sábado, 29 de setembro de 2018

Fabril corre pelo título com “futebol de posse”

Jorge Prazeres orientou Sintrense e Pêro Pinheiro em 2017/18

“Nós só vamos jogar para saber quem é o segundo, porque o primeiro já é nosso”. A frase foi proferida em entrevista ao zerozero no início da temporada passada pelo presidente do Fabril, Faustino Mestre, e teve eco em todo o distrito.

No entanto, as expetativas foram goradas. Desde cedo que a formação do Lavradio não acompanhou a pedalada de Amora nem do vizinho e rival Barreirense, terminando o campeonato no último degrau do pódio, a 25 pontos do campeão. Pelo meio, as saídas de dois treinadores, José Carvalho e Flávio Santos, e uma autêntica debandada no plantel no final de janeiro.


2018/19 também começou de forma atribulada. Sérgio Boris, a primeira escolha da direção para o cargo de treinador, rumou aos angolanos do Recreativo do Libolo a pouco mais de uma semana do início dos trabalhos, tendo sido chamado Jorge Prazeres para o seu lugar.

Bom arranque com plantel anda “à procura de criar laços”

Apesar de o plantel ter sofrido bastantes alterações e da mudança de última hora, os fabrilistas têm demonstrado o seu poderio na Taça da Associação de Futebol de Setúbal (AFS) com uma vitória caseira sobre o U. Santiago (4-1) no arranque e outra no terreno do Sesimbra (2-0) e vão confirmando o estatuto de forte candidato ao título de campeão.

“O Fabril, pela sua dimensão histórica, é uma equipa que joga para ganhar em todas as competições que entra. Estes dois primeiros resultados não têm um significado maior do que dois jogos de preparação mais sérios. Este é um grupo novo, que tem 95 por cento de jogadores novos, que ainda estão à procura de criar laços pessoais e de dimensão técnico-tática, com um treinador novo, que não conhece esta divisão. É o meu primeiro ano a treinar nos distritais e eu próprio estou a adaptar-me a tudo isto”, começou por dizer Jorge Prazeres em conversa com O Blog do David.
Fabril ganhou em Sesimbra com golos de Bruninho e Dieb


“Trabalhar para encurtar distâncias” para Oriental Dragon e Barreirense

Embora reconheça que o Fabril seja um dos candidatos à promoção ao Campeonato de Portugal, o treinador de 50 anos remete para outros o rótulo de principal favorito. “Não me parece que o Fabril seja o principal candidato, há equipas com investimento bem maior do que nós. O Oriental Dragon, por exemplo, tem 14 ou 15 jogadores de Campeonato de Portugal, e deverá ter feito um investimento quatro vezes superior ao nosso”, afirmou o ex-técnico de Sintrense, Pêro Pinheiro, Pinhalnovense e Real, que também coloca o Barreirense na pole position. “Estamos a trabalhar para encurtar distâncias o mais rapidamente possível para podermos entrar e vencer esta guerra”, frisou Jorge Prazeres.

“E depois há outras equipas que têm uma estabilidade no plantel que já vem de anos anteriores ou de treinadores que conhecem muito bem a divisão e conseguiram captar muitos jogadores de qualidade. Esta época vai ser, quiçá, a mais competitiva em termos de campeonato distrital, em que vai haver muitas surpresas e em que o equilíbrio emocional vai ser fundamental para suportar as oscilações da tabela. A I Distrital está recheada de bons treinadores e de jogadores com muita qualidade. O Fabril não é o principal favorito, mas vão ter que contar connosco”, vincou, ambicioso.

A Taça, por sua vez, é uma competição que a turma do Lavradio tem utilizado para aprimorar a qualidade do seu jogo, mas com “vontade de a ganhar”, até porque é um troféu que ainda escapa ao museu do clube. “Tem sido útil. A ideia é competir forte e passarmos esta primeira fase - creio que estamos praticamente garantidos -, mas importa ficar em primeiro para jogarmos em casa. Passando à segunda fase, o objetivo não pode deixar de ser a vitória nesta taça e fazermos história, porque efetivamente o Fabril nunca conquistou este troféu. Seria interessante sermos a primeira equipa que conseguiu esse feito para o Fabril”, vaticinou.



Tiki-taka no Alfredo da Silva

Jorge Prazeres chegou a acordo com o Fabril cerca de uma semana antes do início dos trabalhos, numa fase em que o plantel já estava praticamente todo definido, mas por Sérgio Boris. O novo técnico dos fabrilistas não conhecia grande parte dos jogadores e diz que pouco acrescentou ao plantel, mas dá nota positiva ao grupo de trabalho. “Estou a conhecê-los e eles a mim, e estou muito satisfeito. Obviamente que têm entendimentos diferentes do que é a minha ideia, mas estamos a adaptar-nos mutuamente. Todos os treinadores querem sempre mais e não fujo à regra, mas os jogadores que tenho são suficientes para lutar pela primeira posição no campeonato”, constatou o treinador, que esta semana recebeu um reforço para o centro da defesa, Bruno Lourenço (ex-Casa Pia).

Apesar de ainda estar a conhecer os seus jogadores, Jorge Prazeres não abdica de implementar um estilo de jogo mais elaborado e raro nos distritais, um futebol apoiado e de circulação de bola a partir de zonas recuadas, mas sem fundamentalismos. “O jogo de posse é um jogo em que acredito, mas ainda me estou a adaptar à divisão e ao entendimento do jogo por parte dos meus jogadores e das outras equipas. Temos que nos adaptar às dificuldades que nos criam e daí estarmos a trabalhar dois ou três modelos diferentes, em função do que são as características intrínsecas dos meus jogadores e dos adversários. Se o estilo de posse é o que gosto? Claramente. De posse e de controlo, mas temos que tocar a música de quem vamos dançar. Em Sesimbra, tivemos que nos adaptar e acabámos um jogo num 5x4x1, que nada tem a ver com o modelo inicial que temos trabalhado. Sinto-me confortável com a qualidade que tenho no plantel”, salientou, ciente de que o tipo, o estado e as dimensões dos relvados nem sempre vão permitir floreados futebolísticos.

Bruninho (ex-Amora) é um forte candidato a melhor marcador da I Distrital


Sétimo treinador da segunda era de Faustino Mestre

Eleito a 29 de abril do ano passado, quase oito anos depois de ter deixado a presidência do clube, a segunda passagem de Faustino Mestre pela liderança do Fabril tem sido marcada por alguma turbulência. Em menos de ano e meio, a equipa sénior já conheceu sete treinadores: Manuel Correia, Pedro Macedo, José Carvalho, Flávio Santos, Hugo Falcão, Sérgio Boris e Jorge Prazeres. E em janeiro deste ano, houve a tal debandada de jogadores, numa fase em que o conjunto do Lavradio estava já distante do primeiro lugar.

O estilo do conhecido fisioterapeuta do Barreiro, porém, não é problema para o novo treinador fabrilistas. “O presidente é um homem muito experiente, com muitos anos de futebol. A sua forma de gerir o clube, a ser questionada, deverá ser por quem de direito, ou seja, os sócios. O passado pouco me diz. Tenho consciência que não fui a sua primeira escolha.  Cabe-me trabalhar da forma mais assertiva possível”, rematou Jorge Prazeres.











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