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Portimonense e Estrela defrontaram-se na 34.ª jornada da II Liga em 2003 |
Uma memória que me faz recuar à
infância, a um tempo em que um único canal da Sport TV se tinha que
desdobrar entre as principais ligas europeias de futebol e várias modalidades e
no qual a rádio tinha um papel bem mais importante do que tem hoje na cobertura
das tardes desportivas.
Lembro-me de acompanhar através
rádio a última jornada da
II
Liga de 2002-03, para a qual
Rio
Ave e
Alverca
entraram já promovidos, mas com o título de campeão por atribuir. Por outro
lado, faltava apurar a terceira equipa a subir ao
primeiro
escalão: Naval (54 pontos),
Estrela
da Amadora (54) ou
Portimonense
(51).
O conjunto da Figueira da Foz,
que nessa temporada havia eliminado o
Sporting
à
Taça
de Portugal e chegado às meias-finais da prova rainha, tinha vantagem no
confronto direto sobre os
amadorenses,
que assim entraram na derradeira ronda na quarta posição.
E quais eram os jogos decisivos dessa
última jornada?
Rio
Ave – Naval e
Portimonense
–
Estrela
da Amadora. Dois encontros de aposta tripla.
Em Portimão, os
alvinegros
então orientados por Amílcar Fonseca iam fazendo a sua parte: Alex Afonso abriu
o ativo aos 17 minutos e Hélder Clara ampliou a vantagem aos 32’.
A menos de um quarto de hora do
tempo de compensação, o resultado no Algarve continuava a ser 2-0.
Paralelamente,
Rio
Ave e Naval iam empatando a zero em Vila do Conde. Por esta altura, a luta
parecia ser entre
Portimonense
e Naval, com os
algarvios
a necessitar que os
rioavistas
se colocassem na frente do marcador.
Porém, o nulo em Vila do Conde
nunca se desfez. Subiu a Naval? Nada disso. Nos últimos dez minutos de jogo o
Estrela
de João Alves deu a volta ao resultado, com bis de Doriva (80’ e 89’) e um golo
de Semedo pelo meio (85’), passando nesse curto espaço de tempo do quinto para
o terceiro lugar, o que lhe valeu a promoção à
I
Liga. Um golpe de teatro!
“O
Estrela
da Amadora está de regresso ao convívio dos grandes do futebol português, depois
de ter triunfado, por 3-2, em Portimão, diante de um
Portimonense
que chegou a acalentar esperanças de se encontrar agora no lugar do clube da
Reboleira. Para que os
amadorenses
concretizassem a subida à
I
Liga contribuiu ainda o empate da Naval no campo do
Rio
Ave, um resultado que deixou o emblema da Figueira da Foz para trás nesta
corrida. Num jogo com fim digno do melhor filme de Hitchcock, o
Estrela
da Amadora conseguiu dar a volta a uma desvantagem de dois golos, que já se
verificava ao intervalo, e ganhar com um golo apontado, já em período de compensações,
através de uma grande penalidade, a castigar falta de Márcio Theodoro sobre
Flamarion. Doriva, que tinha dado início à reviravolta, não tremeu perante a
responsabilidade, enganou o guarda-redes Botelho e deu início à festa dos
adeptos estrelistas”, escreveu o jornal
O Jogo.
No entanto, ressalvou o periódico,
“tudo poderia ter sido bem diferente”. “Os algarvios entraram bem melhor no
jogo e dominaram por completo os acontecimentos na primeira parte. Aliás,
quando Alex Afonso abriu o marcador já o
Portimonense
justificara plenamente a vantagem, e o segundo golo, da autoria de Hélder
Clara, não era suficiente para traduzir ao intervalo o domínio da equipa de
Amílcar Fonseca. Contudo, talvez com a cabeça em Vila do Conde, onde a Naval
teimava em não perder, os jogadores algarvios foram perdendo algum
discernimento com o passar do tempo e disso tirou proveito o
Estrela
para mudar o rumo ao jogo. A 11 minutos do fim, Doriva reduziu a diferença num
remate de surpresa, à entrada da área. Pouco depois, Semedo, que deu outra
movimentação à sua equipa, empatou de cabeça e o
Estrela
começou a acreditar no milagre que acabou mesmo por se concretizar”,
prosseguiu.
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