terça-feira, 7 de novembro de 2017

WWE Live. Afinal, os portugueses ainda vibram com wrestling (e de que maneira!)

AJ Styles encerrou o espetáculo envolto na bandeira portuguesa
Após cinco anos de ausência, A WWE voltou esta segunda-feira a Portugal, mais de uma década depois de ter virado moda entre os jovens – e de entretanto ter visto o seu público reduzido a um nicho.

Um nicho que, para minha surpresa, está bem mais alargado e apaixonado do que julgava. Ainda estava eu na sala destinada ao merchandising – onde larguei umas notas… – e já ouvia gargantas bem aquecidas e afinadas no interior da arena. Incrível! Por cada superstar que aparecia no ecrã, havia um cântico, um aplauso sonoro ou uma vaia bem audível.


E quando faltavam poucos minutos para começar o espetáculo, as bancadas já se apresentavam muito bem compostas. Clareiras? Nem vê-las. Só um vazio na zona adjacente ao palco, ou seja, em setores não vendáveis. Se a lotação do evento era de quase 5500 pessoas, arrisco dizer que estavam presentes cerca de cinco mil: crianças acompanhadas pelos pais e grupos de amigos já adultos, fãs de diferentes gerações. Um número muito bom, sobretudo se tivermos em conta o facto de se tratar de uma segunda-feira de novembro – em 2012, pouco mais gente estava no Pavilhão Atlântico, e o show tinha sido num sábado.

Fiquei mesmo muito surpreendido pela quantidade de pequenos fãs. Levando eu 12 anos a acompanhar o produto WWE, saí do Campo Pequeno a sentir-me um veterano. Deu para ver, pelas reações mais vigorosas a Shinsuke Nakamura, Bobby Roode ou AJ Styles do que propriamente a Triple H – quase posso jurar que de algumas bocas ouvi gritar triple agá em vez de triple eitch – que estamos perante uma nova fornada de adeptos deste teatro desportivo, um termo que li numa reportagem durante os últimos dias e que me pareceu muito adequado.

Nakamura e Owens foram os primeiros a entrar em ação
A WWE, bem menos distraída do que eu – que de há uns anos para cá apenas vou assistindo aos pay per views e lendo os resultados dos programas semanais -, acertou na mouche no opener ideal: a coqueluche Nakamura – do qual não consigo gostar assim tanto, confesso - diante de um Kevin Owens com o dom natural de aquecer (ainda mais) o público. Juntos, deram o pontapé de saída de um show muito familiar, com o claro foco no entretenimento – e simultaneamente na gestão de esforço, com um ou dois bumps por cada wrestler -, em detrimento da promoção das feuds em construção durante as noites de terça-feira do SmackDown Live.


Familiar é, precisamente, a palavra mais apropriada para descrever o Campo Pequeno, que por ter dimensões mais reduzidas do que o anteriormente denominado Pavilhão Atlântico, compactou os fãs, aproximou-os do ringue e proporcionou uma atmosfera que em alguns momentos chegou a arrepiar.

Os resultados, esses, foram os esperados. Os bons da fita venceram sempre, à exceção dos combates que tiveram títulos em jogo, até porque os Usos (campeões de tag team) e Baron Corbin (campeão dos Estados Unidos) se apresentaram como vilões. Um equilíbrio que contribuiu para um espetáculo sólido e que deixou água na boca.

Se em 2012 abandonei com um grau de satisfação não tão elevado e com a expetativa de um regresso da promotora norte-americana no espaço de três anos – acabaram por ser cinco -, desta vez fiquei esperançado num retorno já em 2018. De preferência, novamente no Campo Pequeno e, se possível, com as estrelas do Raw - para variar um pouco.


Fotos WWE.comhttp://www.wwe.com/worldwide/gallery/wwe-live-in-lisbon-portugal-november-2017-photos



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