Rui Patrício brilhou no Euro-2016 |
Rui Patrício é, hoje, reconhecido
como um dos melhores guarda-redes da Europa. Os seus desempenhos ao serviço do
Sporting há muito que são elogiados, mas faltava-lhe aparecer numa grande
montra internacional, lacuna colmatada no recente Euro 2016.
Mas a opinião da crítica era bem
diferente quando, em 2008, um jovem de 20 anos era aposta persistente de Paulo
Bento para a baliza dos leões. Dadas as suas falhas comprometedoras em alguns
encontros, a persistência do técnico até podia ser facilmente confundida com
teimosia.
Patrício não era fiável. Era
desengonçado. Saía mal aos cruzamentos. Tremia e fazia tremer quando jogava com
os pés. Basicamente, transmitia pouca segurança a colegas e adeptos, que
reclamavam – e até assobiavam - uma melhor solução para a baliza leonina. Sabendo
o que se sabe hoje, a frase anterior pode soar a crítica aos sportinguistas,
mas não há que ser hipócrita: eles não tinham mesmo razões para ficarem
descansados!
O tempo foi passando, o
guarda-redes foi evoluindo e os adeptos acalmando. Os menos atentos ou mais
assertivos irão apenas falar de uma evolução natural de um guardião que foi
ganhando calo, experiência, calma e conhecimento para tomar as melhores
decisões.
Mas quem o tem visto in loco ano após ano nota outro tipo de
diferenças. Rui Patrício já não é o tipo desengonçado de há uns anos. Está
elegante e atlético. Diria até que terá uma percentagem de massa gorda muito reduzida,
comparativamente com a que já terá tido desde que chegou à elite do futebol
nacional.
O físico elegante e atlético,
certamente fruto de muito trabalho extra, têm-lhe conferido uma elasticidade,
rapidez, flexibilidade, agilidade e amplitude de movimentos que antes não
tinha. A experiência pode dar muito a um jogador – e especificamente a um
guarda-redes -, mas não dá tudo.
Não se pode falar apenas em
evolução natural. Não é só o passar dos anos. É a quantidade de suor. Li uma frase
do meu ex-colega António Simões durante o Euro 2016 que lhe assenta que nem uma
luva: Portugal tem um Cristiano Ronaldo na baliza.
Também não será só o treino e a
experiência que o ajudam a fazer defesas impossíveis e vistosas, como aquela
estirada a cabeceamento de Griezmann na final do Europeu. A sua postura durante
as partidas também faz a diferença. Quando a bola está longe, não fica parado
com as mãos na cintura a ver o que acontece. Vê-se isso em Casillas, mas nele
não. Patrício fica a fazer exercícios de braços e pernas, de forma a que as
articulações estejam quentes e ativas para poderem responder à altura quando
forem chamadas a intervir.
Os adeptos do Sporting – e agora
também os da Seleção Nacional – chamam-lhe São Patrício, mas todos os atributos
que fazem dele um dos melhores do mundo não caíram do céu.
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