Ricardo Carvalho tenta desarmar Konstantinou |
As
minhas primeiras memórias de jogos entre o Panathinaikos e equipas portuguesas remontam
a 2001-02, quando o emblema de Atenas dava cartas na Europa e justifica os
pergaminhos de gigante do futebol helénico e de único clube grego a atingir não
só as meias-finais como a final da Taça/Liga dos Campeões.
“Não
se tem dúvidas de que este resultado, obtido num terreno onde outras equipas,
na primeira fase, baquearam, pode entender-se como positivo se, obviamente,
restringirmos essa análise ao empate e consequente ponto ganho e aos milhares
de escudos que vão entrar nos cofres das Antas. Será, talvez, um ponto para o
futuro, para as tais contas meticulosamente feitas, sempre com uma ponta de
futurologia à mistura. Mas só nesta particularidade é que poderá haver motivo
para um esfregar de mãos, porque em termos de futebol jogado Octávio Machado mostrou,
pela estratégia que a sua equipa desenvolveu, não querer arriscar um milímetro
que fosse na procura ou na criação de lances que pudessem colocar em perigo o
guarda-redes Nikopolidis. Bem tinha razão quem na conferência de imprensa de
terça-feira realçou os extremos cuidados que o adversário lhe impunha. Disse e
fê-lo”, escreveu o Record.
Quase
quatro meses depois, a 12 de março de 2002, as duas equipas defrontaram-se nas
Antas, numa altura em que José Mourinho já era treinador do FC Porto e Paulo
Sousa já se tinha mudado para o Espanyol. Confesso que não me recordava deste
jogo, talvez até porque os dragões praticamente já estavam impedidos de seguir
em frente num grupo que também era integrado por Real Madrid e Sparta Praga.
O
FC Porto, que venceu por 2-1, começou a construir a vitória aos 11 minutos,
através de um lance ofensivo ao primeiro toque, com cruzamento largo de Clayton
a partir da esquerda, passe atrasado de Capucho e remate de Deco no coração da
área. Já no segundo tempo, Capucho apareceu desmarcado sobre a direita nas
costas da defesa e serviu Pena que, à boca da baliza, só teve de encostar
(54’). Ainda assim, os gregos ainda reduziram por intermédio de Kolkka, através
de um bom remate ainda de fora da área (65’).
“O FC Porto conseguiu a sua primeira vitória na segunda fase da Liga dos Campeões, mas o resultado (2-1) não engana: foi preciso sofrer muito, sobretudo nos últimos 25 minutos e particularmente no último quarto de hora, após a expulsão de Secretário, quando o Panathinaikos cresceu. Uma razoável primeira parte do FC Porto deu-lhe uma vantagem de um golo ao intervalo e logo a seguir o 2-0 que parecia encaminhar a equipa para uma noite tranquila. Alternando momentos em que as coisas saíram bem com outras em que mostrou falta de um homem a meio-campo que dirigisse o jogo com cabeça, a equipa de Mourinho foi capaz de ser melhor, de ter mais bola, mas não de ter muitas oportunidades de golo ao longo do jogo. Essa foi uma das virtudes – aproveitar as oportunidades. A outra grande virtude foi ter capacidade de sofrimento. A terapia de choque de Mourinho resultou. Falta saber se terá, também, efeitos duradouros”, explicou o Record.
Porém,
os aparentemente invencíveis portistas acabaram por perder em casa por 0-1, com
o único golo a ser apontado pelo exótico polaco Olisadebe, de cabeça após
cruzamento de Kolkka a partir da esquerda, já nos derradeiros 20 minutos.
“O FC Porto ficou longe das meias-finais da Taça UEFA ao perder nas Antas (0-1) com o Panathinaikos. Foi a primeira vez que a equipa não marcou num jogo a sério em toda a época e na primeira parte podia bem tê-lo feito. O segundo tempo foi pior e já se sabe que os gregos, e particularmente o Panathinaikos, são uma espécie de besta negra das Antas. Mais uma vez tiveram a sorte pelo seu lado, mas não foi só isso. Nunca é”, sintetizou o Record.
Ainda
assim, Mourinho deixou um aviso ao treinador do Panathinaikos, o uruguaio
Sergio Markarían: “Não faças a festa porque ainda não acabou.” Lembro-me que,
na altura, não estava habituado a ver equipas conseguirem melhores resultados
europeus fora do que em casa, mas se havia equipa capaz de o fazer, mesmo no
sempre frenético ambiente dos estádios gregos, era aquele FC Porto de José
Mourinho.
