Fortune e Lampard em disputa de bola em agosto de 2004 |
Lembro-me bem do primeiro jogo
entre Chelsea e Manchester United a que assisti. Os blues, adquiridos cerca de um ano antes pelo magnata russo Roman
Abramovich num projeto pioneiro no futebol europeu, estavam em ascensão na
hierarquia do futebol mundial e tinham contratado José
Mourinho, recém-coroado campeão europeu pelo FC Porto, para assumir o
comando técnico.
Com a ida do special
one para Inglaterra no verão de 2004, um
ano depois da transferência de Cristiano Ronaldo para o Manchester United,
a Premier League tornou-se muito mais mediática em Portugal. Seria Mourinho capaz
de repetir o êxito alcançado no FC Porto no futebol inglês? Essa a pergunta que
mais se fazia no momento. O campeão em título era o Arsenal
de Arsène Wenger, que vivia um grande momento na sua história e tinha concluído
essa campanha vitoriosa sem qualquer derrota.
Com muito dinheiro para gastar, o
Chelsea repetiu um pouco a fórmula do FC
Porto de Mourinho no mercado: recrutar jogadores em ascensão, para que
clube, treinador e plantel crescessem juntos na hierarquia do futebol mundial. Paulo
Ferreira e Ricardo Carvalho (ambos ex-FC Porto), Tiago (ex-Benfica), Arjen
Robben e Mateja Kezman (ambos ex-PSV), Petr Cech (ex-Rennes) e Didier Drogba
(ex-Marselha) foram os principais reforços contratos. Nenhum deles era
propriamente uma estrela do futebol mundial na altura, ao contrário dos
consagrados Winston Bogarde, Juan Sebastián Verón, Marcel Desailly, Jimmy Floyd
Hasselbaink, Mario Melchiot, Emmanuel Petit, Hernán Crespo ou Boudewijn Zenden,
que nesse verão deixaram Stamford
Bridge.
Tudo isto com o intuito de
conquistar o título inglês e a Liga dos Campeões. O primeiro jogo oficial da
temporada do Chelsea foi, curiosamente, frente a um Manchester United… privado
de Cristiano
Ronaldo, que se encontrava ao serviço da seleção olímpica nos Jogos de
Atenas.
Nessa tarde de 15 de agosto de
2004, em Stamford
Bridge, os blues venceram por
1-0, com o único golo da partida a ser apontado à passagem do primeiro quarto
de hora, num lance tipicamente britânico. Em contra-ataque, Geremi entra no meio-campo
ofensivo e bombeia a bola à entrada da área, onde aparece Drogba, de cabeça, a
servir de cabeça Gudjohnsen, que tirou o guarda-redes Tim Howard do caminho
através de um primeiro toque e faturou com um segundo toque, perante a oposição
de Roy Keane.
Nesse encontro, Paulo Ferreira
foi titular e Ricardo Carvalho suplente utilizado pelo Chelsea. No Manchester
United, imagine-se, além de Howard na baliza, Roy Keane jogou a central,
Djemba-Djemba e Fortune formaram a dupla de médios, Miller foi o titular na ala
direita e Alan Smith atuou no centro do ataque ao lado de Scholes. Resumindo:
não eram tempos fáceis os red devils,
que ainda assim conseguiam terminar sempre nos lugares de acesso à Liga dos
Campeões.
“Chelsea de Mourinho
teve estreia de sonho. Três pontos e vitória sobre um rival direto na luta pelo
título é o saldo do primeiro jogo oficial da equipa mais portuguesa de
Inglaterra. Paulo Ferreira foi titular e Ricardo Carvalho entrou no final para
segurar o resultado”, escreveu O Jogo
no título e na entrada do texto alusivo à partida.
“José
Mourinho e o seu Chelsea entraram da melhor forma na Premier League, com
uma vitória em casa e logo sobre o Manchester United, também candidato ao
título. O seu treinador, Alex
Ferguson, certamente estaria à procura de vingar a eliminação nos
oitavos-de-final da última Liga dos Campeões, às mãos do FC
Porto de Mourinho, mas tal como no ano passado a equipa de Ferguson
foi derrotada. Mas voltou a não ser fácil - se no Dragão, o FC Porto teve de
dar a volta a um golo de Fortune, ontem os comandados de Mourinho
adiantaram-se logo aos 15 minutos, num contra-ataque em que Drogba, de cabeça,
isolou Gudjohnsen. Depois, no entanto, o Chelsea teve de aguentar a intensa
pressão dos red devils, que nunca se
cansaram de procurar o golo, embora só tenham criado um par de situações
realmente perigosas”, podia ler-se na crónica do jornal desportivo.
Na segunda volta, o Chelsea
visitou o Manchester United quando já era campeão, teve direito a guarda de
honra, apresentou-se com algumas segundas linhas, mas ainda assim venceu em Old
Trafford por 3-1, depois de ter estado a perder. O golo do empate foi uma obra
de arte por parte do médio internacional português Tiago.
E para o caro leitor, qual é o primeiro clássico entre Chelsea e Manchester United de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas equipas?
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