Quaresma entre Adalto e Bruno Ribeiro num jogo no Bonfim |
Mais de uma centena e meia de
jogos, a esmagadora maioria na I Divisão, fazem dos duelos entre FC Porto e Vitória
de Setúbal um clássico do futebol português.
Com os primeiros confrontos a remontarem
à década de 1930, dragões e sadinos
já protagonizaram duas finais da Taça de Portugal e uma da Supertaça Cândido de
Oliveira, além de também se terem defrontado no Campeonato de Portugal e na
Taça da Liga.
Dos tempos das goleadas para
qualquer um dos lados ao longo período de hegemonia portista, passando por uma
trágica morte e por empates recheados de golos nas décadas de 1980 e 1990, há
uma história vasta e fica nas partidas entre azuis e brancos e vitorianos.
Vale a pena recordar os grandes
clássicos entre os dois clubes. Veja aqui a nossa seleção de dez mais
marcantes, por ordem cronológica.
14 de janeiro de 1940 – I
Divisão (1.ª jornada)
A participação do FC Porto no
campeonato de 1939-40 chegou a estar em dúvida, devido a uma batalha
administrativa com o Académico do Porto relativamente a um jogo do Campeonato
Regional do Porto, mas a Federação Portuguesa de Futebol resolveu o assunto ao alargar
a competição para 10 equipas.
Porém, os dragões não se fizeram
rogados e aplicaram uma das maiores goleadas de sempre da I Divisão portuguesa
logo na jornada inaugural. Os estreantes jugoslavos Petrak (68, 68 e 77
minutos) e Kordnya (2', 24' e 44') apontaram um hat trick cada. Santos (3' e 61'), Carlos Nunes (16') e Gomes da
Costa (69' e 84') fizeram os restantes golos.
No final dessa época, o FC Porto
foi campeão e os sadinos
terminaram na última posição.
16 de junho de 1968 – Taça de
Portugal (final)
O Vitória
marcava presença no Jamor pela quarta época consecutiva, mas foi incapaz de
repetir os feitos de 1965 e 1967, quando bateu Benfica e Académica na final.
Pedras até inaugurou o marcador
para os sadinos
logo aos cinco minutos, de cabeça, mas o FC Porto, orientado por José Maria
Pedroto, deu a volta ao texto ainda na primeira meia hora, com golos de
Valdemar de livre direto (15') e de Francisco Nóbrega na sequência de um canto
(25'), e voltou a ganhar um troféu após nove anos de jejum.
Coube ao Presidente da República,
Américo Tomás, entregar a Taça ao capitão portista Custódio Pinto.
9 de novembro de 1969 – I
Divisão (7.ª jornada)
Acabado de sair do FC Porto, onde
tinha vencido uma Taça de Portugal precisamente frente ao Vitória,
o treinador José Maria Pedroto prosseguiu a carreira no Bonfim.
No reencontro com a antiga equipa, os seus homens golearam implacavelmente os
dragões por 5-0 em Setúbal.
Jacinto
João (9 e 83 minutos), Wágner (28'), Figueiredo (55') e Valdemar na própria
baliza (88') apontaram os golos dos sadinos
diante de uns portistas orientados pelo romeno Elek Schwartz.
16 de dezembro de 1973 – I
Divisão (13.ª jornada)
13.ª jornada, minuto 13: “Pavão
fez um passe e depois morreu”, descreveu o JN. Após ter feito um passe para
Oliveira, que se desmarcava na direita, o médio portista tombou no relvado. “50
mil pessoas acabavam de ovacionar a sua última jogada. Foi Oliveira quem
recebeu o seu derradeiro passe. Da relva para a maca, desta para o balneário e
daqui para a ambulância que o conduziu vertiginosamente para o Hospital de São
João - foi este, em resumo, o princípio e o fim do drama que enlutou a festa
das Antas”, resumia o DN no dia seguinte.
Sem que se soubesse do estado de
saúde do jogador, o jogo continuou normalmente e o FC Porto ganhou ao então
líder Vitória
de Setúbal por 2-0, com golos de Abel Miglietti (16 minutos) e Marco
Aurélio (72').
Após alguma especulação, a causa
do falecimento do jogador só foi conhecida em janeiro de 1974. Foi estenose aórtica,
uma patologia do coração, que provocou a sua paragem cardíaca. Com essa doença,
"Pavão nunca devia ter jogado futebol", escreveu a imprensa da época.
10 de outubro de 1987 – I
Divisão (7.ª jornada)
O FC Porto tinha acabado de
conquistar o título europeu e o Vitória
de ser promovido à I Liga após ter participado na II Divisão pela primeira vez
em 25 anos. Embora não vivessem nos tempos áureos, os sadinos
tinham uma equipa de grande qualidade, onde pontificavam alguns campeões pelo
Sporting em 1981-82 como o treinador Malcolm Alisson e Mészáros, Eurico e Manuel
Fernandes, e fizeram a vinda negra aos dragões.
