Terminada a prestação da seleção de Sub-20
no Campeonato do Mundo da categoria, na Turquia, esta geração que não conseguiu
passar dos Oitavos-de-final ficou na memória como muito dotada tecnicamente,
mas só isso não bastou…
E não bastou porque um jogador habilidoso
do ponto de vista técnico está longe de ser completo, precisa de, sobretudo em
posições mais recuadas, ser taticamente evoluído, fisicamente muito capaz e
maduro do ponto de vista psicológico para se sacrificar em prol do coletivo.
Essas são as principais características de uma geração que é uma espécie de diamante
em bruto. Tem muito valor, mas precisa de ser trabalhada, lapidada.
Na baliza o titular foi sempre José Sá,
um guarda-redes que mostrou grande maturidade: rápido, seguro e concentrado, um
dos pilares da seleção. A saída de Salin pode-lhe abrir as portas da
titularidade no Marítimo, e se jogar com frequência poderá tornar-se mesmo um
caso sério.
No lado direito da defesa, mora um
bastante ofensivo João Cancelo, que até é comparável a Fábio Coentrão, só
que do lado oposto. A profundidade que dá ao seu flanco e o seu talento são reconhecíveis,
mas a vontade de atacar é tanta que por vezes está desposicionado, um pormenor
para amadurecer, pois com o tempo, conseguirá resistir mais à tentação de dar
nas vistas e sentirá que outra postura poderá ser mais útil ao coletivo. A
alternativa foi preferencialmente o bracarense Tomás Dabó, contido na
hora de atacar, traz mais consistência mas pouco pode dar a uma equipa/seleção
ambiciosa. Edgar Ié atuou frente ao Gana e como lateral tem características parecidas
com Dabó.
No eixo defensivo, os mais utilizados
foram Tiago Ilori e Tiago Ferreira. O primeiro tem tudo para se
tornar num central completo: é rápido, tem forte impulsão, dá pouco espaço na
marcação, tecnicamente não é mau para um central e por isso já despertou cobiça
de alguns colossos. No entanto, nem sempre está concentrado e isso leva-o a
cometer algumas fífias e a falhar na marcação. O defesa portista, mais possante
e sereno, poderá ser mais um central ao estilo do FC Porto, embora ainda
conceda muito espaço aos adversários. Edgar Ié, sempre que utilizado na
posição, não revelou tanto entrosamento com o companheiro do lado, mas
mostrou-se seguro e bem posicionado, apesar de algumas falhas.
Já Mica Pinto é daqueles laterais
consistentes (ou “certinhos”, para usar um termo menos aburguesado) que pauta
pela descrição, mas que poderá ter dificuldades em cair nas graças de adeptos
de uma equipa grande, pelo pouco pendor ofensivo. A alternativa é Kiko,
que à semelhança de Cancelo (ainda que com menos talento) gosta de subir e dar
nas vistas, o que o faz perder um pouco em termos posicionais.
O meio-campo é talvez o setor em que o
diamante está num estado mais bruto. À frente da defesa, Ricardo Alves é
pressionante e um bom recuperador de bolas e Agostinho Cá um bom
construtor e com capacidade para segurar o esférico e manter a posse, e o ideal
seria juntar a capacidade técnica de um com o espírito operário do outro, mas
como isso não acontece, a equipa ressente-se de falta de criatividade quando um
joga e falta de um miolo mais pressionante quando é o outro que atua. Como médios
interiores, atuam os elegantes e dotados tecnicamente João Mário e André
Gomes, ambos “10” em potência, mas que acabam por em 4x3x3 serem os dois “8”,
e se a atacar, apesar de alguma velocidade, colocam a bola onde querem, na hora
de defender não pressionam e deixam a equipa adversária jogar à vontade, sendo
este mesmo um dos principais defeitos da seleção que disputou o Mundial na
Turquia. Numa Segunda Liga com tanto futebol direto, poderão ressentir-se de
pressionar pouco equipas que tem jogar um futebol apoiado. O portista Tozé
é mais dinâmico, mas não aparenta a elegância e capacidade técnica dos seus
concorrentes.
Nas faixas, Bruma, estrela da
equipa, era indiscutível. Desequilibra pelo drible, pelo passe, visão de jogo e
desmarcações, mas a promessa que é só se garante por algo que ainda lhe falta:
consistência. No fundo, o ser útil mesmo em jogos que a sua principal tarefa
(desequilibrar) não lhe corra de feição, em vez de desaparecer por completo,
algo que aconteceu, por exemplo, diante do Gana. Do outro lado, Ricardo
foi quase sempre o titular, mas depois de uma época com muitos partidas na
estreia como sénior, pareceu desgastado e não rendeu o esperado, e por isso Ricardo
Esgaio foi chamado em algumas partidas, e sempre que entrou como suplente
até correspondeu às expetativas, no entanto, desiludiu quando foi chamado ao
onze titular. É dinâmico e aguerrido, mas levanta dúvidas se será como extremo
que terá algum futuro pelas suas características, até porque é um lateral de
origem.
O eixo do ataque esteve sempre entregue à “descoberta”
Aladje, perdido em divisões inferiores de Itália, podendo fazer este ano
a estreia na Série A. Possante e útil para o coletivo, revelando capacidade
para segurar a bola e de jogar de costas para a baliza, parece ser eficaz, mas
terá de mostrar o que vale perante defesas mais experientes. A alternativa foi Ivan
Cavaleiro, sempre lançado como suplente, que deu mais mobilidade à frente
de ataque, mas sem o mesmo killer instinct.
Talento, por isso, não falta a uma geração
que promete, sobretudo, por se saber que a qualidade existe, e o resto deverá
chegar nos próximos anos, com mais experiência de alto nível. O próximo passo
deverá ser a colaboração de muitos destes nomes na campanha de qualificação dos
Sub-21 para o próximo Campeonato da Europa, às ordens de Rui Jorge.
Olá.
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Abraço.