Jorge Prazeres orientou Sintrense e Pêro Pinheiro em 2017/18 |
“Nós só vamos jogar para saber
quem é o segundo, porque o primeiro já é nosso”. A frase foi proferida em entrevista ao zerozero no
início da temporada passada pelo presidente do Fabril, Faustino Mestre, e teve
eco em todo o distrito.
No entanto, as expetativas foram
goradas. Desde cedo que a formação do Lavradio não acompanhou a pedalada de
Amora nem do vizinho e rival Barreirense, terminando o campeonato no último
degrau do pódio, a 25 pontos do campeão. Pelo meio, as saídas de dois
treinadores, José Carvalho e Flávio Santos, e uma autêntica debandada no
plantel no final de janeiro.
2018/19 também começou de forma
atribulada. Sérgio Boris, a primeira escolha da direção para o cargo de
treinador, rumou aos angolanos do Recreativo do Libolo a pouco mais de uma
semana do início dos trabalhos, tendo sido chamado Jorge Prazeres para o seu
lugar.
Bom arranque com plantel anda “à procura de criar laços”
Apesar de o plantel ter sofrido
bastantes alterações e da mudança de última hora, os fabrilistas têm demonstrado
o seu poderio na Taça da Associação de Futebol de Setúbal (AFS) com uma
vitória caseira sobre o U. Santiago (4-1) no arranque e outra no terreno do Sesimbra
(2-0) e vão confirmando o estatuto de forte candidato ao título de campeão.
“O Fabril, pela sua dimensão
histórica, é uma equipa que joga para ganhar em todas as competições que entra.
Estes dois primeiros resultados não têm um significado maior do que dois jogos
de preparação mais sérios. Este é um grupo novo, que tem 95 por cento de
jogadores novos, que ainda estão à procura de criar laços pessoais e de
dimensão técnico-tática, com um treinador novo, que não conhece esta divisão. É
o meu primeiro ano a treinar nos distritais e eu próprio estou a adaptar-me a
tudo isto”, começou por dizer Jorge Prazeres em conversa com O Blog do David.
Fabril ganhou em Sesimbra com golos de Bruninho e Dieb |
“Trabalhar para encurtar distâncias” para Oriental Dragon e Barreirense
Embora reconheça que o Fabril
seja um dos candidatos à promoção ao Campeonato de Portugal, o treinador de 50
anos remete para outros o rótulo de principal favorito. “Não me parece que o
Fabril seja o principal candidato, há equipas com investimento bem maior do que
nós. O Oriental Dragon, por exemplo, tem 14 ou 15 jogadores de Campeonato de
Portugal, e deverá ter feito um investimento quatro vezes superior ao nosso”, afirmou
o ex-técnico de Sintrense, Pêro Pinheiro, Pinhalnovense e Real, que também
coloca o Barreirense na pole position.
“Estamos a trabalhar para encurtar distâncias o mais rapidamente possível para
podermos entrar e vencer esta guerra”, frisou Jorge Prazeres.
“E depois há outras equipas que
têm uma estabilidade no plantel que já vem de anos anteriores ou de treinadores
que conhecem muito bem a divisão e conseguiram captar muitos jogadores de
qualidade. Esta época vai ser, quiçá, a mais competitiva em termos de
campeonato distrital, em que vai haver muitas surpresas e em que o equilíbrio
emocional vai ser fundamental para suportar as oscilações da tabela. A I
Distrital está recheada de bons treinadores e de jogadores com muita qualidade.
O Fabril não é o principal favorito, mas vão ter que contar connosco”, vincou,
ambicioso.
A Taça, por sua vez, é uma
competição que a turma do Lavradio tem utilizado para aprimorar a qualidade do
seu jogo, mas com “vontade de a ganhar”, até porque é um troféu que ainda
escapa ao museu do clube. “Tem sido útil. A ideia é competir forte e passarmos
esta primeira fase - creio que estamos praticamente garantidos -, mas importa
ficar em primeiro para jogarmos em casa. Passando à segunda fase, o objetivo
não pode deixar de ser a vitória nesta taça e fazermos história, porque
efetivamente o Fabril nunca conquistou este troféu. Seria interessante sermos a
primeira equipa que conseguiu esse feito para o Fabril”, vaticinou.
Tiki-taka no Alfredo da Silva
Jorge Prazeres chegou a acordo
com o Fabril cerca de uma semana antes do início dos trabalhos, numa fase em
que o plantel já estava praticamente todo definido, mas por Sérgio Boris. O novo
técnico dos fabrilistas não conhecia grande parte dos jogadores e diz que pouco
acrescentou ao plantel, mas dá nota positiva ao grupo de trabalho. “Estou a
conhecê-los e eles a mim, e estou muito satisfeito. Obviamente que têm
entendimentos diferentes do que é a minha ideia, mas estamos a adaptar-nos
mutuamente. Todos os treinadores querem sempre mais e não fujo à regra, mas os
jogadores que tenho são suficientes para lutar pela primeira posição no
campeonato”, constatou o treinador, que esta semana recebeu um reforço para o
centro da defesa, Bruno Lourenço (ex-Casa Pia).
Apesar de ainda estar a conhecer
os seus jogadores, Jorge Prazeres não abdica de implementar um estilo de jogo
mais elaborado e raro nos distritais, um futebol apoiado e de circulação de bola
a partir de zonas recuadas, mas sem fundamentalismos. “O jogo de posse é um
jogo em que acredito, mas ainda me estou a adaptar à divisão e ao entendimento
do jogo por parte dos meus jogadores e das outras equipas. Temos que nos
adaptar às dificuldades que nos criam e daí estarmos a trabalhar dois ou três
modelos diferentes, em função do que são as características intrínsecas dos
meus jogadores e dos adversários. Se o estilo de posse é o que gosto?
Claramente. De posse e de controlo, mas temos que tocar a música de quem
vamos dançar. Em Sesimbra, tivemos que nos adaptar e acabámos um jogo num
5x4x1, que nada tem a ver com o modelo inicial que temos trabalhado. Sinto-me
confortável com a qualidade que tenho no plantel”, salientou, ciente de que o
tipo, o estado e as dimensões dos relvados nem sempre vão permitir floreados
futebolísticos.
Bruninho (ex-Amora) é um forte candidato a melhor marcador da I Distrital |
Sétimo treinador da segunda era de Faustino Mestre
Eleito a 29 de abril do ano passado,
quase oito anos depois de ter deixado a presidência do clube, a segunda
passagem de Faustino Mestre pela liderança do Fabril tem sido marcada por alguma
turbulência. Em menos de ano e meio, a equipa sénior já conheceu sete
treinadores: Manuel Correia, Pedro Macedo, José Carvalho, Flávio Santos, Hugo
Falcão, Sérgio Boris e Jorge Prazeres. E em janeiro deste ano, houve a tal
debandada de jogadores, numa fase em que o conjunto do Lavradio estava já
distante do primeiro lugar.
O estilo do conhecido
fisioterapeuta do Barreiro, porém, não é problema para o novo treinador fabrilistas.
“O presidente é um homem muito experiente, com muitos anos de futebol. A sua
forma de gerir o clube, a ser questionada, deverá ser por quem de direito, ou
seja, os sócios. O passado pouco me diz. Tenho consciência que não fui a sua
primeira escolha. Cabe-me trabalhar da
forma mais assertiva possível”, rematou Jorge Prazeres.
Sem comentários:
Enviar um comentário