Suk marcou um grande golo mas depois desapareceu |
Taça de Portugal | Vitória 1-1 Rio Ave (1-3 nas grandes penalidades)
No espaço de apenas três dias,
Ricardo esteve bastante perto de despir a capa de vilão para vestir a de herói.
Certamente já não será visto como o mau da fita, isso é ponto assente, mas não conseguiu
ser decisivo.
Depois de ter ficado bastante malna fotografia em três dos quatro golos que o Benfica marcou no Bonfim no sábado, o guarda-redes emprestado pelo FC Porto ao Vitória realizou uma
exibição extraordinária diante do Rio Ave. Fez, no mínimo, quatro grandes
intervenções no decorrer do jogo [ver
apreciação individual] e ainda defendeu dois penalties. Injustamente para ele, foram os nortenhos que seguiram
em frente na Taça de Portugal.
Mas no filme do encontro não foi
apenas o guardião sadino a assumir papel de protagonista. Logo aos 12 minutos,
Suk marcou (mais) um belíssimo golo, a confirmar o bom início dos setubalenses,
que chegavam ao ataque com facilidade, fosse em futebol apoiado ou em
transições.
Mesmo a vencer, os homens de Quim
Machado não foram infiéis para com a própria identidade, continuando com uma
postura ofensiva, tornando a partida aberta e agradável de se ver. Duas bolas
nos postes – Marvin e André Claro – e duas grandes intervenções de Ricardo –
Bressan e Heldon – espelharam 45 minutos emocionantes.
Contudo, as coisas começaram a
correr mal para os vitorianos logo ao intervalo. Nuno Pinto, que se estava a
entender às mil maravilhas com André Claro no corredor esquerdo, teve problemas gástricos e
foi substituído por Ruca. Nunca mais esse flanco foi o mesmo, nem pouco mais ou
menos. E como se não bastasse, os vila-condenses entraram no segundo tempo
praticamente a marcar, por Wakaso (49’ ),
através de um remate forte de fora da área.
Sem a mesma acutilância no jogo
exterior e a acusar o golo sofrido, o Vitória passou por uma fase difícil, sem
conseguir ligar o seu jogo. Mérito também para o Rio Ave, bastante pressionante
e subido no terreno.
Só após a entrada de André Horta,
os sadinos conseguiram finalmente suster a pressão e chegar um pouco à frente.
No entanto, quando parecia que o pior tinha passado, Rúben Semedo foi expulso
com cartão vermelho direto por falta dura sobre Pedro Moreira e deixou a equipa
em maus lençóis.
Vasco Costa teve o 2-0 nos pés, ainda na primeira parte |
A partir daí (82 minutos), o
Vitória praticamente não fez outra coisa que não defender. Compreensível.
Afinal, com o desgaste acumulado – jogo frente ao Benfica tinha sido há menosde 72 horas – e menos uma unidade, era nos pontapés da marca de grande penalidade
que residia a maior esperança dos verde e brancos.
A expulsão de Marvin ainda deu
outro alento para tentar resolver o assunto antes dos penalties, mas com Suk extremamente desgastado e desapoiado, não
deu mesmo para mais.
No desempate a partir da marca
dos 11 metros ,
o Rio Ave acabou por ter mais sorte e mérito. Há quem lhe chame lotaria, mas
acertar apenas um em quatro sabe a pouco.
