Reigns e Lesnar lutaram no main-event do Crown Jewel |
Sou o fã número um de Daniel
Bryan, vibrei com o longo reinaido de CM Punk, deliciei-me com inúmeros
combates de Shawn
Michaels em WrestleManias,
sou apreciador das qualidades de Rey Mysterio, gostava que Jeff
Hardy tivesse tido melhor carreira e, por muito bom storytelling que certos grandalhões possam proporcionar, admito
especial fascínio pelos que são capazes de contribuir para o espetáculo também
com golpes espetaculares.
No entanto, aquilo que cativa verdadeiramente
um fã para este desporto de entretenimento é a sua componente larger than life. Obviamente que certas manobras
vistas em ringue parecem sobre-humanas, mas o larger than life prende-se especialmente com as personagens exóticas,
os visuais extravagantes e os corpos que fazem dos lutadores uns autênticos
monstros, um pouco como aquelas personagens de banda desenhada da Marvel.
Por muito que seja fã de um Daniel
Bryan, não sei se teria apaixonado pelo pro
wrestling caso o que me entrasse pela televisão a dentro fossem uns tipos mais
ou menos com a minha altura, corpos possíveis de igualar após meia dúzia de
meses no ginásio e um visuais idênticos aos de homens com os quais me cruzo diariamente
na rua. E provavelmente até daria pouca credibilidade ao produto caso esses
lutadores fossem os principais campeões de uma promotora, por muito ingénuo que
eu fosse. Hoje, bem mais conhecedor de como este desporto de entretenimento
funciona, a conversa é outra.
Vince McMahon, como se sabe,
nunca morreu de amores por lutadores pequenos. E agora tudo indica que está
numa daquelas fases em que quer rechear o main-event
(inclusivamente o do NXT…)
de big men. Quando olhamos para quem
está a lutar pelo título, vemos wrestlers
com mais de 120 quilos, autênticas montanhas de músculos como Big E, Roman
Reigns, Drew McIntyre, Brock Lesnar e Bobby Lashley, que se distanciam
claramente do que entendemos como um comum mortal.
Os combates entre eles podem não
valer cinco estrelas na escala de Dave Meltzer, mas neles vejo não homens
contra homens, mas sim monstros contra monstros. Quando um deles cai, é como se
eu ouvisse um estrondo. E quando um derruba outro, é como se estivesse a
assistir a um atropelo.
Aquilo que vínhamos a assistir espaçadamente
na última década com Brock Lesnar, um big
men aparentemente indestrutível a dizimar adversários e a conseguir
vitórias com maior ou menor dificuldade, é o que temos visto ultimamente com
mais frequência com lutadores como Bobby Lashley, Drew McIntyre e mais
recentemente com Big E. Não tem sido qualquer um, com corpo de comum mortal,
que aparece e leva a melhor sobre eles.
Não é por acaso que, em desportos
de combate como MMA ou boxe, os atletas apenas defrontam adversários da sua
categoria de peso. É porque o tamanho importa. E se o produto WWE se desviar
muito disso, não conseguirá parecer legítimo.
Felizmente, os wrestlers acima mencionados não se
esgotam no aspeto físico. Têm apresentado qualidade em ringue e proporcionado
espetáculos agradáveis, cada um ao seu estilo. Não é aborrecido vê-los lutar.
Estão credibilizados, com as personagens cheias de força, e têm protagonizado
histórias simples, mas interessantes. Todos querem saber qual será o próximo
desafio de Roman Reigns e de que forma um lutador habituado à divisão de tag team como Big E vai aguentar-se no
topo e todos queriam ver Drew McIntyre a voltar a lutar por um título após o
impedimento enquanto Lashley era campeão. A onda vitoriosa de Reigns foi
replicada, ainda que em ponto pequeno, por Bobby Lashley. E Lesnar é Lesnar.
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