terça-feira, 17 de julho de 2018

Mundial 2018 | Onze de Revelações

Dois ingleses, outros tantos russos e colombianos e um jogador do FC Porto



O Rússia 2018 foi considerado por muitos como o Mundial dos guarda-redes, mas infelizmente apenas cabe um em cada onze, incluindo neste onze de revelações. Sobram dez vagas para distribuir por jogadores que se projetaram em seleções menos poderosas ou que surpreenderam ao serviço das mais fortes.



Guarda-redes:

Encerrado o ciclo de Joe Hart, a seleção inglesa chegou à Rússia sem um guarda-redes com mais de uma dezena de internacionalizações. Jordan Pickford foi o escolhido, em detrimento de Jack Butland e Nick Pope, e apesar das dúvidas suscitadas em relação ao seu jeito desengonçado e à falta de experiência, o guardião do Everton rapidamente as dissipou e até mostrou, sobretudo na fase a eliminar, aos 24 anos, que Inglaterra tem guarda-redes para muitos e bons anos. Foi o herói nas eliminatórias frente a Colômbia e Suécia, nos oitavos e quartos de final, e voltou a brilhar no jogo de atribuição do 3.º lugar, apesar da derrota ante a Bélgica.


Centrais:


É verdade que Yerry Mina pertence aos quadros do Barcelona e que isso significa automaticamente que são depositadas nele expetativas elevadas, no entanto, brilhou na Rússia após ter acumulado apenas seis jogos ao serviço dos catalães. Não só esteve em bom plano defensivamente, como mostrou capacidade a sair a jogar e fez valer o seu 1,95 m na área adversária, tendo marcado um golo em cada um dos três jogos em que participou, diante de Polónia e Senegal na fase de grupos e frente à Inglaterra nos oitavos de final. No jogo inaugural, com o Japão, não saiu do banco.



Quando pensou no 3x5x2 com que ia dispor a seleção inglesa, Gareth Southgate tinha à sua disposição três possibilidades entre as melhores equipas da Premier League para fazer companhia aos citizens Kyle Walker e John Stones no centro da defesa: Gary Cahill (Chelsea), Phil Jones (Manchester United) e Eric Dier (Tottenham). No entanto, a escolha recaiu no menos conhecido Harry Maguire, que há um ano tinha trocado o Hull City pelo Leicester. Embora jovem (25 anos), revelou-se um central… à moda antiga, muito possante (1,94 m), forte na marcação e imponente no jogo aéreo - ganhou 81 por cento dos duelos aéreos defensivos, segundo o GoalPoint -, em ambas as áreas. Peça fulcral nas bolas paradas ofensivas, fez a assistência para o golo da vitória sobre a Tunísia na partida inaugural e marcou à Suécia no jogo dos quartos de final e participou nos sete encontros dos três leões.


Laterais:


Confesso que estive indeciso até à última hora. Pensei muito no sueco Ludwig Augustinsson, que fez um belíssimo torneio, mas a minha escolha acabou por recair sobre o brasileiro Fágner. O lateral do Corinthians até nem era para ir ao Campeonato do Mundo, mas foi convocado devido à lesão de Daniel Alves e acabou por ser o titular em quatro jogos face aos problemas físicos de Danilo. Embora seja um lateral muito ofensivo, esteve muito assertivo na Rússia, a atacar sempre pela certa, mantendo a equipa equilibrada. Não foi por ele que o Brasil não chegou mais longe.



Este não foi o Mundial dos laterais esquerdos, e permitam-me a batota: vou ter de adaptar um lateral direito ao lado esquerdo. Benjamin Pavard surgiu na convocatória francesa talvez até como o menos mediático da lista, mas isso não o impediu de ser titular no lado direito da defesa, remetendo o mais conceituado Djibril Sidibé (Mónaco) para o banco. Aos 22 anos, o possante (1,86 m) lateral do Estugarda – que há um ano andava pela II Liga alemã – alinhou em seis jogos no Mundial, destacou-se pela consistência defensiva e pelo grande golo que apontou à Argentina, nos oitavos de final.


