Médio Paulinho voltou à Sanjoanense em janeiro de 2020 |
Passou sete anos no FC
Porto, jogou com Rúben Neves meses antes de este chegar à equipa principal,
estreou-se pelos seniores da Sanjoanense pela mão de Pepa aos 16 anos, passou
por Liverpool, Wolverhampton e República Checa e no início do ano passado
regressou ao histórico clube de São João da Madeira.
Em entrevista, o médio Paulinho
passa em revista uma carreira ainda curta, mas já com boas histórias para
contar, com nomes como Mario
Balotelli, Jurgen Klopp, Philippe Coutinho e Pedro Gonçalves (Pote) como
protagonistas.
RUI COELHO - O Paulinho leva 13 jogos e um golo na Série D do Campeonato
de Portugal ao serviço da Sanjoanense na presente temporada, marcada pelas
dificuldades criadas pela Covid-19.
Como está a correr a época?
PAULINHO - Foi um início de
temporada atípico, pois estivemos muitos meses sem jogar. Nos primeiros jogos
isso sentiu-se, mas agora tem estado a correr bem. Sinto-me bem e a equipa
também está bem, com apenas uma derrota até ao momento.
Como tem sido trabalhar com o mister Sérgio Machado?
Tem sido bom, foi o primeiro
treinador que tive desde que regressei a Portugal, depois de quase cinco anos
fora. Tenho jogado sempre e é isso que um jogador quer.
Perante uma Série D bastante competitiva e repleta de clubes vizinhos e
rivais, quais são as expetativas e as ambições da Sanjoanense?
Sim, é talvez a série mais
competitiva do Campeonato
de Portugal, mas é disso que gostamos e é o que nos faz crescer enquanto
jogadores e equipa. Todas as semanas defrontamos boas equipas. O nosso objetivo
é andar nos cinco primeiros lugares, entramos em cada jogo para vencer.
A Sanjoanense é um clube histórico do futebol português, que já esteve
na I
Divisão. Qual é sentimento de representar este clube que tanto lhe diz?
É um clube enorme, com uma
história muito grande e para mim é um orgulho vestir a camisola da Sanjoanense,
sendo o clube da minha terra e onde o meu pai também jogou, por isso sinto-me
feliz por representar o clube que gosto.
O Paulinho é um médio. Como se descreve como jogador?
Não gosto muito de falar sobre
mim, mas sou um médio mais ofensivo, com bom passe e visão de jogo.
“Fui muito feliz e ganhei muita coisa no FC Porto”
Foram anos muito bons, estive
sete anos no FC
Porto, onde fui muito feliz e ganhei muita coisa. Aquilo que sou como
jogador devo muito a esses anos.
Em 2013-14, quando jogava nos juvenis do FC
Porto, o Paulinho teve companheiro de Rúben Neves, que meses depois deu o salto
para a equipa principal. Ficou surpreendido com um salto tão grande numa altura
em que ele tinha apenas 17 anos?
Claro que ninguém esperava a
rapidez do salto dele, mas era uma coisa que ia acabar por acontecer, pois
sempre teve muita qualidade.
Quais são as melhores memórias que guarda dos anos que passou no FC
Porto?
Tenho muitas mesmo, ganhávamos
muitos torneios, onde em alguns deles recebia o prémio de melhor jogador, o que
era sempre um motivo de orgulho e felicidade.
No primeiro ano de sénior, na Sanjoanense, foi orientado por Pepa,
agora no Paços
de Ferreira. O que achou dos métodos e ideias dele? Alguma vez pensou que
ele conseguiria atingir a I
Liga?
O mister Pepa deu-me a
oportunidade de me estrear nos seniores da Sanjoanense aos 16 anos, no Campeonato
de Portugal. Tenho grandes memórias dessa época, em que aprendi muito. É um
grande treinador, que mantinha sempre o grupo unido e motivado. Não me
surpreende que esteja onde está e o sucesso que está a ter.