Ficha de jogo
Taça de Portugal – Oitavos de final
Estádio do Bonfim, em Setúbal (1.672
espectadores)
Vitória (4x4x2): Ricardo; Gorupec, Frederico Venâncio c, Rúben Semedo e
Nuno Pinto (Ruca, int.); Costinha, Dani, Fábio Pacheco e André Claro (William
Alves, 100); Suk e Vasco Costa (André Horta, 58)
Suplentes não utilizados: Miguel
Lázaro (GR), Hassan, Arnold e Paulo Tavares
Treinador: Quim Machado
Disciplina: Cartão amarelo
a André Claro (36), Frederico Venâncio (87) e André Horta (90+2); Cartão
vermelho direto a Rúben Semedo (82)
Rio Ave (4x3x3): Cássio; Pedrinho (Ukra, 102), Aníbal Capela,
Marcelo c e Edimar; Wakaso, Pedro Moreira (Krovinovic, 90) e Bressan
(João Novais, 80); Heldon, Yazalde e Marvin
Suplentes não utilizados: Rui
Vieira (GR), Kayembe, André Vilas Boas e Lionn
Treinador: Pedro Martins
Disciplina: Cartão amarelo
a Bressan (44), João Novais (90+2) e Marvin (100 e 112); Cartão vermelho por
acumulação a Marvin (112)
Árbitro: João Capela (AF Lisboa), assistido por Ricardo Santos e Tiago
Rocha, com Rui Soares como 4.º árbitro
Golos
1-0, por Suk (12). André
Claro, com um passe longo, encontra Suk desmarcado na direita. O coreano foi
fletindo para o centro em velocidade, ultrapassando Aníbal Capela, e viu o seu
remate forte de pé esquerdo bater na trave e entrar na baliza de Cássio.
1-1, por Wakaso (49).
Rúben Semedo cortou de cabeça um cruzamento na direita de Heldon, mas a bola
sobrou para a zona de tiro, onde Wakaso disparou fortíssimo, surpreendendo
Ricardo.
Grandes penalidades
0-1, por Ukra. Remate
colocado para o lado direito de Ricardo.
Costinha acertou na trave.
Remate fraco de Heldon para
defesa fácil de Ricardo.
1-1, por Ruca. Cássio
atirou-se para a sua direita, mas a bola foi para o outro lado.
Remate forte de Edimar mas
travado pelo braço direito de Ricardo.
Suk não deu muito balanço e
acabou por atirar fraco para defesa de Cássio.
1-2, por João Novais.
Remate forte para o lado esquerdo de Ricardo, que ainda tocou na bola mas não
evitou o golo.
William Alves rematou forte e
rasteiro para defesa de Cássio.
1-3, por Yazalde. Bola
para um lado, guarda-redes para o outro.
Estatísticas (Vitória-Rio Ave)
Posse de bola (%): 42-58
Remates: 9-33
Remates à baliza: 3-11
Cantos: 3-9
Faltas cometidas: 24-14
Foras de jogo: 1-6
Apreciação individual
Ricardo: Intervenções
complicadas a remates de Bressan (17’ )
e Heldon (55’ )
e a um cabeceamento do cabo-verdiano (32’ ). Brilhou ainda de forma mais cintilante
com uma grande estirada, a travar um livre de Heldon (89’ ), e nos dois pontapés da
marca de grande penalidade que defendeu, silenciando quem o criticou depois da
exibição menos conseguida frente ao Benfica. Foi surpreendido pelo autêntico
foguete de Wakaso, no lance da igualdade (49’ ).
Gorupec: Foi pela primeira
vez titular com William Alves disponível, uma vez que o brasileiro estava
castigado na visita ao Dragão. Com um corte providencial negou o golo a Yazalde
(27’ ),
ainda que defensivamente tivesse dado demasiado espaço a Marvin. Assinou um cruzamento
milimétrico para Vasco Costa, que ao primeiro poste falhou o 2-0 (38’ ). Com a entrada de William
Alves, passou a ter mais liberdade para sair no corredor, ainda que nessa
altura lhe faltasse frescura física.
Frederico Venâncio: Mostrou
algum nervosismo, talvez ainda fruto de um desempenho para esquecer diante do Benfica. Estava no caminho da bola no lance do golo do empate, mas não a conseguiu aliviar e ainda a desviou subtilmente para a própria baliza. Acumulou faltinhas, tendo visto cartão amarelo à enésima falta, aos 87
minutos.
