Avançado paraguaio Óscar Cardozo brilhou no frio da Ucrânia |
Não tinha muito por onde
escolher. A minha primeira memória de jogos entre o Benfica e o
Shakhtar Donetsk remonta ao final de 2007, quando os dois clubes se
defrontaram na fase de grupos da Liga
dos Campeões. Os dois encontros entre águias e ucranianos
foram, até fevereiro de 2020, os únicos de cariz oficial entre as
duas equipas em toda a história.
Na altura, o treinador
romeno Mircea Lucescu ainda não estava a meio de um reinado de 12
anos no comando técnico do Shakhtar, entre 2004 e 2016, mas já se
notava a presença de brasileiros no plantel. Brandão, Ilsinho,
Jádson, Fernandinho e Willian eram os elementos que davam um toque
de samba ao gélido futebol da formação do leste europeu.
O emblema do Donetsk
estava a começar a colocar em causa a hegemonia interna do Dínamo
Kiev, que nos 15 anos anteriores tinha conquistado 12 campeonatos.
Porém, o Shakhtar nunca tinha ultrapassado a fase de grupos da Liga
dos Campeões, prova que disputava pela quarta vez, e o melhor
que tinha feito nas competições europeias foi chegar aos quartos de
final da Taça das Taças em 1983-84, tendo sido eliminado na altura
pelo FC Porto.
Já o Benfica participava
pela terceira época consecutiva na Champions,
depois de ter estado ausente entre 1999-00 e 2004-05, e tinha
investido forte no reforço do plantel nessa época com as
contratações de Óscar Cardozo (ex-Newell's Old Boys, 11,67 milhões
de euros), Ángel Di María (ex-Rosario Central, 8 M), Maxi
Pereira (ex-Defensor, 5,7 M), Gonzalo Bergessio (ex-Racing Club,
2,5 M), Edcarlos (ex-São
Paulo, 1,8 M) ou Freddy Adu (ex-Salt Lake, 1,5 M).
O primeiro jogo entre as
duas equipas foi na Luz e referente à 2.ª jornada da fase de
grupos, depois de o Shakhtar ter batido em casa o Celtic
(2-0) e o Benfica ter sido derrotado em San Siro pelo AC
Milan (1-2) na ronda inaugural. A 3 de outubro de 2007, as águias
foram derrotadas em Lisboa pelos ucranianos por 0-1.
O único golo do encontro
foi apontado por Jádson, que rematou à vontade no coração da área
após combinação com Fernandinho, na sequência de uma perda de
bola do lateral benfiquista Nélson, aos 42 minutos.
“Noite de ineficácia
deu em nova derrota. Está difícil a vida do Benfica, que ainda não
somou qualquer ponto ao cabo de duas jornadas de Liga
dos Campeões. As águias estão sós no último lugar do Grupo D
depois de uma derrota caseira com o Shakhtar, e as contas para o
apuramento são agora bem complicadas. Na base do insucesso das
águias esteve mais uma vez a enorme ineficácia do seu ataque, isto
porque, mesmo realizando uma exibição pouco conseguida, foram
muitas as oportunidades desaproveitadas pelos encarnados. E, como é
hábito dizer-se, quem não marca arrisca-se a sofrer, como veio, de
facto, a suceder. Jádson foi o carrasco da equipa de José António
Camacho, marcando, aos 42 minutos, num lance de contra-ataque bem
gizado pelos ucranianos, depois de uma inadmissível perda de bola de
Nélson. Um golo que valeu três pontos ao Shakhtar, que soma por
vitórias os seus dois jogos”, resumiu o jornal O Jogo,
acerca de uma partida da qual pouco ou nada me lembrava.
Dois meses depois, a 4 de
dezembro, as duas equipas defrontaram-se na última jornada. O
Benfica partia para a última ronda com quatro pontos, na quarta
posição, já afastado do apuramento para os oitavos de final da
Liga
dos Campeões mas com a possibilidade de ser repescado para a
Taça
UEFA em caso de vitória. Por outro lado, o Shakhtar já não
pontuava desde a partida da Luz e necessitava de vencer o Benfica e
esperar por uma derrota do Celtic
em San Siro para seguir em frente na Champions.
Apesar de jogar fora e
logo numa altura em que já se fazia sentir o inverno rigoroso da
Ucrânia, o Benfica foi a Donetsk vencer por 2-1. Ao contrário do
jogo da Luz, recordo-me vagamente de ter acompanhado este encontro e
de Óscar Cardozo ter tido um plantel fundamental. Só não me
lembrava ao certo qual tinha sido o resultado, mas a Internet serve
para este tipo de coisas.
O avançado internacional
paraguaio, conhecido por Tacuara, apontou os dois golos
benfiquistas. O primeiro logo aos seis minutos, depois de aproveitar
um passe errado do médio defensivo internacional polaco Mariusz
Lewandowski e de ter tirado do caminho o guarda-redes internacional
ucraniano Andriy Pyatov, que ainda hoje se mantém no plantel do
Shakhtar. O segundo aos 22', de cabeça, na resposta a um cruzamento
de Maxi
Pereira.
Os ucranianos reduziram à
passagem da meia hora por intermédio do avançado internacional
italiano Cristiano Lucarelli, que na primeira metade dessa época
jogou pelo clube de Donetsk depois de ter brilhado no Livorno ao
longo de quatro temporadas, entre os quais em 2004-05, quando foi
melhor marcador da Série A, com 25 golos. Apesar de haver mais uma
hora para se jogar, o resultado não sofreu alterações.
“Cardozo não é só pé
esquerdo. Contas saldadas entre o Benfica e o Shakhtar Donetsk, com
os encarnados a vingarem-se da derrota sofrida em casa, a 34 de
Outubro, e a garantirem o apuramento para aos 16 avos-de-final da
Taça
UEFA, graças a uma entrada demolidora em campo. Com efeito, a
águia convidou o Shakhtar Donetsk a assumir o controlo das
operações para depois lhe dar a provar do próprio veneno usado
pelo conjunto ucraniano quando jogou (e ganhou) no Estádio da Luz: o
contra-ataque”, podia ler-se no jornal O Jogo.
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