Os dérbis do Minho são sempre
quentinhos. Não só pela proximidade geográfica, mas todo um trajeto em paralelo
e simultaneamente com vários pontos em comum as datas de fundação – Sp.
Braga em 1921 e Vitória
no ano seguinte -, os primórdios nos campeonatos regionais, as presenças
assíduas na I Divisão, a afirmação no pós-25 de abril e a presença regular nas
competições europeias a partir do final da década de 1990.
E se os bracarenses
se têm assumido como quarta força do futebol português no que concerne a
resultados desportivos, os vimaranenses
ripostam com uma moldura humana de fazer inveja no D.
Afonso Henriques independentemente da classificação da equipa.
As minhas primeiras memórias de
dérbis do Minho remontam até ao verão de 2003. Chamou-me a atenção o facto de Sp.
Braga e Vitória
se terem defrontado por duas vezes na pré-temporada e de os resultados terem
sido completamente antagónicos.
A 7 de agosto, no Estádio 1º de
Maio, o Sp.
Braga venceu por 2-0, com golos de Castanheira (6 minutos) e Narcisse (66’).
“Anfitriões e mandões”, titulou o jornal O
Jogo.
“O Braga
foi anfitrião e mandão na receção ao vizinho Guimarães,
no penúltimo compromisso de ambos da pré-época e que serviu para os arsenalistas
se mostrarem à sua massa adepta. Com a vindima de pontos quase à porta, a
equipa de Jesualdo Ferreira foi, verdade seja dita, a que deixou melhores e
claras indicações do que poderá vir a fazer quando a bola começar a rolar a sério.
A formação da casa quase monopolizou os 45’ iniciais, jogando a seu bel-prazer
e criando situações de golo suficientes para sentenciar, desde logo, o amistoso”,
podia ler-se no texto da crónica, que como se pode depreender colocou o Sp.
Braga de Jesualdo Ferreira bastantes furos acima do Vitória
de Guimarães de Augusto Inácio.
Porém, o anfitrião mandão
tornou-se um visitante mansinho apenas seis dias depois, quando se deslocou ao
Estádio D. Afonso Henriques e foi goleado por 5-1. Hugo Cunha (9’), Flávio
Meireles (20’), Nuno
Assis (29’ e 40’) e Fangueiro (73’) marcaram os vitorianos, Barroso (47’)
para os bracarenses.
E como o que hoje é verdade,
amanhã já é mentira, os vimaranenses
que em Braga
tinham sido monopolizados, a 13 de agosto já estavam “prontos para a vindima”,
conforme titulava O Jogo, num texto
assinado pelo mesmo Adriano Palhau que tinha redigido a crónica do encontro da
semana anterior.
“A escassos dias do arranque da SuperLiga,
a equipa do Guimarães
deixou claro, diante do vizinho Braga,
que está apta para a vindima de pontos. Em noite de inspiração, e sob a batuta
de Nuno
Assis, autor de dois golos e um autêntico quebra-cabeças para o último
reduto arsenalista, os pupilos de Augusto Inácio desforraram-se, ainda, da derrota
de há uma semana, então na apresentação do Braga.
Se no 1º de Maio foi Augusto Inácio a ‘inventar’ do ponto de vista tático,
querendo conciliar jogadores com as mesmas características e vocacionados para
preencherem o mesmo espaço de jogo, ontem foi a vez de Jesualdo Ferreira dar um
ar da sua graça nesta matéria, com reflexos evidentes e avantajados no marcador”,
podia ler-se no texto.
A título de curiosidade, o Sp.
Braga foi quinto classificado no campeonato
que haveria de se seguir e garantiu o regresso às competições europeias após
seis anos de ausência. Já o Vitória
de Guimarães, que na época anterior terminou numa honrosa quarta posição, lutou
até à última jornada pela permanência, não indo além de um 14.º lugar. Nos
dérbis da I
Liga, o fator casa foi determinada: vitória dos bracarenses
em Braga
por 2-1 e dos vimaranenses
em Guimarães
por 1-0.
Curiosamente, não tenho grandes
memórias de dérbis do Minho nos anos seguintes em jogos oficiais. O que mais
recordo foi o de 2 de abril de 2010. Com o Sp.
Braga a lutar pelo título com o Benfica,
os arsenalistas
foram beneficiados com três grandes penalidades e quatro expulsões da equipa
adversária, tendo vencido na Pedreira por 3-2.
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