quarta-feira, 13 de março de 2019

É tudo tão diferente na Libertadores

A Libertadores 2019 vai decidir-se em final única, no Chile
Aqui na Europa, a Liga dos Campeões tem um certo glamour. Estádios engalanados, hino imponente, os melhores jogadores e treinadores do planeta, equipas com enorme história, milhões e milhões de euros em cada par de pernas, sponsors conceituadíssimos e prémios exorbitantes. E para lá se chegar, além do direito desportivamente alcançado, é necessário passar em pré-requisitos apertados como a qualidade das instalações ou o fair play financeiro. Só a elite, a nata europeia dentro e fora das quatro linhas, consegue participar.


Mas não é assim, nem sequer parecido, em todos continentes. A congénere sul-americana, a Libertadores, é uma montra onde se exibiram alguns dos melhores jogadores de todos os tempos e até tem um formato idêntico – 32 equipas numa fase de grupos, depois mata-mata a duas mãos -, mas não há só um oceano (Atlântico) a separá-la da Champions League. Há um mundo de diferença entre as duas competições.

Bem recentemente, dei por mim a ver o Huracán-Cruzeiro da primeira jornada da fase de grupos. No Estádio Tomás Adolfo Ducó, grande parte das bancadas não tinham assentos, algo que já nem é permitido sequer na II liga portuguesa. E a separar espetadores do (remendado) relvado, estava uma vedação coberta por… arame farpado, algo que dificilmente se verá sequer em campeonatos distritais em Portugal. E como chovia, não só se viam adeptos de guarda-chuva, algo proibido nas ligas profissionais lusas, como as imagens televisivas da transmissão chegavam com humidade e até mesmo gotas de água.

Ao cenário dominante de estádios que para a Europa seriam considerados inoperacionais ou pelo menos obsoletos, escapam os brasileiros. O Mundial 2014 obrigou à construção de recintos modernos, e alguns dos grandes clubes cujos estádios não acolheram a Copa não quiseram ficar atrás e acabaram por também construir novos palcos, como Atlético Mineiro, Grêmio e Palmeiras.

Diferença entre os prémios monetários da Liga dos Campeões e da Libertadores

E depois das diferenças abismais bastante notórias, surgem as de pormenor, como o facto de as jornadas serem distribuídas por terça, quarta e quinta-feira e se jogarem mesmo em semanas de concentração de jogadores nas seleções nacionais. E por força de a CONMEBOL ter apenas dez federações, este ano há sete equipas brasileiras em prova e uma outra (São Paulo) que ficou pelo na caminho na pré-Libertadores - argentinas são seis mais o Talleres, que já foi afastado. E o que dizer dos prémios monetários? Uma presença nos oitavos de final vale praticamente o mesmo do que um empate na fase de grupos da Liga dos Campeões, ser finalista vencido rende cerca de três vezes menos e sagrar-se campeão dá direito a pouco mais de metade do que recebe o vencedor da Champions.

Por fim, no aspeto desportivo, notam-se equipas menos organizadas, sem a qualidade tática das europeias, deixando muitos pormenores a cargo do aleatório. Mas foi neste tipo de contextos quase rudimentares que nasceram grandes craques: Pelé, Maradona, Cubillas, Zico, Cafu, Crespo, Francescoli, Tévez, Verón e Neymar, só para citar alguns.















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