No jogo de ontem frente à
Académica, Carrillo foi um homem em destaque. Mas não pelo que víamos a espaços
nas últimas três temporadas. Não, o peruano não fez jus à sua alcunha de culebra e não serpenteou os adversários.
Aliás, na esmagadora maioria das vezes em que teve situações de um para um,
optou por superar os defesas com o seu poder de aceleração.
Vimos mais do sul-americano. Umas
vezes mais concentrado defensivamente, outras vezes menos. Mas era quando ele e
a equipa tinham a bola que se notava a diferença. Parece que fazia o que o
jogo, visto da TV, lhe sugeria. Segurava o esférico quando o tinha de segurar e
fugia para espaços vazios para ganhar tempo quando o tinha de fazer. Não
serpentou. Recorria a dribles menos vistosos, mas porventura, mais eficazes,
para queimar linhas. E apareceu na zona de finalização, antecipando-se ao seu
marcador direto em pezinhos de lã e cabeceando certeiro para o golo
sportinguista.
Podia ter sido uma exibição
perfeita, talvez a melhor desde que chegou a Alvalade, se o jogo não tivesse
tempo de compensação. No pior pano caiu a nódoa e Carrillo, ao tentar aliviar a
bola, não lhe bateu com a força suficiente e colocou-a nos pés de um oponente.
Poucos segundos depois, a Académica fez o empate. Injusto? Talvez. O Sporting
perdeu dois pontos, mas parece ter ganho um jogador. Valerá a pena o sacrifício?
Só o tempo o dirá.
Enorme defesa de Rui Patrício
A jogar com os pés, haverá
poucos, a este nível, que sejam piores que ele. Mas entre os postes, continua a
fazer defesas impossíveis, exibindo reflexos apurados, mesmo que a trajetória
da bola mude no último instante. Ainda não brilhou numa grande montra e no
Mundial até desapontou, mas há que dar destaque à enorme defesa de Rui Patrício
que aí (quase) salvou o Sporting.
Circular e esticar
O que se viu ontem, em Coimbra,
foi um Sporting de Marco Silva a jogar à Estoril… de Marco Silva. Com outras
armas, é certo, mas os princípios estavam presentes. Os leões foram uma equipa
que numa primeira fase procurava circular a bola e jogar apoiado, mas à entrada
para o último terço esticavam o seu futebol, tentando explorar a velocidade dos
seus atacantes e algum espaço nas costas da defesa contrária.
Há que dar o benefício da dúvida
ao treinador em como dispôs a equipa após a expulsão de William Carvalho. Sentiu
que podia fazer o 2-0 mesmo com dez em campo e até nem esteve longe de o fazer.
O empate poderia também ter sido a consequência natural de uma equipa que, a
jogar com menos um, tivesse retirado uma das suas unidades mais ofensivas e
abdicasse de atacar.
A não convocatória de Adrien ao
Mundial-2014 não lhe retirou motivação. Aliás, parece estar cada vez mais
determinado em mostrar que Paulo Bento errou. Foi o patrão da equipa com a bola
e foi aguerrido sem ela. Uma autêntica referência na equipa, mesmo que há cerca
de ano e meio andasse a ser assobiado em Alvalade.
Naby Sarr e Maurício nem sempre
me pareceram seguros, especialmente a conduzir a primeira fase de construção. Apesar
do bom desempenho na última temporada, há uma aura de desconfiança em redor do
brasileiro, que a meu ver, ainda não foi verdadeiramente colocado à prova.
Jefferson fez um grande
cruzamento para o golo do empate, mostrando-se mais uma vez como um dos esteios
dos verde e brancos.
William Carvalho ainda não está
ao nível da época passada, seja física e tecnicamente. A forma como Rui Pedro
lhe arrancou o cartão vermelho foi um reflexo disso mesmo.
André Martins e Montero
apareceram pouco, devido à dificuldade da equipa em chegar ao último terço.
Esticar o jogo e explorar os flancos não foi benéfico para eles. Héldon
apareceu a espaços. À semelhança do velho Carrillo, dá sempre a entender que
pode render mais. Diego Capel refrescou os flancos e deixou a equipa mais
aguerrida.
Marco Silva chamou 19 jogadores a
Coimbra, mas como apenas 18 podem estar inscritos, deixou de fora o lateral-direito
Ricardo Esgaio. Ora pois, dos onze titulares que o técnico leonino apresentou,
um se lesionou e foi precisamente… o lateral-direito Cédric. Sem jogadores de
raiz no banco, Oriol Rosell e Paulo Oliveira jogaram adaptados à posição. Nada
lhes pode ser apontado na missão de sacrifício.
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