Rúben Semedo: Mostrou a
sua agilidade e impulsão nos vários cortes difíceis que efetuou. Infelizmente
para ele, mas sem que culpas lhe possam ser apontadas, acabou por fazer a
assistência para o golo de Wakaso ao aliviar a bola de cabeça para fora da área
(49’ ).
Duplo erro no lance que lhe ditou a expulsão: estava a adornar em demasia na
tentativa de sair a jogar e entrou de forma bastante dura sobre Pedro Moreira (82’ ).
Costinha regressou ao onze e até cumpriu os 120 minutos |
Nuno Pinto: Somou alguns
bons cruzamentos, entre os quais um que proporcionou a oportunidade a André
Claro – com quem se entendeu muito bem no corredor esquerdo - para rematar para
defesa de Cássio para a trave (31’ ).
Estava a ser dos melhores em campo até ser substituído, ao intervalo, devido a
uma indisposição gástrica.
Costinha: Exibição
apagada. Embora tenha cumprido do ponto de vista defensivo, a acompanhar as
subidas de Edimar e a fechar o espaço interior quando a equipa ficou reduzida a
dez, não conseguiu mostrar a qualidade que tem ofensivamente. Nem os cantos lhe
saíram bem… nem o penalty.
Fábio Pacheco: Sempre
muito lutador, recuperou muitas bolas a meio-campo e quase sempre entregou, com
qualidade, o esférico aos colegas. Baixou para o eixo da defesa após a expulsão
de Rúben Semedo (82’ )
e acabou por se adaptar muito bem à nova posição, acumulando cortes
determinantes.
Dani: Discreto, foi
cumprindo nas tarefas de cobertura, reduzindo o espaço de manobra a Pedro
Moreira e Bressan, dois dos jogadores mais influentes do Rio Ave na prática de
um futebol mais apoiado. Quase sempre eficiente no passe.
André Claro: Colocou a
bola em Suk com um extraordinário passe longo, na jogada do golo inaugural (14’ ). Esteve perto de marcar
aos 31 minutos, tendo visto o seu remate em esforço ser desviado por Cássio
para a trave. Amarelado aos 36’ ,
por agarrar Marvin, que conduzia um contra-ataque. Mostrou bom entendimento com
Nuno Pinto no corredor esquerdo, onde até nem está habituado a jogar. No
segundo tempo, com Ruca, não houve o mesmo tipo de combinações. Saiu muito desgastado
já no prolongamento.
Suk festejou o 10.º golo na presente temporada |
Suk: Está a fazer uma
grande temporada e confirmou o bom momento de forma com o excelente golo que
inaugurou o marcador (14’ ),
de pé esquerdo, que nem é o seu melhor pé. Contudo, apareceu muito pouco após o
1-0. Correu muito para dar profundidade à equipa, mas após a expulsão de Rúben Semedo esteve bastante desapoiado. Confirmou o mito de que normalmente os
craques falham as grandes penalidades, ao desperdiçar a sua, na qual optou por
não dar muito balanço.
Vasco Costa: Foi uma das
novidades do onze, depois de ter dado boas indicações diante do União e do
Benfica. Desperdiçou aquele que seria o 2-0, aos 38 minutos, a desviar para
fora um excelente cruzamento de Gorupec para o primeiro poste. Não esteve em
grande evidência e acabou por ser substituído com alguma naturalidade ainda
antes da hora de jogo.
Ruca: Não conseguiu manter
a mesma dinâmica de Nuno Pinto a atacar pelo flanco esquerdo. Serve-lhe de
consolo ter sido o único sadino a não falhar os penalties.
André Horta: Refrescou a
equipa ofensivamente, acrescentando-lhe capacidade de pressionar e de ter a
bola. Viu um cartão amarelo desnecessário aos 90+2’ , ao pedir explicações de
forma pouco simpática a João Novais após este o ter travado em falta.
