Rúben Nicolau quer ajudar o Comércio a subir de divisão |
Rúben, avançado do
Comércio e Indústria, teve no domingo uma tarde inesquecível que
tinha tudo para não acontecer. Os cinco golos ao Juventude
Cercalense – quatro dos quais no espaço de cinco minutos, “de um
momento para o outro” -, na goleada fora por 6-0 na jornada
inaugural da II Distrital, escondem uma história de superação e de
um trajeto pouco comum.
Talvez seja mais comum
ver um jogador de campo transformar-se em guarda-redes – aconteceu
com quase todos os grandes guardiões mundiais. O mais difícil de
encontrar é um guarda-redes que se tenha mudado para ponta de lança
(e se tenha dado bem). E ainda mais raro é descobrir um guarda-redes
de futsal que tenha virado ponta de lança no futebol 11. Rúben
começou na baliza de um clube de Setúbal, Os Verdes. Seguiu-se a
transição para as balizas de futebol, primeiro para as de futebol
7, no Ídolos da Praça e no Vitória de Setúbal, depois para as de
futebol 11, já no clube mais representativo da cidade do Sado. No
verão em que passou a juvenil, mudou-se para o Comércio e
Indústria, mas só no segundo ano desse escalão é que experimentou
jogar à frente.
“Tínhamos três
guarda-redes mas faltavam de jogadores de campo. E como o mister
Paulo Maurício viu que eu tinha bons pés, pediu-me para fazer um
jogo à frente para desenrascar. No primeiro jogo, marquei dois
golos. Nessa época fiz 28 golos em 28 jogos. Depois passei para os
juniores, com o mister Gonçalo Paulino, fomos campeões da II
Distrital mas tive uma lesão grave, uma ruptura do ligamento cruzado
anterior e meinisco interno e externo do joelho esquerdo. Tive dez
meses parado e só fiz 13 golos. Comecei a jogar pelos seniores
enquanto júnior de segundo ano, na época da descida à II
Distrital. Fiz três ou quatro golos, estava ainda na fase de
recuperação, com medo. Na época passada fiz 19 golos. Este ano
propus-me a fazer 35 golos. Agora quero ver se consigo chegar a essa
meta. Só faltam 30...", contou a O Blog do David, na
ressaca da manita em Cercal do Alentejo, no Campo da Boa Vontade.
Boa vontade é
precisamente o que não falta ao agora ponta de lança de 20 anos.
“Na época passada fui à procura do póquer, mas não consegui –
fiz dois hat tricks. Gosto sempre de superar os meus limites e de pôr
objetivos. Este ano, começar logo assim, é muito bom para mim e
para a minha evolução. É o concretizar de um dos meus objetivos”,
vincou o futebolista, que nunca tinha apontado tantos golos num jogo.
Os parabéns de Nandinho e a subida como objetivo
Rúben Nicolau quer chegar aos 35 golos em 2018/19 |
Rúben marcou cinco golos
no domingo, mas lembra-se das jogadas de todos. O primeiro (42
minutos) e o terceiro (45+1') surgiram na sequência de ressaltos, o
quarto no seguimento de um canto (47') e o quinto na conversão de
uma grande penalidade a castigar falta sobre o próprio (89'), mas é
o segundo o que elege como o melhor daquela tarde inesquecível: “Foi
uma jogada de antecipação e de finalização”, contou o avançado,
que nesse lance recuperou uma bola a meio-campo, isolou-se e bateu o
guarda-redes adversário (45').
O feito valeu-lhe a
felicitação do seu veterano companheiro Nandinho, 43 anos, antigo
jogador de Salgueiros, Alverca e Vitória de Setúbal, pelo qual
conquistou uma Taça de Portugal (2004/05). Juntos, com a companhia
do antigo defesa vitoriano e boavisteiro Mário Loja, 40 anos, e
restantes colegas de equipa, esperam devolver o Comércio e Indústria
à I Distrital. “Na época passada não subimos por um ponto. Foi
pena, porque no conjunto das duas fases fizemos mais 18 pontos do que
o Oriental Dragon, mas é assim, o que contava era a segunda fase.
Não entrámos tão bem como entrámos na primeira fase e perdemos
alguns pontos. Este anos teremos de remediar isso. Estamos a fazer de
tudo para subir de divisão”, rematou o goleador sadino de 1,88 m,
natural do bairro da Terroa.
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