sábado, 27 de abril de 2019

A minha primeira memória de… um jogo entre Chelsea e Man. United

Fortune e Lampard em disputa de bola em agosto de 2004

Lembro-me bem do primeiro jogo entre Chelsea e Manchester United a que assisti. Os blues, adquiridos cerca de um ano antes pelo magnata russo Roman Abramovich num projeto pioneiro no futebol europeu, estavam em ascensão na hierarquia do futebol mundial e tinham contratado José Mourinho, recém-coroado campeão europeu pelo FC Porto, para assumir o comando técnico.


Com a ida do special one para Inglaterra no verão de 2004, um ano depois da transferência de Cristiano Ronaldo para o Manchester United, a Premier League tornou-se muito mais mediática em Portugal. Seria Mourinho capaz de repetir o êxito alcançado no FC Porto no futebol inglês? Essa a pergunta que mais se fazia no momento. O campeão em título era o Arsenal de Arsène Wenger, que vivia um grande momento na sua história e tinha concluído essa campanha vitoriosa sem qualquer derrota.

Com muito dinheiro para gastar, o Chelsea repetiu um pouco a fórmula do FC Porto de Mourinho no mercado: recrutar jogadores em ascensão, para que clube, treinador e plantel crescessem juntos na hierarquia do futebol mundial. Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho (ambos ex-FC Porto), Tiago (ex-Benfica), Arjen Robben e Mateja Kezman (ambos ex-PSV), Petr Cech (ex-Rennes) e Didier Drogba (ex-Marselha) foram os principais reforços contratos. Nenhum deles era propriamente uma estrela do futebol mundial na altura, ao contrário dos consagrados Winston Bogarde, Juan Sebastián Verón, Marcel Desailly, Jimmy Floyd Hasselbaink, Mario Melchiot, Emmanuel Petit, Hernán Crespo ou Boudewijn Zenden, que nesse verão deixaram Stamford Bridge.

Tudo isto com o intuito de conquistar o título inglês e a Liga dos Campeões. O primeiro jogo oficial da temporada do Chelsea foi, curiosamente, frente a um Manchester United… privado de Cristiano Ronaldo, que se encontrava ao serviço da seleção olímpica nos Jogos de Atenas.


Nessa tarde de 15 de agosto de 2004, em Stamford Bridge, os blues venceram por 1-0, com o único golo da partida a ser apontado à passagem do primeiro quarto de hora, num lance tipicamente britânico. Em contra-ataque, Geremi entra no meio-campo ofensivo e bombeia a bola à entrada da área, onde aparece Drogba, de cabeça, a servir de cabeça Gudjohnsen, que tirou o guarda-redes Tim Howard do caminho através de um primeiro toque e faturou com um segundo toque, perante a oposição de Roy Keane.

Nesse encontro, Paulo Ferreira foi titular e Ricardo Carvalho suplente utilizado pelo Chelsea. No Manchester United, imagine-se, além de Howard na baliza, Roy Keane jogou a central, Djemba-Djemba e Fortune formaram a dupla de médios, Miller foi o titular na ala direita e Alan Smith atuou no centro do ataque ao lado de Scholes. Resumindo: não eram tempos fáceis os red devils, que ainda assim conseguiam terminar sempre nos lugares de acesso à Liga dos Campeões.

“Chelsea de Mourinho teve estreia de sonho. Três pontos e vitória sobre um rival direto na luta pelo título é o saldo do primeiro jogo oficial da equipa mais portuguesa de Inglaterra. Paulo Ferreira foi titular e Ricardo Carvalho entrou no final para segurar o resultado”, escreveu O Jogo no título e na entrada do texto alusivo à partida.


José Mourinho e o seu Chelsea entraram da melhor forma na Premier League, com uma vitória em casa e logo sobre o Manchester United, também candidato ao título. O seu treinador, Alex Ferguson, certamente estaria à procura de vingar a eliminação nos oitavos-de-final da última Liga dos Campeões, às mãos do FC Porto de Mourinho, mas tal como no ano passado a equipa de Ferguson foi derrotada. Mas voltou a não ser fácil - se no Dragão, o FC Porto teve de dar a volta a um golo de Fortune, ontem os comandados de Mourinho adiantaram-se logo aos 15 minutos, num contra-ataque em que Drogba, de cabeça, isolou Gudjohnsen. Depois, no entanto, o Chelsea teve de aguentar a intensa pressão dos red devils, que nunca se cansaram de procurar o golo, embora só tenham criado um par de situações realmente perigosas”, podia ler-se na crónica do jornal desportivo.

Na segunda volta, o Chelsea visitou o Manchester United quando já era campeão, teve direito a guarda de honra, apresentou-se com algumas segundas linhas, mas ainda assim venceu em Old Trafford por 3-1, depois de ter estado a perder. O golo do empate foi uma obra de arte por parte do médio internacional português Tiago.



















E para o caro leitor, qual é o primeiro clássico entre Chelsea e Manchester United de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas equipas?


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