quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Da baliza de futsal aos cinco golos na 1.ª jornada da II Distrital com uma ruptura de ligamentos pelo meio

Rúben Nicolau quer ajudar o Comércio a subir de divisão
Rúben, avançado do Comércio e Indústria, teve no domingo uma tarde inesquecível que tinha tudo para não acontecer. Os cinco golos ao Juventude Cercalense – quatro dos quais no espaço de cinco minutos, “de um momento para o outro” -, na goleada fora por 6-0 na jornada inaugural da II Distrital, escondem uma história de superação e de um trajeto pouco comum.

Talvez seja mais comum ver um jogador de campo transformar-se em guarda-redes – aconteceu com quase todos os grandes guardiões mundiais. O mais difícil de encontrar é um guarda-redes que se tenha mudado para ponta de lança (e se tenha dado bem). E ainda mais raro é descobrir um guarda-redes de futsal que tenha virado ponta de lança no futebol 11. Rúben começou na baliza de um clube de Setúbal, Os Verdes. Seguiu-se a transição para as balizas de futebol, primeiro para as de futebol 7, no Ídolos da Praça e no Vitória de Setúbal, depois para as de futebol 11, já no clube mais representativo da cidade do Sado. No verão em que passou a juvenil, mudou-se para o Comércio e Indústria, mas só no segundo ano desse escalão é que experimentou jogar à frente.


“Tínhamos três guarda-redes mas faltavam de jogadores de campo. E como o mister Paulo Maurício viu que eu tinha bons pés, pediu-me para fazer um jogo à frente para desenrascar. No primeiro jogo, marquei dois golos. Nessa época fiz 28 golos em 28 jogos. Depois passei para os juniores, com o mister Gonçalo Paulino, fomos campeões da II Distrital mas tive uma lesão grave, uma ruptura do ligamento cruzado anterior e meinisco interno e externo do joelho esquerdo. Tive dez meses parado e só fiz 13 golos. Comecei a jogar pelos seniores enquanto júnior de segundo ano, na época da descida à II Distrital. Fiz três ou quatro golos, estava ainda na fase de recuperação, com medo. Na época passada fiz 19 golos. Este ano propus-me a fazer 35 golos. Agora quero ver se consigo chegar a essa meta. Só faltam 30...", contou a O Blog do David, na ressaca da manita em Cercal do Alentejo, no Campo da Boa Vontade.

Boa vontade é precisamente o que não falta ao agora ponta de lança de 20 anos. “Na época passada fui à procura do póquer, mas não consegui – fiz dois hat tricks. Gosto sempre de superar os meus limites e de pôr objetivos. Este ano, começar logo assim, é muito bom para mim e para a minha evolução. É o concretizar de um dos meus objetivos”, vincou o futebolista, que nunca tinha apontado tantos golos num jogo.

Os parabéns de Nandinho e a subida como objetivo

Rúben Nicolau quer chegar aos 35 golos em 2018/19
Rúben marcou cinco golos no domingo, mas lembra-se das jogadas de todos. O primeiro (42 minutos) e o terceiro (45+1') surgiram na sequência de ressaltos, o quarto no seguimento de um canto (47') e o quinto na conversão de uma grande penalidade a castigar falta sobre o próprio (89'), mas é o segundo o que elege como o melhor daquela tarde inesquecível: “Foi uma jogada de antecipação e de finalização”, contou o avançado, que nesse lance recuperou uma bola a meio-campo, isolou-se e bateu o guarda-redes adversário (45').

O feito valeu-lhe a felicitação do seu veterano companheiro Nandinho, 43 anos, antigo jogador de Salgueiros, Alverca e Vitória de Setúbal, pelo qual conquistou uma Taça de Portugal (2004/05). Juntos, com a companhia do antigo defesa vitoriano e boavisteiro Mário Loja, 40 anos, e restantes colegas de equipa, esperam devolver o Comércio e Indústria à I Distrital. “Na época passada não subimos por um ponto. Foi pena, porque no conjunto das duas fases fizemos mais 18 pontos do que o Oriental Dragon, mas é assim, o que contava era a segunda fase. Não entrámos tão bem como entrámos na primeira fase e perdemos alguns pontos. Este anos teremos de remediar isso. Estamos a fazer de tudo para subir de divisão”, rematou o goleador sadino de 1,88 m, natural do bairro da Terroa.












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