Mudam-se os tempos, mantém-se a
qualidade. Silas apareceu entre os grandes do futebol português na segunda
metade de 2001, fazendo parte de uma belíssima equipa da União de Leiria, onde
também pontificavam Costinha, Bilro, Éder, Nuno Valente, João Manuel, Tiago,
Maciel e Derlei, orientada por José Mourinho.
Treze anos depois, aos 38, voltou
ao clube que o formou, o Atlético. No currículo contava já com passagens por
Inglaterra, Chipre e clubes com algum gabarito em Portugal, como Marítimo e
Belenenses.
Na passada quarta-feira tive o prazer de o poder ver em ação, ao vivo, no Estádio da Tapadinha, frente ao Leixões. Estaria este antigo internacional português por três vezes a
arrastar-se no segundo escalão português?
Nada disso. Aliás, bem pelo
contrário. É bem conhecido o estilo da nossa Liga2: pontapé para a frente,
disputa de primeira bola, disputa de segunda bola e repetição do mesmo. Entre
chutões e repelões, quando a redondinha chegava aos pés de Silas, a face do
jogo mudava.
Um futebol rendilhado, um gosto
por manter o esférico à flor da relva, uma visão de jogo periférica, uma
capacidade fantástica de tomar decisões que criava espaços para si ou para os colegas. E se tivesse de embalar em velocidade, revelava-se mais rápido do
que adversários dez ou quinze anos mais jovens.
Com naturalidade, esteve no
primeiro golo da sua equipa, que o próprio apontou. Ele, o ‘10’ da equipa,
tabelou com o avançado, entrou dentro da área, passou por um adversário como
faca quente e manteiga e concluiu o lance com uma finalização certeira, só ao alcance da mestria e
da frieza de um grande jogador.
O futebol dos alcantarenses
tornava-se mais rápido e bonito nos seus pés. Mas impunha-se a questão:
Aguentaria o ritmo durante os 90 minutos? É verdade que após o intervalo passou
por um período mais apagado, mas após o segundo golo da sua equipa (66
minutos), voltou a aparecer com o mesmo discernimento, a mesma qualidade e até
a mesma velocidade com que tinha encantado os espetadores na primeira.
Velhos são os trapos ou é como o vinho do Porto são chavões que se lhe aplicam com toda a justiça. Tudo
parece mais fácil quando a bola chega aos seus pés. Que jeito ainda daria a
várias equipas da I Liga.
Penso que o Silas com um pouco mais de sorte poderia ter tido uma carreira melhor. Mas sempre gostei do futebol dele. E histórias de craques que regressam às origens, por mais humildes que sejam, são sempre muito bonitas. Mostram uma grande paixão pelo futebol.
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