Já neste espaço me manifestei por
diversas ocasiões como um acérrimo defensor das equipas B e na sua utilização
no modelo vigente, ou seja, no espaço competitivo da Liga 2.
Os benefícios de um clube poder
assegurar a transição de júnior a sénior com minutos de competição a um nível alto e
sob a sua alçada têm produzido efeitos bastante visíveis, por exemplo, na
seleção sub-21. Convém salientar que esta geração não se trata apenas de uma
boa geração. É uma geração com qualidade, é verdade, mas que teve o espaço e a
oportunidade que outras não tiveram.
E quando falo em outras, falo
sobretudo dos nascidos entre 1986 e 1992 que, pelo menos por uma época, ou foram espalhados por emblemas de Liga 2 e da antiga II Divisão B, ou então integravam o plantel
sénior dos grandes mas sem beneficiar de muitos minutos de utilização.
Isso faz-me questionar o que
poderiam ter sido esses jogadores, dessas gerações, se tivessem o espaço, a
oportunidade a proteção que os da atualidade têm. Recordo-me, evidentemente,
dos campeões europeus de sub-17 em 2003.
Miguel Veloso e João Moutinho
tiveram a sorte de estar integrados num clube grande, apostador nos talentos da
sua academia e sem grandes recursos económicos. Mas mesmo outros ligados ao
Sporting não conheceram o mesmo destino. Teria feito falta a Carlos Saleiro e a
Mário Felgueiras, por exemplo, eles que foram emprestados sucessivamente. Não
tenho dúvidas de que teriam tido uma ascensão mais rápida e que tivessem
atingido um patamar mais elevado. Chego até a pensar que se Fábio Paim fosse
acompanhado em Alcochete durante mais tempo poderia hoje estar mais perto daquilo
que se esperava dele.
Embora os leões estejam
associados a uma formação de excelência, foi no FC Porto onde talvez até
houvesse mais craques nas camadas jovens, que conheceram um trajeto pouco
ortodoxo no futebol sénior. Márcio Sousa, a estrela dos tais sub-17 de 2003, sofreu
com a extinção dos bês e hoje está no Tondela, na Liga2, a atravessar o melhor
momento da carreira. E porque não falar de Vieirinha, que poderia ter sido um bom
ativo? Não teve o acompanhamento desejável, teve poucos minutos na fase inicial
da carreira e só depois de muitos anos conseguiu aparecer como jogador de
Seleção. Mas há mais. Bruno Gama e Hélder Barbosa já eram nomes conhecidos desde
os iniciados. Que poderiam ter eles sido se tivessem apanhado uma equipa B? E
porque não falar de Paulo Machado, Zequinha, Ukra, Steven Vitória ou Candeias,
também eles muito promissores?
Mesmo o Benfica tem alguns casos.
Começando por Nélson Oliveira, cedido a Rio Ave e Paços de Ferreira e restrito
aos minutos de utilização que fossem melhores para as equipas e não para ele.
Acrescente-se outros colegas dessa geração vice-campeã mundial de sub-20 em
2011, como Saná, Mário Rui ou Danilo Pereira. Estariam hoje num nível
competitivo mais alto?
Felizmente, de há três anos para
cá que a cada temporada há jovens portugueses a receber oportunidades e a melhorar
o nível das seleções jovens e, como se começa a ver, o da própria Seleção AA. O
trabalho está a ser bem feito, mas é possível mais e melhor. Começa a ser hora
de aumentar o número de equipas B, se possível já na próxima temporada. Com a
impossibilidade de serem incluídas na Liga2, creio que já seria bastante bom
vê-las no Campeonato de Portugal com possibilidade de subir.
Eram jogadores que brincavam muito nas selecções, logo viram a sua evolução comprometida e alguns perderam-se.
ResponderEliminarDeviam ter sido mais profissionais, renunciarem às selecções e concentrarem-se nos seus clubes para obterem mais sucesso.
Representar o país é o sonho de qualquer jogador, sobretudo jovens...
EliminarIsso quer dizer o quê exactamente? Brincar nas selecções jovens, ficar à parte no futebol profissional, ir bulir para as obras ou para um hipermercado?
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