sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A minha primeira memória de… um jogo entre Estrela da Amadora e Portimonense

Portimonense e Estrela defrontaram-se na 34.ª jornada da II Liga em 2003
Uma memória que me faz recuar à infância, a um tempo em que um único canal da Sport TV se tinha que desdobrar entre as principais ligas europeias de futebol e várias modalidades e no qual a rádio tinha um papel bem mais importante do que tem hoje na cobertura das tardes desportivas.
 
Lembro-me de acompanhar através rádio a última jornada da II Liga de 2002-03, para a qual Rio Ave e Alverca entraram já promovidos, mas com o título de campeão por atribuir. Por outro lado, faltava apurar a terceira equipa a subir ao primeiro escalão: Naval (54 pontos), Estrela da Amadora (54) ou Portimonense (51).
 
O conjunto da Figueira da Foz, que nessa temporada havia eliminado o Sporting à Taça de Portugal e chegado às meias-finais da prova rainha, tinha vantagem no confronto direto sobre os amadorenses, que assim entraram na derradeira ronda na quarta posição.
 
E quais eram os jogos decisivos dessa última jornada? Rio Ave – Naval e PortimonenseEstrela da Amadora. Dois encontros de aposta tripla.
 
Em Portimão, os alvinegros então orientados por Amílcar Fonseca iam fazendo a sua parte: Alex Afonso abriu o ativo aos 17 minutos e Hélder Clara ampliou a vantagem aos 32’.
 
A menos de um quarto de hora do tempo de compensação, o resultado no Algarve continuava a ser 2-0. Paralelamente, Rio Ave e Naval iam empatando a zero em Vila do Conde. Por esta altura, a luta parecia ser entre Portimonense e Naval, com os algarvios a necessitar que os rioavistas se colocassem na frente do marcador.
 
Porém, o nulo em Vila do Conde nunca se desfez. Subiu a Naval? Nada disso. Nos últimos dez minutos de jogo o Estrela de João Alves deu a volta ao resultado, com bis de Doriva (80’ e 89’) e um golo de Semedo pelo meio (85’), passando nesse curto espaço de tempo do quinto para o terceiro lugar, o que lhe valeu a promoção à I Liga. Um golpe de teatro!
 
“O Estrela da Amadora está de regresso ao convívio dos grandes do futebol português, depois de ter triunfado, por 3-2, em Portimão, diante de um Portimonense que chegou a acalentar esperanças de se encontrar agora no lugar do clube da Reboleira. Para que os amadorenses concretizassem a subida à I Liga contribuiu ainda o empate da Naval no campo do Rio Ave, um resultado que deixou o emblema da Figueira da Foz para trás nesta corrida. Num jogo com fim digno do melhor filme de Hitchcock, o Estrela da Amadora conseguiu dar a volta a uma desvantagem de dois golos, que já se verificava ao intervalo, e ganhar com um golo apontado, já em período de compensações, através de uma grande penalidade, a castigar falta de Márcio Theodoro sobre Flamarion. Doriva, que tinha dado início à reviravolta, não tremeu perante a responsabilidade, enganou o guarda-redes Botelho e deu início à festa dos adeptos estrelistas”, escreveu o jornal O Jogo.
 
No entanto, ressalvou o periódico, “tudo poderia ter sido bem diferente”. “Os algarvios entraram bem melhor no jogo e dominaram por completo os acontecimentos na primeira parte. Aliás, quando Alex Afonso abriu o marcador já o Portimonense justificara plenamente a vantagem, e o segundo golo, da autoria de Hélder Clara, não era suficiente para traduzir ao intervalo o domínio da equipa de Amílcar Fonseca. Contudo, talvez com a cabeça em Vila do Conde, onde a Naval teimava em não perder, os jogadores algarvios foram perdendo algum discernimento com o passar do tempo e disso tirou proveito o Estrela para mudar o rumo ao jogo. A 11 minutos do fim, Doriva reduziu a diferença num remate de surpresa, à entrada da área. Pouco depois, Semedo, que deu outra movimentação à sua equipa, empatou de cabeça e o Estrela começou a acreditar no milagre que acabou mesmo por se concretizar”, prosseguiu.
 



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