William Alves: Reforçou o
centro da defesa, formando um trio com Fábio Pacheco e Venâncio. Felizmente
para o central/lateral brasileiro, a bola saiu num lance em que Marvin passou por
ele como bem quis (105’ ).
Falhou a sua grande penalidade, atirando para o meio e logo com um remate
denunciado, que Cássio travou.
Outras notas
Para chegar até esta ronda, o
Vitória eliminou o Coruchense (CNS) na 3.ª eliminatória (2-0, fora) e o Casa
Pia (CNS) na 4.ª (1-0, fora).
Quanto ao Rio Ave, começou por
afastar o União FC (AF Coimbra) na 3.ª ronda (3-0, fora) e depois o
primodivisionário Paços de Ferreira (2-1, fora).
Ao contrário do que é habitual
nos jogos em casa, os sadinos foram para estágio na véspera da partida. O
objetivo passou por ter os futebolistas sob vigilância, até porque entre o
encontro com o Benfica e este não se cumpriram as recomendadas 72 horas de
recuperação.
O Benfica está a ponderar se
avança ou não com uma proposta para a contratação de Suk. Dirigentes dos
encarnados estiveram à conversa com a empresa que agencia o jogador durante a
partida que opôs os sadinos às águias.
No Rio Ave, Wakaso e Marvin
regressaram aos eleitos de Pedro Martins após cumprir castigo diante do Arouca.
Tarantini, foi o único ausente, por lesão.
West Ham e Southampton estiveram em missão de espionagem no Bonfim.
Nas bancadas estiveram apenas 1.672 espetadores. Foi a pior casa da época no Bonfim, batendo a receção ao Estoril, para a Liga (3.018).
West Ham e Southampton estiveram em missão de espionagem no Bonfim.
Nas bancadas estiveram apenas 1.672 espetadores. Foi a pior casa da época no Bonfim, batendo a receção ao Estoril, para a Liga (3.018).
Números
Ricardo terminou o trajeto do
Vitória na Taça de Portugal como único totalista: 300 minutos.
Apenas por uma vez Vitória e Rio
Ave se tinham encontrado na Taça de Portugal. Foi em 2013/14, também nos
oitavos de final, mas em Vila do Conde, com os nortenhos a vencerem por 1-0. Em
todas as competições, o histórico é favorável aos sadinos em confrontos no
Bonfim: 25 jogos, 17 triunfos, seis empates e duas derrotas.
O guarda-redes sadino Ricardo era
o único da equipa que tinha uma Taça de Portugal no currículo. Conquistou-a em
2011/12, ao serviço da Académica.
O Vitória não chega aos quartos
de final da Taça de Portugal desde 2010/11.
Os vitorianos falharam a 30.ª
presença em quartos de final (em 72 presenças na Taça). Em 19 ocasiões chegaram
às meias e em dez à final, tendo conquistado a prova por três vezes (1964/65,
1966/67 e 2004/05).
Outras análises
Vitória – Boavista (1.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/das-boas-transicoes-ao-amargo-empate.html
Académica - Vitória (2.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/o-aleatorio-deu-o-mote-para-goleada.html
Vitória – Rio Ave (3.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/tornou-se-frustrante-o-empate-que-antes.html
Vitória – V. Guimarães (5.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/em-duelo-de-vitorias-so-o-de-setubal.html
Vitória – Estoril (7.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/10/a-quarta-tentativa-bonfim-viu-vitoria.html
FC Porto – Vitória (10.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/resistencia-sadina-no-dragao-durou-70.html
Vitória – União (11.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/o-impensavel-pontinho-foi-festejado-no.html
Belenenses – Vitória (12.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/pressao-do-vitoria-deixou-belenenses-de.html
Vitória – Benfica (13.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/12/continua-espera-por-um-dia-menos-bom-do.html
Artigos de opinião
O Pirlo do Bonfim: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/o-pirlo-do-bonfim.html
Concentra-te, Rúben!: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/concentra-te-ruben.html
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