quarta-feira, 11 de setembro de 2024

O campeão mundial pelo Brasil que não foi além de 12 jogos pelo Sporting. Quem se lembra de Ricardo Rocha?

Ricardo Rocha jogou pelo Sporting em 1988-89
Começou como lateral direito no modesto Santo Amaro, do estado de Pernambuco, mas quando se transferiu para o Santa Cruz, em 1983, foi adaptado a central por Carlos Alberto Silva, que viria a orientar o FC Porto (1991 a 1993). “Desloquei ele para a zaga pois na zaga ele chegará à seleção, já na lateral não”, justificou o técnico na altura.
 
O que é certo é que Ricardo Rocha deu mesmo certo como central. Ganhou a alcunha de “Xerife” e, numa fase em que brilhava há já várias épocas no Guarani, acabou por se estrear na seleção brasileira em 1987, ano em que venceu os Jogos Pan-Americanos e disputou a Copa América.
 
Os bons desempenhos captaram o interesse de clubes europeus. O Sporting acabou por contratá-lo no verão de 1988, mas mesmo depois de resolvidos problemas burocráticos o central demorou a conquistar o seu espaço no onze leonino. “Fiquei muito triste porque adoraria ter ajudado mais o Sporting. O problema é que o clube atravessava uma crise financeira enorme. Para você ter uma pequena ideia, tive de esperar cinco meses até o Sporting pagar o meu passe ao Guarani e à federação brasileira. Foi tudo complicado, tudo difícil. [Encontrei] um clube muito grande e a atravessar uma das piores crises da sua história. Nunca vi uma coisa daquelas. Ficámos seis ou sete meses sem receber salários, uma coisa incrível. Os jogadores tiveram de ser muito fortes. A época foi dificílima. O presidente Jorge Gonçalves entrou com determinada ideia no clube e as coisas não correram como ele esperava”, contou ao Maisfutebol em maio de 2020.
 
Após Pedro Rocha o ter colocado no banco em alguns jogos, ainda se estreou sob o comando técnico do treinador uruguaio, mas acabou por ser com Vítor Damas e posteriormente com Manuel José que se estabeleceu como titular. Na segunda metade da temporada de 1988-89, na qual os verde e brancos concluíram o campeonato em quarto lugar e nada ganharam, atuou em 12 partidas e marcou um golo ao Farense, numa vitória tangencial sobre os algarvios em Alvalade (1-0). “O Pedro era um grande amigo, mas saiu porque não havia condições. O Damas ficou porque era um símbolo do clube e depois entrou o Manuel José. O Manuel disse-me uma vez uma frase que me ficou para sempre e que eu sempre usei no futebol. ‘Ricardo, pá, conhaque é conhaque e trabalho é trabalho!’. Uma personagem riquíssima, o Manuel. Ele entendia os nossos problemas, tentava ajudar, mas não era simples”, recordou.
 
 
No final dessa época conturbada regressou ao Brasil para vestir a camisola do São Paulo, clube pelo qual venceu um campeonato brasileiro (1991) e um campeonato paulista (1989) e que lhe permitiu regressar ao escrete, tendo sido convocado para o Mundial de Itália (1990) e para a Copa América 1991. Em 1989 foi distinguido com a Bola de Ouro da revista Placar, que distingue o melhor futebolista do Brasileirão.
 
 
No verão de 1991 foi finalmente contratado para o Real Madrid, emblema ao qual há muito era apontado, tendo sido titular indiscutível no eixo defensivo merengue ao longo de duas temporadas e vencido a Taça do Rei em 1992-93. Na capital espanhola jogou ao lado de figuras como Hierro, Sanchís, Prosinecki, Hagi, Míchel, Luis Enrique, Hugo Sanchez, Zamorano e Emilio Butragueño.
 
 
Apesar do seu estatuto no emblema blanco, voltou novamente ao Brasil para representar grandes clubes como Santos, Vasco da Gama e Fluminense, tendo vencido um campeonato carioca pelos vascaínos em 1994. Nesse ano viveu o ponto alto da carreira de um futebolista, ao sagrar-se campeão mundial, tendo participado no primeiro jogo na campanha vitoriosa do escrete nos Estados Unidos, diante da Rússia, mas um estiramento no adutor levou-o a ser substituído nesse encontro e a perder as partidas seguintes – entretanto, Aldair agarrou o lugar e nunca mais o perdeu.
 
 
No final da carreira aventurou-se no futebol argentino, tendo jogado pelo Newell’s Old Boys antes de pendurar as botas em 1998 após meio ano no Flamengo



 
 
 

 




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