“O Aldemar caiu
do céu”. Foi desta forma que o presidente
e treinador do FC Setúbal, Mário Leandro, expressou a sua admiração pelo
ponta de lança colombiano em dezembro de 2016, meses depois de o ter
contratado.
Não era para menos, tendo em
conta a média de um golo por jogo que o atacante patenteava na II Divisão
Distrital da AF
Setúbal. Mas não era só a veia goleadora do dianteiro
sul-americano que impressionava. Também a enorme capacidade física que o fazia
levar a melhor sobre as defesas em velocidade, nas bolas divididas e no futebol
aéreo. Foi afetado por uma fratura de stress durante a segunda metade da época,
mas ainda assim somou perto de duas dezenas de remates certeiros e ajudou os
sadinos a subir de divisão.
Antes, jogava no Uniautónoma,
clube do seu país que foi vendido após ter sido despromovido à II Divisão, o
que tornou o avançado num jogador livre. Com o objetivo de atuar na Europa e
com uma rede de empresários de olhos postos nele, chegou a Setúbal
depois de aconselhado pelo agente do compatriota Riascos, central que na altura
já atuava pelo emblema
da Bela Vista.
Alde
Garcia, como é agora mais conhecido, aterrou em Portugal com um visto
turístico no verão de 2016, mas depois assinou contrato de trabalho e seguro
profissional em janeiro do ano seguinte. Nessa altura, vivia num apartamento
com outros companheiros de várias nacionalidades, entre eles o guarda-redes
brasileiro Thierry Santos, que em 2018-19 representou o Estrela Vendas
Novas. “São muito unidos. Cozinham, limpam e as famílias ajudam”, contou
na altura Mário Leandro.
Não foi fácil deixar a família e
o país natal, mas a esperança de concretizar o sonho falou mais alto. “O meu
grande sonho é jogar futebol profissional na I Divisão. É o meu sonho de
pequeno. Tenho a ambição de consegui-lo”, afirmou o avançado,
que atribui o mérito dos seus golos a Deus. “Agradeço-lhe tudo o que tem
acontecido na minha vida”, vincou, em
declarações a O Setubalense proferidas em dezembro de 2016.
À procura da afirmação no Alentejo
Depois de ter ajudado o FC
Setúbal a sagrar-se campeão da II Divisão Distrital e ascender
ao patamar
maior da AF Setúbal, Alde
Garcia permaneceu mais uma época no clube, e apesar dos problemas
físicos persistirem e de jogar num nível superior, voltou a mostrar qualidade e
golos.
Após dois anos no clube do bairro
da Bela Vista, o avançado colombiano mudou-se para o Estrela Vendas Novas, dos
distritais da AF
Évora, mas sentiu dificuldades em afirmar-se. A meio da temporada
transferiu-se para O
Grandolense, onde recuperou a confiança, tendo apontado dez golos na I
Distrital da AF Setúbal.
A boa campanha na vila do litoral
alentejano valeu-lhe o convite para representar o Lusitano Évora SAD no
Campeonato de Portugal, mas não apresentou golos (em sete jogos) e rescindiu em
outubro. Cerca de um mês depois, surgiu como reforço do Mineiro
Aljustrelense, clube da mesma divisão e série dos eborenses, mas voltou a
não apresentar números.
Porém, em 2020-21 vai voltar aos
distritais da AF
Évora e ao Estrela Vendas Novas para tentar reapresentar a sua melhor
versão. Aos 27 anos, poderá já não ir a tempo de voos muito altos, mas será na
cidade das afamadas bifanas que Alde
Garcia vai procurar matar a fome de golos.
Fã de Ronaldo ‘Fenómeno’ e comparado a Slimani
Alde
García tem como ídolo o brasileiro Ronaldo, apelidado de ‘Fenómeno’,
mas também admira os compatriotas Radamel
Falcao e Teo Gutiérrez, curiosamente dois avançados que já jogaram em
Portugal, o primeiro ao serviço do FC
Porto e o segundo com a camisola do Sporting.
No entanto, era num argelino que
o seu ex-treinador encontrava semelhanças no estilo de jogo. “Ele é muito
humilde, concentrado e profissional. É extraordinário. É um avançado com muita
força e potência. Podemos dizer que daqui a uns seis meses pode ser um
segundo Slimani”, considerou Mário
Leandro em dezembro de 2016.
“Vai ao combate, pressiona a
defesa, obriga-os a jogar mal, é forte de cabeça e sabe segurar a bola. Tem
muitas qualidades e a maior delas é a qualidade humana, a educação e o saber
estar. É um miúdo fantástico. Ele chegou muito mal fisicamente e não parava de
trabalhar. Quer trabalhar e ganhar”, acrescentou o
fundador e ainda presidente e treinador do FC Setúbal.
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