sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

José Peseiro: Estatisticamente sobrevalorizado

uefa.com
Começou a sua carreira por fazer bons trabalhos em divisões inferiores, levou o Nacional à I Liga, foi adjunto de Carlos Queiroz e esteve por vários clubes com alguma importância nos seus países na Europa. Mas que ilações há a tirar?
                             

Ignorando a boa campanha de José Peseiro nos escalões inferiores na década de 90, comecemos a análise ao percurso pelo Nacional, clube que trouxe de volta à I Divisão. Em 2002/03, já no principal campeonato português, deixou a formação insular em 11º lugar. Para um emblema que recém-promovido, geralmente a permanência é o objetivo, e isso foi de facto conseguido, no entanto, na época seguinte, o clube madeirense, orientado pelo brasileiro Casemiro Mior, ficou em 4º lugar, que ainda hoje é a melhor classificação de sempre dos ilhéus (ainda que o feito tenha sido repetido por Manuel Machado em 2008/09).

Em 2003/04, foi convidado por Carlos Queiroz para ser seu adjunto no Real Madrid. Infelizmente para si, os “merengues” terminaram em 4º lugar na Liga Espanhola, a pior classificação da última década (a dupla portuguesa sucedeu a um Vicente del Bosque campeão), tendo sofrido 54 golos no campeonato (!), mesmo com um plantel recheado de estrelas como Figo, Zidane, Beckham, Ronaldo, Raúl e Roberto Carlos.

No seguinte, deu-se o regresso a Portugal, para treinar o Sporting. Quem se lembra da sua aventura dos leões certamente relembrará o bom futebol, e a forma como esteve quase a ganhar a Superliga e a Taça UEFA.
No entanto, para a história fica a estatística, e essa indica que o clube de Alvalade chegou ao fim das 34 jornadas em 3º lugar, com 61 pontos (menos doze que o antecessor Fernando Santos), nove derrotas e onze jogos sem conseguir marcar golos, embora tenha sido o melhor ataque (66 golos), prova da real intermitência nessa temporada.
Intermitência é mesmo a palavra-chave para 2004/05, até porque aos 80 e poucos minutos da penúltima jornada era o líder do campeonato, esteve em vantagem na final da Taça UEFA, e mesmo na Taça de Portugal, esteve por duas vezes a ganhar no jogo em que terminou eliminado (na Luz, diante do Benfica).
A campanha europeia nessa época será mesmo o highlight da sua carreira até aos dias de hoje.
Apesar da contestação, continuou no emblema leonino no início de 2005/06, mas o falhado apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões e a eliminação precoce na pré-eliminatória da Taça UEFA valeram-lhe a demissão ainda nos primeiros meses.

Seguiu-se uma passagem discreta pelo Al Hilal da Arábia Saudita, uma aventura na Grécia, ao serviço do Panathinaikos, onde terminou em 3º lugar na fase regular mas ainda assim conseguiu posteriormente o apuramento para uma ronda preliminar da Liga dos Campeões num “Play-Off”. Não esteve abaixo do que esse clube costuma fazer, mas também não conseguiu romper com o domínio do Olympiacos em terreno helénico.

Em 2008/09 esteve na Roménia, no Rapid Bucareste (dividiu a época com Viorel Hizo), um dos principais emblemas do país, que no ano transacto tinha ficado em 3º lugar, mas os resultados voltaram a não corresponder e o clube da capital romena terminou a prova na 8ª posição (o seu sucessor, Ioan Andone, ficou em 7º, melhorando ligeiramente o registo).

O regresso ao Médio-Oriente foi o que se seguiu, para ser selecionador de uma Arábia Saudita habituada a ir a Campeonatos do Mundo, só que depois de quatro presenças consecutivas (1994, 1998, 2002 e 2006), o técnico ribatejano voltou a falhar nos seus objetivos.
Em 2011, na Taça Asiática, também não foi feliz, tendo perdido todas as partidas que disputou.

No início da presente temporada, novo retorno a Portugal, para treinar um Sp. Braga que tinha alcançado nas últimas épocas feitos como 2º e 3º lugar (melhores classificações de sempre do clube), final da Liga Europa e ainda presença na Liga dos Campeões.
O começo até prometeu, com o apuramento para a fase de grupos da Champions, um empate na estreia do campeonato no Estádio da Luz e uma equipa a transpirar ambição, mas atualmente não aproveitou o péssimo momento do Sporting e está em 4º lugar, atrás do Paços de Ferreira, já sabe que não será desta que vencerá a Taça de Portugal, a presença na Europa faz parte do passado e se a toada se manter, só a Taça da Liga poderá salvar a época.

Este é o percurso de José Peseiro, um treinador que em termos estatísticos, tarda em ir ao encontro das expetativas. 

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