Hummels, Piqué, Laporte e tantos
e tantos outros. O central construtor é o central moderno, está na moda e é
procurado cada vez mais. Por mais paradoxal que possa parecer, hoje olha-se
tanto ou mais para as características ofensivas do que para as defensivas na
hora de avaliar um defesa. E no Brasil, há pelo menos uma mão cheia de anos que
Rodrigo Caio tem vindo a mostrar esses requisitos tão em voga, mas a Europa
ainda não as viu – ou melhor, não foram vistos no velho continente.
O jogador formado no São
Paulo até já esteve bem perto de assinar por clubes bastante conceituados
do futebol europeu. Em 2015, chegou a ter tudo acertado com o Valência, mas os
exames médicos diagnosticaram problemas físicos relacionados com uma antiga
lesão numa rótula. Imediatamente a seguir, esteve perto do Atlético
Madrid, mas não aceitou estar emprestado na capital espanhola. Nessa
altura, também se falou do Benfica. No final do ano passado, foi a vez de o
Barcelona estar bastante próximo de o contratar, mas acabou por decidir-se pelo
colombiano Jeison Murillo (ex-Valência), apesar de o brasileiro ter efetuado
exames médicos na Catalunha.
Sem sorte nas tentativas de rumar
à Europa, Rodrigo Caio deixou finalmente o São
Paulo mas para… ficar no Brasil, no milionário Flamengo, que pagou cinco
milhões de euros pelo seu passe. Aos 25 anos, pode dar a ideia de tratar-se de
uma promessa adiada, mas a verdade é que vai brilhando no Maracanã do mesmo
jeito que encantou no Morumbi.
Com grande capacidade para a fase
da construção, é bastante seguro no passe e na condução de bola, chegando a
aparecer a sair a jogar já no meio-campo ofensivo, procurando aproximar-se dos
companheiros mais ofensivos, criando superioridade numérica, e simultaneamente
atraindo a marcação de um elemento das linhas mais adiantadas do adversário,
fazendo-o sair de uma zona que fica sem cobertura. Fá-lo muito bem e vê-se que
os companheiros confiam muito nele quando pretendem entregar a bola. Chutões
para a frente não são para ele, que gosta de um futebol de requinte. Afinal,
até é um volante de raiz.
Mas não se julgue que este
internacional brasileiro (por quatro vezes) se limita a construir com
qualidade. Não. Apesar de não ser muito alto para um zagueiro (1,82 m), tem um grande poder de impulsão e é forte no
jogo aéreo, sendo fundamental na estratégia das bolas paradas ofensivas do
laboratório do treinador Abel Braga, que em Portugal orientou Rio Ave,
Famalicão, Belenenses e Vitória de Setúbal nas décadas de 1980 e 1990.
A capacidade para se impor nas
alturas aplica-se igualmente aos momentos defensivos, onde também se destaca
pelo asserto posicional e pela capacidade para proteger o espaço nas costas da
defesa. Em suma, é um central moderno, completo, e não será de estranhar se o
seu nome estiver na agenda de clubes europeus já para a janela de verão do
mercado de transferências.
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