Não
está a ser fácil o começo de temporada do Vitória de Setúbal. Ao cabo das
quatro primeiras jornadas, zero golos para amostra, o que já é o pior arranque
goleador do clube na I Divisão. O único remate certeiro dos sadinos nesta
época foi obtido na Taça da Liga, pelo central Artur Jorge.
Coincidência ou não, o defesa
natural de Braga tem sido um dos elementos da equipa em melhor evidência, tendo
ajudado os vitorianos
a concluir quatro dos cinco primeiros jogos oficiais da temporada com a
baliza inviolável. O
único jogo em que a formação orientada por Sandro Mendes foi batida foi na
deslocação ao Estádio do Dragão, de onde saiu goleada por 0-4.
Depois de ter iniciado a aventura
no Bonfim
tapado por Vasco Fernandes e Dankler, beneficiou da transferência do brasileiro
para o futebol japonês para agarrar a titularidade. Hoje, também já sem o
luso-guineense em Setúbal, é Artur Jorge o patrão da defesa do Vitória.
Aos 25 anos, o central atravessa
um grande momento de forma, evidenciando qualidades em praticamente todos os
parâmetros que são exigidos a um jogador da posição dele. Tem sido por demais
evidente a forma como impõe o seu 1,86 m no futebol aéreo, o timing de desarme, a marcação apertada
aos avançados contrários e a agilidade que exibe para fazer cortes
providenciais.
Porém, esta descrição pode dar a
entender que é um jogador demasiado físico, o que não é verdade. O ponto forte
dele é o nível elevado de concentração que mantém ao longo dos 90 minutos,
sempre à procura de comandar e estar alinhado com os restantes companheiros do
setor, de ter os apoios bem colocados para proteger a profundidade e de ler bem
o jogo na dimensão tempo-espaço. O que depois mostra em campo é apenas uma consequência
desta postura, de uma condição física assinável e do conhecimento que tem do
jogo, o que lhe permite ter consciência de quando deve matar uma jogada da
equipa contrária através do recurso à falta.
E embora o Vitória
não opte por um futebol apoiado, também tem sido visível a segurança e
serenidade dele na saída de bola. Aliás, é através dele que a equipa sai mais
vezes a jogar e raramente pelo companheiro de eixo defensivo Pirri, ainda que
Artur Jorge acabe por soltar quase sempre a bola através de um passe longo,
direto para os avançados, um dos princípios do modelo de jogo dos sadinos.
Seria interessante vê-lo exprimir essa capacidade para sair a jogar numa equipa
com uma ideia de jogo mais atrativa.
Com contrato até junho de 2021, o
jogador formado no Sp.
Braga e filho de um antigo central bracarense com o mesmo nome, é sem
dúvida um dos principais ativos do Vitória
e um futebolista a ter em conta para outros voos.
Sem comentários:
Enviar um comentário