Um dos grandes temas do
momento, sobretudo na imprensa desportiva portuguesa, é a eleição da Bola de
Ouro 2013. Mais uma vez, os principais candidatos são os mesmos: Lionel Messi e
Cristiano Ronaldo.
Aproveito desde já para
salientar a ideia de que neste artigo não se discute quem merece ou deixa de
merecer tal prémio por aquilo que fez no presente ano, mas sim a forma como
este período de “campanha” tem sido tratado pelos media.
O nacionalismo tem
ultrapassado o racionalismo e aquela que deve ser a objetividade jornalística. Ronaldo
apenas por uma vez foi considerado o melhor jogador do planeta, foi em 2008, no
entanto, nunca deixou de ser tratado pelos meios de comunicação social como o
melhor. Objetivamente, essa designação é, de há quatro anos para cá, de Messi,
afinal é o argentino que tem vencido destacadamente esse prémio, numa votação
em que participam apenas grandes especialistas na matéria: capitães e
treinadores de todas as seleções.
A situação encontra paralelo
com José Mourinho, que quer seja Guardiola, Del Bosque ou outro qualquer a
ganhar o prémio FIFA correspondente ao treinador do ano, o Happy One continua a ser apelidado em Portugal pelo melhor
treinador do mundo.
Em 2013, tanto CR7 como o
astro argentino mantêm números impressionantes e que jamais poderão ser
ignorados. Poderá dizer-se que Ronaldo marcou mais golos ou que Messi venceu
mais títulos, mas se o prémio fosse entregue ao apenas valorizar a estatística,
não seria preciso votação. Vencerá quem encantou mais selecionadores e capitães
com o seu futebol, ao longo do ano. Nesta questão de gostos, estilos e
estatísticas, há quem possa preferir Ribéry, Schweinsteiger, Lahm ou Neuer pelo
contributo dado ao Bayern, Ibrahimovic por ter conseguido ser campeão e manter
uma alta performance num novo país, Neymar por ter “comandado” o Brasil na conquista
da Taça das Confederações, ou até premiar um defesa como Thiago Silva, ou
outros nomes como Suárez ou Gareth Bale.
Após a infeliz intervenção de
Joseph Blatter, que injuriou o prodígio madeirense, as possibilidades do
português subiram em flecha. Na discussão pelo prémio, nem sempre se fala no
que se fez em 2013 mas sim porque Ronaldo foi vítima de injustiça pelo
presidente da FIFA ou porque 5-1 seria uma diferença excessiva entre o número
de Bolas de Ouro de Messi e o português.
Recentemente, o argentino tem
estado furos abaixo do que habituou, sobretudo devido a problemas físicos, e em
sentido contrário, CR7 tem marcado golos atrás de golos, e foi o principal
obreiro da qualificação lusa para o Mundial do Brasil. Assim, a ideia de que o
prémio de melhor do ano de 2013 é de Cristiano atingiu níveis em que há um
espaço bastante reduzido para a discórdia. As capas dos jornais não perdoam, todos
os dias se descobrem novos relatos de quem o apoia e elogia, e começa a ter um
cariz criminoso poder dizer o contrário.
Ganhe quem ganhar, com justiça
ou injustiça, é triste que um galardão que deve premiar o que um atleta faz
durante os jogos esteja a ter a sua campanha e discussão, não dentro, mas sim
fora das quatro linhas.
Sublinhe-se a arrogância e a
tremenda subjetividade de algumas declarações:
Rio Ferdinand: "O Ronaldo
acabou hoje com a discussão sobre a Bola de Ouro... Se não ganhar, é porque o
Blatter fez o ranking”
Casemiro: “Não há qualquer
dúvida de que ele é o melhor jogador que anda por aí”
Pepe: “Não é normal que um
jogador como ele, que foi nomeado nos últimos sete/oito anos, só tenha uma Bola
de Ouro. Só demonstra que no futebol há coisas que cabe a vocês, jornalistas,
mostrar”
João Vieira Pinto: “Este jogo
reforçou a ideia de que o Cristiano é o melhor do mundo. Ficou esclarecido o
valor dele para quem ainda pudesse ter dúvidas”
João Moutinho: “A cada jogo,
Cristiano Ronaldo demonstra que é o melhor do Mundo”
Isco: “É magnífico jogar com
Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo”
Jornal Público: “Cristiano
Ronaldo, o super-herói”
Jornal Record: “Veremos se o
soar das trombetas deste hino chega para convencer os jurados da Bola de Ouro
de que Ronaldo é mesmo especial. É o Super-Homem”
Jornal A Bola (após vitória na
Suécia): “Melhor do mundo assina hat-trick”
Estou de acordo com o texto, apesar de achar que o CR merece a bola de ouro, já que existe este prémio. Por outro lado acho que este tipo de prémios não havia de existir, porque é um bocado como dizer, que uma certa mulher é a mais bonita do mundo, é sempre muito subjectivo. Cumprimentos.
ResponderEliminarNisso discordo, porque mesmo sendo subjetivo, é a subjetividade dos capitães e selecionadores de todo o mundo, o que constituiu algo muito credível se não houver fatores externos
Eliminarconcordo com uma parte. tem bem mais jogador alem do messe e Ronaldo. e o que faz eles ser o melhor nem sempre e o futebol e os ganhos e patrocínios. mas digo a verdade. o jogador Cristiano Ronaldo merece a bola. mas a pessoa não. ele não tem valor como um português dado ao seu povo. não defende a camisola e sim o seu nome. mas ganhe o que ganhar. eu não vou ganhar nada com isso.
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ResponderEliminarAcho que há um problema que não foi aflorado no texto e que me parece pertinente, até porque acho que ele contribuiu para que a imprensa portuguesa, e não só, tenha entrado nesta campanha para levar o português a conquistar a bola de ouro. A diferença de tratamento que a FIFA faz em relação a Ronaldo e Messi, é gritante. O triste episódio de Blater apenas confirmou aquilo que se passa nos bastidores da FIFA, não fosse o almoço (ou jantar, não sei a que horas ele deu aquela entrevista) bem regado e as coisas continuariam como até aqui, mas depois daquele triste espetáculo já não se pode fingir mais. Os resumos com as discrições dos jogadores no site da FIFA, para os quais são encaminhados os votantes para formularem a sua escola, são vergonhosos, para além de deverem bastante a verdade.
ResponderEliminarEsta pressão da imprensa obviamente também tem muito a ver com o facto de ser nesta altura que estão a votar, a haver pressão, faz sentido que seja agora, depois daqui a uma ou dus semanas já não vale a pena.
Tendo em conta tudo o que disse, apoio na integra essa pressão. Aliás parece-me que foi ela que contribuiu para esta decisão (que também me parece vergonhosa) de alargar o prazo de votação. Parece-me claramente que o Blater sabia que se não fizesse nada, já quase todos votaram e Messi ganharia. A luz de tudo o que se passou seria uma vergonha isso acontecer, o prémio seria completamente descredibilizado. Já houve anos em que pareceu muito estranho o Messi ganhar (por exemplo em 2010 quando fez um Mundial paupérrimo, onde não marcou um único golo) mas este ano seria ainda pior, sobretudo depois episódio Blater. Se Messi ganhasse este ano (neste momento já não acredito que isso aconteça) o prémio passaria a ter menos importância... na minha opinião até já tem muito menos importância do que já teve, quando era organizado pela France Futebol...
Paulo Anjo Santos