domingo, 24 de outubro de 2021

Os big men tornam o pro wrestling mais larger than life

Reigns e Lesnar lutaram no main-event do Crown Jewel
Sou o fã número um de Daniel Bryan, vibrei com o longo reinaido de CM Punk, deliciei-me com inúmeros combates de Shawn Michaels em WrestleManias, sou apreciador das qualidades de Rey Mysterio, gostava que Jeff Hardy tivesse tido melhor carreira e, por muito bom storytelling que certos grandalhões possam proporcionar, admito especial fascínio pelos que são capazes de contribuir para o espetáculo também com golpes espetaculares.
 
No entanto, aquilo que cativa verdadeiramente um fã para este desporto de entretenimento é a sua componente larger than life. Obviamente que certas manobras vistas em ringue parecem sobre-humanas, mas o larger than life prende-se especialmente com as personagens exóticas, os visuais extravagantes e os corpos que fazem dos lutadores uns autênticos monstros, um pouco como aquelas personagens de banda desenhada da Marvel.
 
Por muito que seja fã de um Daniel Bryan, não sei se teria apaixonado pelo pro wrestling caso o que me entrasse pela televisão a dentro fossem uns tipos mais ou menos com a minha altura, corpos possíveis de igualar após meia dúzia de meses no ginásio e um visuais idênticos aos de homens com os quais me cruzo diariamente na rua. E provavelmente até daria pouca credibilidade ao produto caso esses lutadores fossem os principais campeões de uma promotora, por muito ingénuo que eu fosse. Hoje, bem mais conhecedor de como este desporto de entretenimento funciona, a conversa é outra.
 
Vince McMahon, como se sabe, nunca morreu de amores por lutadores pequenos. E agora tudo indica que está numa daquelas fases em que quer rechear o main-event (inclusivamente o do NXT…) de big men. Quando olhamos para quem está a lutar pelo título, vemos wrestlers com mais de 120 quilos, autênticas montanhas de músculos como Big E, Roman Reigns, Drew McIntyre, Brock Lesnar e Bobby Lashley, que se distanciam claramente do que entendemos como um comum mortal.
 
Os combates entre eles podem não valer cinco estrelas na escala de Dave Meltzer, mas neles vejo não homens contra homens, mas sim monstros contra monstros. Quando um deles cai, é como se eu ouvisse um estrondo. E quando um derruba outro, é como se estivesse a assistir a um atropelo.
 
Aquilo que vínhamos a assistir espaçadamente na última década com Brock Lesnar, um big men aparentemente indestrutível a dizimar adversários e a conseguir vitórias com maior ou menor dificuldade, é o que temos visto ultimamente com mais frequência com lutadores como Bobby Lashley, Drew McIntyre e mais recentemente com Big E. Não tem sido qualquer um, com corpo de comum mortal, que aparece e leva a melhor sobre eles.
 
Não é por acaso que, em desportos de combate como MMA ou boxe, os atletas apenas defrontam adversários da sua categoria de peso. É porque o tamanho importa. E se o produto WWE se desviar muito disso, não conseguirá parecer legítimo.
 
Felizmente, os wrestlers acima mencionados não se esgotam no aspeto físico. Têm apresentado qualidade em ringue e proporcionado espetáculos agradáveis, cada um ao seu estilo. Não é aborrecido vê-los lutar. Estão credibilizados, com as personagens cheias de força, e têm protagonizado histórias simples, mas interessantes. Todos querem saber qual será o próximo desafio de Roman Reigns e de que forma um lutador habituado à divisão de tag team como Big E vai aguentar-se no topo e todos queriam ver Drew McIntyre a voltar a lutar por um título após o impedimento enquanto Lashley era campeão. A onda vitoriosa de Reigns foi replicada, ainda que em ponto pequeno, por Bobby Lashley. E Lesnar é Lesnar.



        

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