Médios:


Depois da sua melhor temporada a nível individual na Europa e do título nacional conquistado enquanto capitão do FC Porto, Héctor Herrera confirmou na Rússia que está a atravessar um dos melhores momentos da carreira. Ao lado de Andrés Guardado no duplo pivot do meio-campo mexicano ou mais liberto para atacar com a proteção de Rafa Márquez, el zorro foi o motor de la tricolor e impressionou com a sua precisão de passe (88%) e capacidade para recuperar a bola. Real Madrid, Barcelona e Betis foram apontados como alguns dos emblemas interessados na sua contratação.



Aleksandr Golovin já era o principal craque do CSKA Moscovo, mas faltava-lhe um palco maior para exibir a sua qualidade rapidez, técnica, classe, visão de jogo, irreverência, precisão de passe e de cruzamento e capacidade para decidir bem nos últimos 30 metros. Marcou um golo (à Arábia Saudita), fez duas assistências, foi a figura da sua seleção e acumulou interessados: Juventus, Chelsea e Arsenal têm sido os clubes mais falados.



Cedido pelo FC Porto ao River Plate mas quase esquecido em Portugal, Juan Quintero tinha tudo para passar despercebido neste Campeonato do Mundo. No entanto, uma lesão da James Rodríguez deu-lhe a titularidade no jogo inaugural, frente ao Japão, e não mais a largou, passando a coabitar com o médio do Bayern Munique no onze da Colômbia. Após ter marcado aos nipónicos de livre direto, fez as assistências para o golo de Falcao diante da Polónia e para o de Mina na decisiva vitória sobre o Senegal.


Extremos:


Não podia faltar uma revelação na sensacional Croácia. Se quase todos os habituais croatas já eram presenças habituais nestas andanças, Ante Rebić apresentou-se como a principal novidade. O possante (1,85 m) e veloz extremo do Eintracht Frankfurt confirmou na Rússia as boas indicações dadas ao serviço no decorrer da temporada ao serviço do seu clube, às ordens do compatriota Niko Kovac, e foi titular nos seis jogos que disputou. O grande destaque do seu desempenho no torneio foi o grande golo que apontou à Argentina, após fífia do guarda-redes Willy Caballero.



Numa seleção sueca que pautou pelo cinismo, assente na consistência defensiva e nos poucos floreados no processo ofensivo, Emil Forsberg destoou dos companheiros pela forma como tratava a bola. Quase sempre a partir do corredor esquerdo em diagonais para zonas interiores, era dos pés do extremo do RB Leipzig que se podiam esperar lances de perigo e jogadas esteticamente mais aprazíveis. Coroou a boa performance no torneio com o grande golo frente à Suíça que valeu a passagem aos quartos-de-final.


Ponta de lança:

A pouco mais de um mês de completar 30 anos, Artyom Dzyuba é o mais velho deste onze de revelações. Depois de ter estado emprestado ao Arsenal Tula pelo Zenit na segunda metade da temporada, começou o Campeonato do Mundo no banco, frente à Arábia Saudita, mas foi lançado aos 70 minutos e foi a tempo de marcar um golo – um minuto após ter entrado em campo – e uma assistência que lhe valeram a titularidade no jogo seguinte, diante do Egito, em que voltou a faturar. O possante ponta de lança (1,96 m) fechou a conta goleadora no torneio com um penálti a Espanha, mas não foi só a atirar à baliza que se destacou. Devido à sua elevada estatura, funcionou como um autêntico pivot no ataque russo, tendo feito duas assistências, ambas para Cheryshev, ante a Arábia Saudita e a Croácia (quartos de final).
De acordo com o GoalPoint, foi o jogador com mais duelos aéreos ganhos ao longo da prova (41).


Treinador:

O título mundial fugiu a Zlatko Dalic, mas não lhe vai fugir o prémio de selecionador revelação. Depois de uma carreira modesta como jogador e de um percurso discreto como treinador, assumiu a seleção da Croácia em outubro do ano passado, após o despedimento de Ante Cacic devido aos maus resultados, e passado nove meses estava na final do Campeonato do Mundo. Durante a fase de grupos, mostrou ter pulso para comandar uma equipa de estrelas, enviando o avançado Nikola Kalinic para casa após este ter alegado dores nas costas para não jogar frente à Nigéria.








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