Será Silvestre Varela o novo mito? |
Desde
que D. Sebastião desapareceu na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, que se
criou o mito que ele voltaria, num dia de nevoeiro, para salvar o país.
Mais de quatrocentos anos depois, o mito continua presente na política, não à espera de O Desejado, mas de um homem com o seu perfil, jovem e bem-parecido, e talvez por isso, talvez não, José Sócrates e Pedro Passos Coelho, que parecem corresponder a esses requisitos, foram os últimos primeiros-ministros a serem eleitos, ainda que sem os efeitos desejados.
No futebol português, parece também existir um mito com algumas parecenças, mas com um perfil diferente: o herói é um jovem negro originário dos PALOP.
Tudo
terá começado com Eusébio nos anos 60 (ou então com Matateu, uma década antes),
que ajudou, através de inúmeros golos, o mais popular clube português, Sport
Lisboa e Benfica, a conquistar a sua segunda Taça dos Campeões Europeus, vários
campeonatos e taças nacionais, e a seleção das quinas a qualificar-se pela
primeira vez na sua história para um Campeonato do mundo, em 1966, tendo
terminado em 3º lugar, com o “Pantera Negra” a sagrar-se o melhor marcador da
competição disputada em solo inglês.
Podia
escrever um livro só a falar dos seus feitos, não cabem apenas em uma página de
jornal, mas centremo-nos no que realmente importa: Já no séc. XXI, Pedro
Mantorras, internacional angolano, com o tal perfil, foi contratado pelo
Benfica. Jogador com grande habilidade e com problemas físicos que lhe
destruíram a carreira, no entanto, mais habilidosos e com melhor registo
pisaram o relvado do Estádio da Luz, assim como outros atletas que por lá
passaram acabaram por ter uma carreira abaixo das expectativas, fruto de lesões,
mas ainda assim, nenhum outro conseguia reações tão ruidosas aquando da sua
entrada em campo e reunir a crença dos adeptos em como marcaria um golo que
resolveria o jogo, e por vezes até o conseguia. Porquê tudo isto com ele e não
com outro?
No
corrente ano, em pleno EURO 2012, num encontro frente à Dinamarca, em que Cristiano Ronaldo não esteve muito inspirado, Paulo Bento resolveu colocar em campo Silvestre Varela, nascido em Cabo Verde, um futebolista rejeitado pelo Sporting, que o formou, e suplente habitual no FC Porto, a sua atual equipa, masque cumpre os requisitos para o perfil que já indiquei. Nos últimos minutos do jogo, com 2-2 no marcador, Varela falhou a primeira tentativa de remate deforma que até pareceu algo “tosca”, mas à segunda, marcou o golo decisivo. Mesmo sem deslumbrar por cada vez que tocava na bola, virou herói nacional, e
continua a ser muito aplaudido por cada vez que o selecionador o faz “saltar do
banco”. E o mito continua…
Foto: A Bola. PT
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