sábado, 27 de julho de 2013

A geração do diamante… por lapidar

fifa.com
Terminada a prestação da seleção de Sub-20 no Campeonato do Mundo da categoria, na Turquia, esta geração que não conseguiu passar dos Oitavos-de-final ficou na memória como muito dotada tecnicamente, mas só isso não bastou…
                                      
E não bastou porque um jogador habilidoso do ponto de vista técnico está longe de ser completo, precisa de, sobretudo em posições mais recuadas, ser taticamente evoluído, fisicamente muito capaz e maduro do ponto de vista psicológico para se sacrificar em prol do coletivo. Essas são as principais características de uma geração que é uma espécie de diamante em bruto. Tem muito valor, mas precisa de ser trabalhada, lapidada.

Na baliza o titular foi sempre José Sá, um guarda-redes que mostrou grande maturidade: rápido, seguro e concentrado, um dos pilares da seleção. A saída de Salin pode-lhe abrir as portas da titularidade no Marítimo, e se jogar com frequência poderá tornar-se mesmo um caso sério.

No lado direito da defesa, mora um bastante ofensivo João Cancelo, que até é comparável a Fábio Coentrão, só que do lado oposto. A profundidade que dá ao seu flanco e o seu talento são reconhecíveis, mas a vontade de atacar é tanta que por vezes está desposicionado, um pormenor para amadurecer, pois com o tempo, conseguirá resistir mais à tentação de dar nas vistas e sentirá que outra postura poderá ser mais útil ao coletivo. A alternativa foi preferencialmente o bracarense Tomás Dabó, contido na hora de atacar, traz mais consistência mas pouco pode dar a uma equipa/seleção ambiciosa. Edgar Ié atuou frente ao Gana e como lateral tem características parecidas com Dabó.

No eixo defensivo, os mais utilizados foram Tiago Ilori e Tiago Ferreira. O primeiro tem tudo para se tornar num central completo: é rápido, tem forte impulsão, dá pouco espaço na marcação, tecnicamente não é mau para um central e por isso já despertou cobiça de alguns colossos. No entanto, nem sempre está concentrado e isso leva-o a cometer algumas fífias e a falhar na marcação. O defesa portista, mais possante e sereno, poderá ser mais um central ao estilo do FC Porto, embora ainda conceda muito espaço aos adversários. Edgar Ié, sempre que utilizado na posição, não revelou tanto entrosamento com o companheiro do lado, mas mostrou-se seguro e bem posicionado, apesar de algumas falhas.

Mica Pinto é daqueles laterais consistentes (ou “certinhos”, para usar um termo menos aburguesado) que pauta pela descrição, mas que poderá ter dificuldades em cair nas graças de adeptos de uma equipa grande, pelo pouco pendor ofensivo. A alternativa é Kiko, que à semelhança de Cancelo (ainda que com menos talento) gosta de subir e dar nas vistas, o que o faz perder um pouco em termos posicionais.

O meio-campo é talvez o setor em que o diamante está num estado mais bruto. À frente da defesa, Ricardo Alves é pressionante e um bom recuperador de bolas e Agostinho Cá um bom construtor e com capacidade para segurar o esférico e manter a posse, e o ideal seria juntar a capacidade técnica de um com o espírito operário do outro, mas como isso não acontece, a equipa ressente-se de falta de criatividade quando um joga e falta de um miolo mais pressionante quando é o outro que atua. Como médios interiores, atuam os elegantes e dotados tecnicamente João Mário e André Gomes, ambos “10” em potência, mas que acabam por em 4x3x3 serem os dois “8”, e se a atacar, apesar de alguma velocidade, colocam a bola onde querem, na hora de defender não pressionam e deixam a equipa adversária jogar à vontade, sendo este mesmo um dos principais defeitos da seleção que disputou o Mundial na Turquia. Numa Segunda Liga com tanto futebol direto, poderão ressentir-se de pressionar pouco equipas que tem jogar um futebol apoiado. O portista Tozé é mais dinâmico, mas não aparenta a elegância e capacidade técnica dos seus concorrentes.

Nas faixas, Bruma, estrela da equipa, era indiscutível. Desequilibra pelo drible, pelo passe, visão de jogo e desmarcações, mas a promessa que é só se garante por algo que ainda lhe falta: consistência. No fundo, o ser útil mesmo em jogos que a sua principal tarefa (desequilibrar) não lhe corra de feição, em vez de desaparecer por completo, algo que aconteceu, por exemplo, diante do Gana. Do outro lado, Ricardo foi quase sempre o titular, mas depois de uma época com muitos partidas na estreia como sénior, pareceu desgastado e não rendeu o esperado, e por isso Ricardo Esgaio foi chamado em algumas partidas, e sempre que entrou como suplente até correspondeu às expetativas, no entanto, desiludiu quando foi chamado ao onze titular. É dinâmico e aguerrido, mas levanta dúvidas se será como extremo que terá algum futuro pelas suas características, até porque é um lateral de origem.

O eixo do ataque esteve sempre entregue à “descoberta” Aladje, perdido em divisões inferiores de Itália, podendo fazer este ano a estreia na Série A. Possante e útil para o coletivo, revelando capacidade para segurar a bola e de jogar de costas para a baliza, parece ser eficaz, mas terá de mostrar o que vale perante defesas mais experientes. A alternativa foi Ivan Cavaleiro, sempre lançado como suplente, que deu mais mobilidade à frente de ataque, mas sem o mesmo killer instinct.

Talento, por isso, não falta a uma geração que promete, sobretudo, por se saber que a qualidade existe, e o resto deverá chegar nos próximos anos, com mais experiência de alto nível. O próximo passo deverá ser a colaboração de muitos destes nomes na campanha de qualificação dos Sub-21 para o próximo Campeonato da Europa, às ordens de Rui Jorge.

1 comentário:

  1. Olá.

    Lhe convidamos para dar uma olhada no nosso Guia de Contratações do Futebol Europeu na Temporada 2013/2014.

    http://futebolmundodabola.blogspot.com.br/2013/07/guia-contratacoes-futebol-europeu.html

    Abraço.

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