Ricardo Jesus de regresso à I Distrital duas épocas depois |
Na última década, apenas por uma
vez o Alfarim não ficou na primeira metade da tabela, precisamente na época
passada, em que terminou no 12.º posto. Nesse
período, contabilizou dois terceiros lugares (2006/07 e 2015/16) e três quartos
(2010/11, 2012/13 e 2014/15) como posições mais honrosas.
Em busca de recuperar o velho
hábito, a direção liderada pelo carismático José Dias fez regressar ao primeiro
escalão do futebol distrital Ricardo Jesus, ex-treinador de Quinta do Conde,
Sesimbra e Banheirense. “Há muita concorrência, muitos treinadores e poucos
clubes. O pessoal paga para trabalhar e acaba por engolir alguns sapos para
trabalhar. E eu não sou de engolir sapos, o que traz dissabores, pois os
dirigentes não gostam de ser contrariados. Esta paragem na I Distrital passou
muito por aí”, afirmou a O Blog do David.
A missão do jovem técnico de 37
anos tem na permanência o “foco principal”, mas sem esquecer o tal bom velho
hábito. “Nos últimos 10 anos, o Alfarim habituou-nos a boas classificações, à
exceção da época passada. A verdade é que este é um projeto novo e este é o ano
zero. O Alfarim perdeu algumas das suas primeiras linhas nos últimos anos e
está a construir um plantel praticamente a partir do zero. E os que ficaram não
vinham a ser titulares absolutos. É um plantel jovem, mas muito ambicioso e que
dá garantias de qualidade. Vamos tentar vencer todos os jogos, seja contra A, B
ou C, essa é a nossa filosofia. O que nos foi pedido foi a permanência, é o
foco principal. Depois, tentar chegar o mais acima possível num campeonato que
será o mais forte dos últimos 20 anos”, explicou o novo treinador dos alfarinheiros,
que em 2017/18 guiou o Quinta do Conde à fase de promoção da II Distrital.
Um clube “muito diferente”
No Centro Desportivo de Alfarim,
a escassos quilómetros da Praia do Meco, mora um clube que se confunde com uma
família, a família Dias. José, o patriarca, é o presidente. Ricardo foi
jogador, treinador e hoje é diretor. Marco é, por enquanto, o único
representante no plantel, depois das saídas de Tiago, André e Pedro. E há mais
na formação.
Alfarim quer permanência e ficar o mais acima possível |
O ambiente é, por isso, bastante
familiar. “É um clube muito de todos os outros em que trabalhei, com muita
gente envolvida no apoio diário à equipa e disponível para trabalhar, num clima
de estabilidade, em que dá gosto de trabalhar”, confessa Ricardo Jesus, ciente
de que tem de mostrar serviço: “Todos os clubes vivem de resultados e com o
passar do tempo essa pressão vai fazer-se sentir. Já tinha ouvido falar que o
Alfarim era um clube familiar, mas só vivendo por dentro é que dá para ter a
noção.”
E para se familiarizar mais com o
emblema do concelho de Sesimbra e com os jogadores à sua disposição, o
treinador começou a trabalhar ainda no final da época passada, tendo observado
os últimos jogos da equipa. “Alguns jogadores foram meus adversários, outros
não conhecia tão bem”, constatou. “Quanto aos reforços, conseguimos chegar a
uns, a outros não. Há uma aposta tremenda de clubes com capacidade financeira
anormal para esta divisão, que pagam valores difíceis de acreditar. Mas com as
condições que o Alfarim tem em termos de infraestruturas e equipamentos, houve jogadores
que optaram pelo nosso projeto em detrimento de outros com compensações
financeiras mais elevadas. Acredito que os reforços que chegaram vão
corresponder. Além de bons jogadores, são bons homens. Quando isso se conjuga,
tem tudo para dar certo”, frisou, agradado com o clube que o acolheu.
Pré-época na Taça AFS e promessa de pressão alta
Ricardo Jesus relembra que o Alfarim
foi “o último clube a começar a trabalhar, a 3 de setembro”, e que esse atraso
está a ser pago. “A fadiga é grande e a assimilação das ideias leva mais algum
tempo, devido ao cansaço. Mas a resposta tem sido fantástica e estamos a
aproveitar os jogos da taça para realizarmos a nossa pré-época, para testar jogadores e mecanizar o modelo nos
processos ofensivo e defensivo”, considerou o treinador natural do concelho da
Moita, que já garantiu a passagem aos oitavos de final da Taça AFS, após um empate no terreno do Beira-Mar Almada (1-1), vitórias caseiras sobre o Almada (5-2) e Pescadores (3-4) e uma goleada fora no dérbi com o Zambujalense (6-1). A receção ao Águas de Moura, no domingo (15.00), servirá apenas para cumprir calendário.
E a assimilação das ideias também
ainda “está longe” do que o técnico pretende porque está a implementar “um
modelo que não é muito utilizado”. “Os jogadores que encontrámos estão mais
habituados a jogar em contensão, a esperar pelo adversário, a jogar mais à
zona, e nós temos uma pressão muito mais alta, numa tentativa de roubar a bola
ao adversário o mais cedo possível e em fase adianta do campo, e isso leva
algum tempo. Estamos a anos-luz de render o que acreditamos que podemos render.
Seremos competitivos do primeiro ao último minuto e lutaremos sempre pelos três
pontos”, assegurou.
Em relação à subida de divisão,
aponta como principais candidatos Fabril e Barreirense “pelo historial e
passado recente”, Oriental Dragon pela aposta “forte em jogadores que vêm de
outras divisões e acrescentar muita qualidade a este campeonato”, Cova da
Piedade B porque “pode utilizar jogadores dos diversos plantéis e que dispõe” e
o Vasco da Gama do seu “amigo Vítor Madeira” por ser uma equipa “que se conhece
de trás para a frente e que já trabalha junta há muito tempo”.
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