No passado sábado, 3 de Novembro, desloquei-me à Moita para assistir um espetáculo da MLW (Maximo Luftman Wrestling) em tal localidade, o primeiro que assisti da promotora em questão.
O evento realizou-se numa tenda
de circo, tal como os últimos da WSW, com quem tinham uma parceria, entretanto
rompida.
Cerca de 90 pessoas estiveram
presentes, num recinto com várias cadeiras a rodearem ¾ do ringue, e uma
bancada em zona frontal à entrada dos lutadores. Dos eventos a que me lembro
ter assistido da WSW no ano transacto, havia bancadas em mais dois dos lados do
“squared circle”, no entanto, esta nova disposição servia convenientemente as
necessidades do público.
O próprio Maximo Luftman encarnou
o papel de mestre-de-cerimónias, dando as boas vindas e apresentando o árbitro
do “show”, David Freitas, conhecido em outras paradas como Draven.
Sem ter sido explicada a
finalidade, foi então apresentada uma Battle Royal entre oito lutadores.
1) Pegasus
venceu James Bruiser, Gino Glamour, Tommy J. Ballard, Darrick Potter, Leo
Cristiani, Mambo Jambo e Darthus numa Battle-Royal
- Os três primeiros lutadores a
entrarem foram Pegasus, James Bruiser e Gino Glamour, que se apresentaram como
a PWO (Pegasus World Order);
- Pegasus manteve o estilo que o
tem caracterizado quer no Wrestling Portugal quer na WSW, um “heel” que
consegue fazer “promos” muito boas e criar boas reações no público, e na Moita
não foi exceção;
- James Bruiser (aka Pappa G) é um
britânico brigão, que não falava em português;
- Gino Glamour (aka Ultra Psycho)
é uma personagem luso-francesa cheia de estilo e algo “abichanada”, no entanto,
tem de ser muito melhor trabalhada, pois a ideia é boa, mas nem há nem uma
palavra em francês, não há uma única “taunt” referente à “gimmick”, nada;
- Tommy J. Ballard (aka Seth),
basicamente, é um “cowboy”, vestido a rigor e que até faz a entrada com a sua
espingarda, um “brawler” em ringue, mas precisa de aperfeiçoar a personagem, de
a encarnar por completo, não apenas na entrada;
- Darrick Potter (aka Zé da Moita)
não mostrou características muito próprias, desde o primeiro minuto que percebi
que seria o “jobber” de serviço;
- Leo Cristiani, pelo que percebi
após alguma pesquisa, apresenta-se como o primeiro lutador espanhol a lutar nos
EUA e foi treinado por Dory Funk Jr. Foi proclamado como a grande vedeta do espetáculo,
pareceu ser entretido, tem um visual a fazer lembrar Christian e Chris Jericho por
volta da viragem do milénio.
- Mambo Jambo (aka Pexe) é um selvagem,
um psicopata, vindo de Cabo Verde. Uma “gimmick” interessante, adaptada à realidade
portuguesa, que certamente terá ido beber aos lutadores samoanos que têm passado
pela WWE e também a Abyss.
- Darthus (aka José Afonso Pereira)
tem a personagem mais sinistra da promotora, com bastantes semelhanças com Undertaker,
sobretudo no que diz respeito à entrada, à forma como aparece e desaparece, embora
este tenha pinturas faciais e não seja propriamente enorme, mesmo proporcionalmente
aos outros wrestlers.
- A Battle-Royal durou cinco minutos,
como é norma, não é propriamente um combate interessante, mas por alguma razão,
continua a ser usada (e abusada) pelas promoções nacionais.
No final, restavam a PWO e Leo Cristiani.
O espanhol ainda arrumou com Gino Glamour e James Bruiser, mas acabou por ser eliminado
por Pegasus, que venceu a contenda, após um golpe baixo e ter atirado o seu último
adversário pela corda superior.
No final, a PWO festejou.
2) Tommy
J. Ballard venceu Darrick Potter
- Provavelmente o combate menos conseguido
do “show”, que não entusiasmou ninguém, os lutadores também não fizeram por isso,
e que terminou de forma esquisita, com um “cocky pin”, em cerca de sete minutos;
- Alguma “verdura” foi exposta, ao
ponto que até chegaram a fazer um “Headlock” virados para o lado em que não havia
fãs;
- No final, num segmento também ele
esquisito, Gino Glamour e James Bruiser vêm atacar Darrick Potter, juntando-se a
eles o próprio Tommy J. Ballard e a sua espingarda. Finalmente, Darthus apareceu
do nada e veio fazer o “save”.
