terça-feira, 22 de maio de 2018

A gestão pouco alemã do caso Renato Sanches

Renato Sanches alinhou em 15 jogos pelo Swansea

Quando o Bayern Munique contratou Renato Sanches ainda antes do Euro 2016 por 35 milhões de euros, apanhou toda a gente de surpresa. Não era de um clube com uma filosofia pouco esbanjadora que se esperava o pagamento de uma verba tão elevada por um jovem jogador que deu provas de qualidade em Portugal e na Europa durante cerca de meio ano.

Não é comum. Os clubes alemães, mesmo o colosso da Baviera, não são de entrar em loucuras. Apostam na prata da casa e são assertivos nos investimentos mais avultados, privilegiando futebolistas já com alguma tarimba e com o intuito de entrar de caras no onze inicial.


A contratação de Renato Sanches foi uma exceção à regra, até porque quem tem Xabi Alonso, Thiago Alcântara, Arturo Vidal, Javi Martínez e eventualmente David Alaba ou Thomas Muller para a mesma posição e costuma vencer confortavelmente o campeonato, não tinha qualquer necessidade de o fazer.

A primeira época do jovem médio português, já se esperava, seria em grande parte passada no banco de suplentes. Não por falta de qualidade, mas pela ferocidade da concorrência. E o desfecho da segunda temporada do ex-benfiquista começou a ser desenhado com o investimento na contratação de Corentin Tolisso e Sebastian Rudy, dois centrocampistas. O empréstimo era inevitável, e foi o que acabou por se verificar, mas nuns moldes que em nada combinam no rigor, calculismo e precisão a que associamos o modus operandi alemão.

Primeiro, porque Renato ainda foi utilizado 36 minutos pelo Bayern na Supertaça da Alemanha, o que desde logo lhe limitou o que restava de 2017/18: ficou a poder jogar apenas por mais um clube.

Depois, pelo emblema escolhido, o Swansea. A Premier League seria, de facto, um contexto bastante interessante para o desenvolvimento do jogador, independentemente se a equipa em causa lutava pela permanência – na liga inglesa, qualquer formação com grandes craques pode descer. Como em todos os casos, o atleta estava sujeito à possibilidade de inadaptação ao futebol britânico, o que até veio a acontecer, mas sobretudo à falta de adaptação ao local. Afinal, o clube está sediado no País de Gales, onde há um dialeto que pouco ou nada tem a ver com o idioma inglês. Ou seja, demasiadas mudanças radicais em tão curto espaço de tempo para um pós-adolescente.

O ideal, se o Bayern fizesse questão de ver Renato reaparecer no plantel em 2018/19 mais preparado do que nunca para ser uma peça importante, teria sido o desenvolvimento do jogador num contexto que se aproximasse mais do da casa-mãe. Era preciso ter em conta que a Alemanha não é certamente um país de adaptação fácil para um jovem luso-africano de 19 ou 20 anos. O idioma, o clima, a cultura, a mentalidade e até o futebol são bastante diferentes do que encontrava em Portugal. Retê-lo na Bundesliga, fazendo-o rodar num clube de dimensão média-alta, teria sido a forma mais adequada de acelerar – ou pelo menos não retardar… - a adaptação global à nova realidade e de acompanhá-lo de perto.

Bons clubes para o receber não faltavam, mas tal não sucedeu. Agora, após dois anos praticamente deitados fora, começa a fazer sentido o regresso à estaca zero, que é como quem diz: o regresso ao Benfica.










1 comentário:

  1. Estamos esperando comentários sobre o "sucesso" de João Mário na Itália, (dito sem animosisade alguma contra este atleta que eu veria bem nos quadros do Benfica...). Dois anos depois, as "pernas" de Renato Sanches continuam a servir de tema, e até culpas são atribuídas a esses "grandes amadores" em contratações, que fazem parte do Bayern de Munique. Sem tardar...aguarda-se a "violência" do Rubén Dias ?!?!?!

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