“Balotelli chutou a bola com toda a força para fora do centro de treinos e pensei: é mesmo maluco”
Paulinho esteve no Liverpool entre 2015 e 2018 |
Depois dessa época positiva em São João da Madeira, surgiu o convite do
Liverpool. Como surgiu a possibilidade de se mudar para um dos maiores clubes europeus?
Soube através de um diretor da Sanjoanense
e fiquei muito feliz, como é normal, mas sempre tive os pés bem assentes na
terra.
Como foi recebido no Liverpool e que pessoas mais o ajudaram no clube?
Não foi fácil. Saí de casa aos 17
anos para um país diferente, onde não conhecia ninguém. Felizmente conheci o
Toni Gomes, que também lá jogava, e fizemos uma amizade muito forte que se
mantém até hoje. Apoiámo-nos um ao outro nos momentos mais difíceis.
Qual foi o jogador da equipa principal do Liverpool que mais te
impressionou?
Impressionaram-me vários. Tive o
privilégio de treinar com o Philippe Coutinho e era sem dúvida aquele que
sobressaía mais, é fantástico.
No Liverpool o Paulinho teve como companheiro de equipa Rafael Camacho, que agora foi emprestado pelo Sporting ao Rio Ave.
Acha que ele devia ter mais oportunidades no Sporting?
Apesar de o “Rafa” ser mais novo
do que eu, já dava para ver que tinha muita qualidade, mas o treinador do Sporting
lá terá as suas razões.
Tem alguma história mais engraçada do tempo em que jogou no Liverpool que
nos possa contar?
Lembro-me de uma no meu primeiro
ano lá. A equipa de sub-23 treinou com os que não tinham sido convocados da equipa
principal, entre eles o Mario
Balotelli. Estávamos a fazer um exercício no treino e, quando o treinador
apita para o fim, ele pegou numa bola e chutou-a com toda a força para o ar, tendo
a bola saído do centro de treinos, o que dava uma multa de 200 libras.
Lembro-me de ter pensado: este é mesmo maluco.
Um dos momentos mais altos em Inglaterra foi efetivamente, a chamada à
equipa principal do Liverpool, orientada na altura já pelo atual treinador,
Jürgen Klopp. O que nos pode confidenciar em relação a ele? Já levou alguma
repreensão ou um dos famosos calduços?
Foi um momento de muito orgulho
ver o meu nome na camisola do Liverpool, estar a partilhar o balneário com
jogadores de top mundial e observar o que fazem. Klopp é um treinador muito
exigente, os treinos eram sempre no máximo e é por isso que o Liverpool é uma
grande equipa. Além de bons jogadores, têm muita intensidade.
“Eu e o Pote fomos campeões da Premier League sub-23. Ele tem muita qualidade”
Paulinho e Pote no Wolverhampton em 2018-19 |
Entretanto o Paulinho mudou de clube em Inglaterra,
rumando ao Wolverhampton, onde encontrou um grande contingente português. Um
dos jogadores com que partilhou o balneário foi o Pedro Gonçalves (Pote),
atualmente ao serviço do Sporting.
O que nos pode contar acerca dele?
Depois de três épocas em
Liverpool, vou para o Wolves, onde pude privar e treinar com muitos
portugueses. Eu e o Pote fizemos parte
da equipa de sub-23 e fomos campeões da Premier
League Sub-23. Ele tem muita qualidade e está a fazer uma grande época.
Ainda antes de regressar à Sanjoanense, passou pelo Pribram, equipa da I
Liga da República Checa. O que o levou a aceitar o convite e quais foram as
maiores dificuldades que enfrentou?
Depois de sair do Wolverhampton,
o Pribram foi a equipa que achei que fosse boa para continuar a minha carreira,
numa primeira liga, mas acabou por não o ser. Aconteceram muitas coisas que me
levaram a voltar a Portugal, porque para estar fora do nosso país tem que valer
a pena.
Agora numa fase mais estável da carreira, aos 23 anos, ainda pensa em voos mais
altos?
Agora penso mais no presente e no
agora. Sinto-me bem e feliz, e é isso que importa para mim, mas claro que tento
sempre melhorar e evoluir. Depois o futuro dirá o que acontece.
Entrevista realizada por Rui Coelho
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