Aqui na Europa, a Liga dos
Campeões tem um certo glamour.
Estádios engalanados, hino imponente, os melhores jogadores e treinadores do
planeta, equipas com enorme história, milhões e milhões de euros em cada par de
pernas, sponsors conceituadíssimos e prémios
exorbitantes. E para lá se chegar, além do direito desportivamente alcançado, é
necessário passar em pré-requisitos apertados como a qualidade das instalações
ou o fair play financeiro. Só a elite,
a nata europeia dentro e fora das quatro linhas, consegue participar.
Mas não é assim, nem sequer
parecido, em todos continentes. A congénere sul-americana, a Libertadores, é
uma montra onde se exibiram alguns dos melhores jogadores de todos os tempos e
até tem um formato idêntico – 32 equipas numa fase de grupos, depois mata-mata
a duas mãos -, mas não há só um oceano (Atlântico) a separá-la da Champions League. Há um mundo de
diferença entre as duas competições.
Bem recentemente, dei por mim a
ver o Huracán-Cruzeiro da primeira jornada da fase de grupos. No Estádio Tomás
Adolfo Ducó, grande parte das bancadas não tinham assentos, algo que já nem é
permitido sequer na II liga portuguesa. E a separar espetadores do (remendado) relvado,
estava uma vedação coberta por… arame farpado, algo que dificilmente se verá
sequer em campeonatos distritais em Portugal. E como chovia, não só se viam
adeptos de guarda-chuva, algo proibido nas ligas profissionais lusas, como as
imagens televisivas da transmissão chegavam com humidade e até mesmo gotas de
água.
Ao cenário dominante de estádios
que para a Europa seriam considerados inoperacionais ou pelo menos obsoletos,
escapam os brasileiros. O Mundial 2014 obrigou à construção de recintos
modernos, e alguns dos grandes clubes cujos estádios não acolheram a Copa não quiseram ficar atrás e acabaram
por também construir novos palcos, como Atlético Mineiro, Grêmio e Palmeiras.
Diferença entre os prémios monetários da Liga dos Campeões e da Libertadores |
E depois das diferenças abismais
bastante notórias, surgem as de pormenor, como o facto de as jornadas serem
distribuídas por terça, quarta e quinta-feira e se jogarem mesmo em semanas de
concentração de jogadores nas seleções nacionais. E por força de a CONMEBOL ter
apenas dez federações, este ano há sete equipas brasileiras em prova e uma outra
(São Paulo) que ficou pelo na caminho na pré-Libertadores - argentinas são seis
mais o Talleres, que já foi afastado. E o que dizer dos prémios monetários? Uma
presença nos oitavos de final vale praticamente o mesmo do que um empate na
fase de grupos da Liga dos Campeões, ser finalista vencido rende cerca de três
vezes menos e sagrar-se campeão dá direito a pouco mais de metade do que recebe
o vencedor da Champions.
Por fim, no aspeto desportivo,
notam-se equipas menos organizadas, sem a qualidade tática das europeias,
deixando muitos pormenores a cargo do aleatório. Mas foi neste tipo de
contextos quase rudimentares que nasceram grandes craques: Pelé, Maradona, Cubillas,
Zico, Cafu, Crespo, Francescoli, Tévez, Verón e Neymar,
só para citar alguns.
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