À
passagem do quarto de hora, Derlei colocou os azuis e brancos em vantagem no
Apostolos Nikolaidis através de um remate forte e colocado à meia-volta na
sequência de uma jogada de contra-ataque. E já no final da primeira parte do
prolongamento, o mesmo Derlei conduziu mais um contra-ataque portista e bateu
Nikopolidis (103’), marcando o golo que colocou o FC Porto nas meias-finais.
“FC Porto conseguiu a grande proeza de eliminar o Panathinaikos em Atenas, ganhando por 2-0 e chegando pela primeira vez na sua história à meia-final da Taça UEFA. Num belo jogo, em que ainda teve que sofrer muito, dois golos de Derlei, um na primeira parte e outro também na primeira metade, mas do prolongamento, permitiram ao FC Porto uma vitória de grande significado a todos os títulos. Nunca tinha ganho na Grécia, nunca sequer tinha estado a ganhar alguma vez, mas foi capaz de enfrentar um ambiente difícil com as suas armas e acreditar numa vitória. Teve alguma sorte em certos momentos – aquela que não tinha tido há oito dias – e foi capaz de ser uma equipa, que é hoje por hoje o seu grande trunfo. Derlei foi o herói, o deus do Olimpo que, com dois golos, matou a mitologia grega mais todos os deuses que andavam a proteger as equipas de Atenas nos confrontos com os portistas”, podia ler-se no Record.
“O FC Porto conseguiu a sua primeira vitória na segunda fase da Liga dos Campeões, mas o resultado (2-1) não engana: foi preciso sofrer muito, sobretudo nos últimos 25 minutos e particularmente no último quarto de hora, após a expulsão de Secretário, quando o Panathinaikos cresceu. Uma razoável primeira parte do FC Porto deu-lhe uma vantagem de um golo ao intervalo e logo a seguir o 2-0 que parecia encaminhar a equipa para uma noite tranquila. Alternando momentos em que as coisas saíram bem com outras em que mostrou falta de um homem a meio-campo que dirigisse o jogo com cabeça, a equipa de Mourinho foi capaz de ser melhor, de ter mais bola, mas não de ter muitas oportunidades de golo ao longo do jogo. Essa foi uma das virtudes – aproveitar as oportunidades. A outra grande virtude foi ter capacidade de sofrimento. A terapia de choque de Mourinho resultou. Falta saber se terá, também, efeitos duradouros”, explicou o Record.
Novo duplo confronto na época seguinte
Quis o destino que os dois clubes se voltassem a encontrar na época seguinte, nos quartos de final da Taça UEFA. Os dragões estavam a fazer uma grande campanha tanto a nível interno como na Europa e mostravam-se capazes de derrotar qualquer equipa. Recordo-me perfeitamente de acompanhar o encontro da primeira-mão, nas Antas, através da rádio.“O FC Porto ficou longe das meias-finais da Taça UEFA ao perder nas Antas (0-1) com o Panathinaikos. Foi a primeira vez que a equipa não marcou num jogo a sério em toda a época e na primeira parte podia bem tê-lo feito. O segundo tempo foi pior e já se sabe que os gregos, e particularmente o Panathinaikos, são uma espécie de besta negra das Antas. Mais uma vez tiveram a sorte pelo seu lado, mas não foi só isso. Nunca é”, sintetizou o Record.
“FC Porto conseguiu a grande proeza de eliminar o Panathinaikos em Atenas, ganhando por 2-0 e chegando pela primeira vez na sua história à meia-final da Taça UEFA. Num belo jogo, em que ainda teve que sofrer muito, dois golos de Derlei, um na primeira parte e outro também na primeira metade, mas do prolongamento, permitiram ao FC Porto uma vitória de grande significado a todos os títulos. Nunca tinha ganho na Grécia, nunca sequer tinha estado a ganhar alguma vez, mas foi capaz de enfrentar um ambiente difícil com as suas armas e acreditar numa vitória. Teve alguma sorte em certos momentos – aquela que não tinha tido há oito dias – e foi capaz de ser uma equipa, que é hoje por hoje o seu grande trunfo. Derlei foi o herói, o deus do Olimpo que, com dois golos, matou a mitologia grega mais todos os deuses que andavam a proteger as equipas de Atenas nos confrontos com os portistas”, podia ler-se no Record.
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