Leo Cristiani veio ao ringue e desafiou
Pegasus para um combate sem limites. O “Carisma Instantâneo” aceitou, mas ao contrário
do que Leo e os fãs queriam, o embate só se daria no “main-event”.
3) Seth venceu
Mambo Jambo
- Depois do segmento
anterior, algo quente, estes dois conseguiram puxar pelos fãs e conseguir um espetáculo
agradável, em que o “lutador mais querido dos meninos” levou a melhor sobre o cabo-verdiano,
em cerca de dez minutos, com um “Swanton Bomb”.
Intervalo.
Após o interregno, houve tempo para
uma boa atuação dos Masters Of Hip-Hop Academy, um grupo de dança da Quinta do Conde,
que deliciou os presentes.
4) Dianna
Dark venceu Aphrodite
- Quem conhece Dianna Dark já sabe
que a interação com o público é uma garantia, mesmo que isso seja excessivo;
- Aphrodite foi apresentada com uma
diva vinda do País de Gales, que pareceu ainda estar algo verde, nomeadamente na
execução dos golpes, pela expressividade que tem de dar a momentos como o “comeback”
e pelas expressões faciais, que pareciam ser sempre as mesmas;
- Dianna Dark venceu em cerca de doze
minutos, através de um “Roll Up” em que puxou os calções da adversária;
5) Darthus
e Seth venceram Gino Glamour e James Bruiser
- Entrada de Gino Glamour e James
Bruiser separada, embora sejam uma “stable”;
- Entrada de Darthus com direito a
druidas, e a um caixão do qual saiu, sempre numa postura muito vertical, em direção
ao ringue;
- Combate entretido, que teve direito
a pancadaria junto das bancadas, com algumas trocas bem acesas entre James Bruiser
e Darthus, os “Big Men” do embate. O final poderia ter sido bem melhor trabalhado,
pois não houve muito “hype” para a espécie de “Rock Bottom” com que Darthus deitou
Gino Glamour por terra, em cerca de treze minutos.
6) Leo Cristiani
venceu Pegasus (combate sem limites)
- Melhor combate da noite, que já
começou após a 0:00;
- A entrada de Leo Cristiani fez-se
através de um carro, em que este estava na caixa aberta com a bandeira dos EUA,
fazendo jus ao estatuto de vedeta do “show” que lhe foi atribuído;
- Antes da contenda Pegasus fez mais
uma “promo”, até admira como se esqueceu de que a Moita é só uma das localidades
de Portugal mais aficionadas por touradas, enfim, talvez tenha guardado alguns trunfos
para o segundo dia;
- Sendo um combate sem limites, que
é como quem diz, sem desqualificações, os lutadores andaram um pouco por toda a
arena, aqueceram o público, completamente do lado de Leo Cristiani, e o resultado
foi muito entretido. No final, o espanhol subiu de uma forma muito emocional à corda
superior e aplicou um “Frog Splash” para vencer, depois de quinze minutos de luta,
fazendo os fãs irem felizes para casa;
Aspetos positivos:
- Diversidade das personagens, em
relação uns aos outros, e em relação ao que se tem vê nas outras promotoras nacionais,
é sem dúvida um bom apontamento, que permite a que, se forem bem trabalhadas, poderão
todas criar empatia e ficar na memória dos fãs;
- Conseguir ter cerca de 90 pessoas
num espetáculo que praticamente só foi divulgado a nível local, sem recurso a Internet,
e num dia de chuva em que até o Benfica jogou, em Portugal, a meu ver, é obra;
- Evento sólido a partir da “promo”
em que Leo Cristiani desafiou Pegasus para um combate sem limites. Deu para ter
variedade em termos de produto apresentado, houve a Battle-Royal, combates individuais,
tag team, divas e No DQ;
- Forma como alguns protagonistas
conseguiram agarrar os tímidos fãs e fazer com entrassem e colaborassem no espetáculo.
Aspetos negativos:
- Battle-Royal só porque sim;
- Tommy J. Ballard vs. Darrick Potter
não aqueceu nem arrefeceu o público, interferência da PWO pareceu ter pouco sentido,
e posteriormente foi metido na história, de forma completamente desenquadrada, Seth;
- Várias personagens precisam de se
aperfeiçoar, e aqui menciono sobretudo Gino Glamour, que precisa de vestir mais
a camisola, talvez com mais “taunts”, um palavreado afrancesado e uma ligeira alteração
no seu estilo de ringue;
- Demasiado diálogo em inglês para
um público-alvo muito jovem.
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