em jogo corrido e assegurar uma magra vitória por 2-1.








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