José Couceiro orienta o Vitória pela terceira vez na carreira |
Os maus resultados do Vitória de Setúbal sucedem-se e, como é natural nestes casos, o
treinador é posto em causa. O próprio José Couceiro já admitiu
que o seu lugar “está sempre à disposição” e que quer fazer
“parte da solução” para o clube ou então “não fazer parte”,
mas nunca fazer parte do problema.
Contudo, se é natural
que o treinador seja questionado, é menos comum a realidade deste
caso. Couceiro apenas é posto em causa pela imprensa porque, para os
adeptos, está de pedra e cal – até para a dita oposição à
direção demissionária. A relação entre o técnico e o clube é
antiga, tem ficado marcada pela maior parte das melhores épocas dos
sadinos no século XXI e, sobretudo, não se esgota em resultados.
Ao contrário de alguns colegas de profissão,
Couceiro não tem uma agenda própria e não vê esta terceira
estadia à beira-Sado como apenas mais um capítulo na carreira. A
sua agenda, é a agenda do clube. Preocupa-se com o treino,
planeamento da época, preparação do jogo seguinte e gestão do
plantel, mas também com as infraestruturas, as equipas jovens –
algo que com o antecessor não se verificava, a julgar pelas palavras
do antigo treinador dos juniores -, as condições de trabalho e a
profissionalização e modernização da estrutura do futebol. E dado
o seu conhecimento profundo de várias áreas transversais à
modalidade, a experiência que transporta por passagens por várias
realidades, a competência já demonstrada e reconhecida e o carinho
pelo clube, diria até que a agenda do futebol profissional vitoriano
terá de passar pela deste (muito mais do que um mero) treinador, que
nesta fase da carreira tem a cara de pau necessária para
atirar seja o que for à direção.
Se é verdade que
Couceiro não é o último grito em matéria de treinadores, também
é uma realidade que tem lugar mais do que assegurado na I Liga, onde
coabita regularmente com colegas de profissão menos credenciados.
Não se vislumbra, pois, um eventual sucessor – sobretudo
desempregado - que possa trazer uma evolução à qualidade de jogo
da equipa. E, neste caso, também não acredito nos efeitos positivos
de uma potencial chicotada psicológica, uma vez que o técnico é
conhecido pela boa relação que mantém com os jogadores e a forma
veemente como defende os seus atletas, que por sua vez, gostam de
voltar a trabalhar com ele. Vasco Fernandes, José Semedo e Yannick Djaló - todos na seleção nacional sub-21 e o último também no
Sporting – são disso exemplo no plantel vitoriano.
Além disso, convém
recordar que a equipa ainda está acima da linha de água e que
dentro de um mês há uma janela de mercado que vai permitir um
reajuste num plantel constantemente agastado por lesões e que, de
uma época para a outra, viu habituais não titulares (ou até não
convocados...) como Trigueira, Arnold, Pedro Pinto ou André Pedrosa
passarem a opções regulares.
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