Não é assim tão difícil adivinhar
quais os primeiros jogos de que tenho memória entre Sporting e Santa Clara, uma
vez que são poucos e o primeiro remonta a 1999. Embora tenha começado a
acompanhar futebol durante o ano 2000, tive de esperar mais um pouco para
assistir ao primeiro confronto entre leões e açorianos.
Depois de ter sido despromovido
na época de estreia, em 1999/00, o emblema insular só precisou de uma temporada
para regressar à I Liga. Curiosamente, nas duas primeiras experiências no
primeiro escalão, o campeão foi o… Sporting. Uma coincidência, embora em ambas
as ocasiões o Santa Clara tenha roubado pontos aos verde e brancos.
Curiosamente, não assisti aos
jogos de 2001/02. Tenho uma vaga ideia de ter acompanhado o primeiro, um
pachorrento 0-0 em Alvalade, com Manuel
Fernandes no comando técnico dos visitantes e László Bölöni à frente da
equipa da casa, em partida da 9.ª jornada, a 22 de outubro de 2001. Os leões,
que vinham de uma derrota
em Braga (1-2), voltavam a ceder pontos e ficavam a cinco do líder Boavista.
“Leõezinhos. Manuel
Fernandes regressou a Alvalade e conquistou um ponto que lhe sabe a
vitória. Do outro lado esteve um leãozinho que não é do seu tempo. Bölöni ouviu
assobios e foi despedido com lenços brancos nas bancadas”, resumiu o DN. “Leões de papel. Mário Jardel e
companhia ficaram em branco na receção ao Santa Clara e o Sporting perdeu dois
pontos”, destacou o JN.
Na segunda volta, nos Açores, o
Sporting voltou a sentir dificuldades, mas construiu uma vitória por 3-0 nos
últimos 20 minutos. "Dose de leão ao entardecer. Nem sempre é fácil
estabelecer a fronteira entre o mérito de um triunfo e a sua expressão. Ontem,
de Ponta Delgada, o Sporting saiu com uma vitória indiscutível, mas algo
inchada em relação ao peso específico da sua exibição durante apreciáveis
fatias do jogo. Como que adormecido, o leão despertou a tempo. Adiar é sempre
arriscado e pode assumir transtornos exorbitantes. Ontem não aconteceu com o
líder...”, descreveu Joaquim Rita no jornal O
Jogo, considerando “penálti falso” o que Isidoro Rodrigues assinalou, a
castigar falta de Telmo sobre César Prates, e que resultou no golo inaugural do
Sporting, apontado por Jardel aos 72 minutos. Pedro Barbosa (79’) e Paulo Bento
(89’) haveriam de aumentar a vantagem, contribuindo para segurar a liderança do
campeonato, com um ponto de avanço sobre o Boavista, à 26.ª jornada, a 10 de
março.
Quase seis meses depois, já na
temporada 2002/03, as duas equipas defrontaram-se em Alvalade na 2.ª jornada da
I Liga e aí sim, recordo-me que assisti à transmissão televisiva do jogo, num
café perto de casa, pois ainda não possuía Sport
TV. Também me lembro de um poste de alta tensão ter provocado uma espécie
de relâmpago que nos fez sair do café para ver o que passava, mas esse é um
pormenor que nada tem a ver com o jogo.
O Sporting, campeão em título mas
privado do castigado João Pinto e do desaparecido Mário Jardel, as duas grandes
figuras da época anterior, confirmou o favoritismo e venceu por 2-1, num jogo
difícil. “Um final digno de Hitchcock. Foi uma vitória sofrida a do Sporting
ante o Santa Clara. Os leões evidenciaram, mais uma vez, lacunas no seu esquema
e acabaram dentro da área a defender a magra vantagem. Três golos de bola
parada fizeram o resultado...”, resumiu o jornal O Jogo, que destacou a grande penalidade arrancada por Ricardo
Quaresma e que deu o segundo golo ao Sporting, apontado por Pedro Barbosa
(62’), como o momento do encontro. Antes, Beto tinha inaugurado o marcador para
os leões de livre direto (42’) e João Pedro empatado para os açorianos de
penálti (53’). Nos bancos continuavam Bölöni e Manuel
Fernandes.
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