Os azuis e brancos nunca
estiveram em desvantagem, mas os vitorianos
nunca se conformaram. Rabah Madjer, que meses antes tinha assinado um golo de
calcanhar na final da Taça dos Campeões Europeus em Viena, bisou logo no quarto
de hora inicial (11 e 15 minutos). José Rafael reduziu ainda antes da meia hora
(28'), mas Celso fez o 1-3 logo a seguir de grande penalidade (30'). Nada que
abalasse os setubalenses,
que reduziram antes do intervalo, por Manuel
Fernandes (38'), e chegaram ao empate no arranque do segundo tempo, por
intermédio de Vítor Madeira (46'). Rui Barros, em época de estreia pelo FC
Porto, devolveu a vantagem aos portistas (60'), mas Manuel
Fernandes voltou a marcar já na reta final da partida, igualando novamente
o encontro (83').
7 de maio de 1989 – I Divisão
(36.ª jornada)
24 de março de 1994 – I Divisão
(24.ª jornada)
Mais um jogo de muitos golos e
emoções fortes no Bonfim.
À partida para essa jornada, o Vitória
ocupava o primeiro lugar da zona de despromoção, enquanto o FC Porto estava a
quatro pontos do líder Benfica, mas isso só se notou durante os primeiros 35
minutos.
Os dragões tiveram uma entrada
avassaladora na partida, inaugurando o marcador aos 2 minutos por Drulovic,
ampliando a vantagem por Kostadinov aos 7' e aos 34', em três lances em que a
defesa vitoriana revelou grande passividade. Porém, a alma sadina voltou a ser
enorme. Depois de Chiquinho Conde ter reduzido à beira do intervalo (45'),
Paulo Gomes marcou de penálti no início da segunda parte (53') e o avançado
moçambicano voltou a marcar à passagem da hora de jogo, estabelecendo a
igualdade através de um chapéu a Vítor Baía.
Após essa partida memorável, o Vitória
de Raul Águas operou uma recuperação incrível na classificação, terminando o
campeonato num honroso 6.º lugar, às portas da qualificação europeia. Já o FC
Porto de Bobby Robson manteve-se invicto até ao fim da temporada e ainda foi a
tempo de ultrapassar o Sporting na segunda posição e de bater os leões na final
da Taça de Portugal.
25 de agosto de 1996 – I
Divisão (1.ª jornada)
O FC Porto era bicampeão nacional
e o Vitória
tinha acabado de regressar da II Liga, mas nada disso contou nas Antas, na
jornada inaugural do campeonato.
Os sadinos,
orientados por Mário Reis, abriram o ativo aos 16 minutos, por Chiquinho Conde,
na recarga a um remate que o guarda-redes polaco Wozniak não segurou. Já no
segundo tempo, Cândido defendeu um penálti executado por Domingos
e Chiquinho Conde bisou aos 71'. O cenário de derrota já pairava na Invicta e
os adeptos portistas já abandonavam as bancadas, mas o estreante Mário Jardel
reduziu aos 87 minutos e já na em tempo de compensação Domingos aproveitou uma
bola perdida na área sadina para dar o empate ao FC Porto de António Oliveira
(90+4').
“Individualmente e coletivamente
não estivemos bem. Tivemos a felicidade de conseguir empatar”, admitiu o
treinador portista.
14 de maio de 2006 – Taça de
Portugal (final)
38 anos depois, os dois clubes
reencontraram-se no Jamor, com a coincidência de o Vitória
voltar a apresentar-se na final na condição de detentor do troféu. Porém, do
outro lado estava um FC Porto na mó de cima, que dominava o futebol português e
tinha a hipótese de fazer a dobradinha.
Numa primeira parte de pouca
qualidade, os sadinos
adotaram uma postura defensiva, mas criaram uma ocasião flagrante através de um
remate de Carlitos à trave. Pouco depois, à beira do intervalo, o avançado
portista Adriano marcou o golo solitário que decidiu o encontro a favor dos
portistas, respondendo com um cabeceamento certeiro ao primeiro poste a um
grande cruzamento de Quaresma,
aos 39 minutos.
A partida ficou ainda marcada por
confrontos entre adeptos portistas e a polícia, após o rebentamento de três
petardos e o arremesso de cadeiras na zona onde se encontrava a claque dos
Super Dragões.
19 de agosto de 2006 –
Supertaça Cândido de Oliveira
Três meses depois de terem
fechado a época 2005-06 no Jamor, FC Porto e Vitória
reencontraram-se no arranque oficial da temporada 2006-07 em Leiria, para a
discussão da Supertaça.
Na semana que antecedeu a
partida, o treinador holandês Co Adriaanse deixou o FC Porto após ter comandado
a equipa na pré-época e foi Rui Barros quem interinamente ficou à frente da
equipa enquanto Jesualdo Ferreira não era anunciado como novo técnico dos
dragões.
Apesar da instabilidade e de uma
primeira parte pouco conseguida, o FC Porto assegurou a conquista do triplete e da 15.ª Supertaça ao marcar três
golos sem resposta na segunda parte. O primeiro foi da autoria de Adriano,
através de um pontapé de bicicleta, aos 53 minutos. Anderson fez o segundo, a
passe de Alan (74'). E para sentenciar o resultado, o estreante Vieirinha
saltou do banco para apontar um golo de belo efeito (89').
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