Bracarense Paulo Sérgio na partida de Edimburgo |
A minha primeira memória de um
jogo entre o Sp.
Braga e equipas escocesas confunde-se com a minha primeira memória de
partidas dos bracarenses
em provas da UEFA. Como ainda não seguia futebol na década de 1990, aquando das
participações dos minhotos
na Taça
UEFA (1997-98) e Taça das Taças (1998-99), só os vi a marcarem presença nas
competições europeias em 2004-05, na Taça
UEFA.
Na altura, os arsenalistas
então orientados por Jesualdo Ferreira começavam a trilhar o caminho que os
levaria a quarta potência futebolística nacional, apostando já num estilo de
recrutamento que ainda hoje se mantém: um misto de excedentários dos três
grandes (Paulo Santos) e de figuras de equipas secundárias do campeonato
nacional (Abel, Nunes, Jorge Luiz, Kenedy, Luís Loureiro, Vandinho e Jaime),
com alguns produtos da formação pelo meio (Paulo Jorge e Castanheira).
Na primeira eliminatória da Taça
UEFA, que dava acesso à edição inaugural da fase de grupos da prova, o Sp.
Braga teve pela frente o Hearts, na altura uma espécie de terceiro grande da
Escócia (atrás de Celtic
e Rangers),
uma vez que tinha concluído as duas anteriores edições do campeonato escocês no
pódio. Num plantel recheado de desconhecidos para o comum adepto português,
salientavam-se os nomes de internacionais escoceses como o guarda-redes Craig
Gordon (atualmente ao serviço do clube, aos 39 anos), os centrais Steven
Pressley e Andy Webster, o lateral Robbie Neilson, o médio centro Paul Hartley
e o médio esquerdo Jamie McAllister, assim como o central internacional canadiano
Kevin McKenna, o lateral esquerdo internacional irlandês Alan Maybury e o médio
internacional australiano Patrick Kisnorbo. O treinador era o antigo
internacional escocês Craig Levein, que tinha marcado presença no Mundial 1990.
O Hearts não era propriamente um
papão, mas conseguiu construir uma vantagem preciosa na primeira-mão, em
Edimburgo. Após uma primeira parte sem golos, Webster inaugurou o marcador
através de um cabeceamento certeiro aos 51 minutos. Hartley aumentou a vantagem
aos 62’, mas no minuto seguinte Paulo Sérgio reduziu para os bracarenses.
O 2-1 não seria um mau resultado de todo para o Sp.
Braga, mas Kisnorbo fez o terceiro para os The Jambos ao cair do pano.
“É um resultado ingrato. Um
resultado que tira algum espaço de manobra para o Sp.
Braga chegar à segunda eliminatória da Taça
UEFA e poder disputar a tão desejada fase de grupos. A equipa minhota
perdeu em Edimburgo, por 3-1, frente ao Hearts e terá um duelo de coeficiente
elevado na segunda mão. Em casa, terá de marcar dois golos e não poderá sofrer
nenhum, uma tarefa muito complicada, para poder seguir em frente. O conjunto
orientado por Jesualdo Ferreira também se pode queixar de alguma falta de
sorte. O terceiro golo do Hearts aconteceu já no período de descontos, quando
Kisnorbo fuzilou as redes à guarda de Paulo Santos, na sequência de uma má
política do conjunto português. Nos últimos instantes, o Sp.
Braga recuou em demasia, deu a posse de bola ao adversário, em vez de
tentar controlar as operações e até, quem sabe, chegar ao segundo golo. Em
abono da verdade, o 2-1 seria um resultado mais interessante e possibilitaria o
milagre da recuperação para o jogo da segunda mão. Não foi o caso. Mas o Sp.
Braga também esteve um pouco desconcentrado, acusou o peso da
responsabilidade e nunca soube sacudir a pressão inerente a um jogo de rótulo
europeu. Nem sempre a equipa de Jesualdo Ferreira soube utilizar os flancos e a
aposta em Baha, que jogou de início para grande surpresa, revelou-se má”,
escreveu o Maisfutebol.
Apesar da derrota, a imprensa
nacional assumia que um ‘vira minhoto’ na eliminatória não era missão
impossível, até porque muitas das vezes este tipo de equipas com ambientes
eletrizantes no seu estádio é composto por autênticos leões a jogar em casa e
cordeiros a atuar fora.
No Municipal de Braga, o Sp.
Braga até começou melhor, com João Tomás a inaugurar o marcador aos 11
minutos, através de um golpe de karaté na bola que fez o esférico passar por
cima do guarda-redes Gordon.
No entanto, uma viga holandesa
(1,92 m) chamada Mark de Vries fez dois golos para o Hearts, o primeiro pouco
antes da meia hora, a aproveitar um atraso mal medido de Paulo Jorge para Paulo
Santos; e o segundo no início da segunda parte, através de um remate de fora da
área que ainda desviou num defesa arsenalista
antes de chegar ao fundo das redes.
O melhor que o Sp.
Braga conseguiu foi chegar ao empate no jogo (e ao 3-5 na eliminatória)
graças um golo de Jaime, com a coxa, na sequência de um canto de Castanheira
(76 minutos).
“O Sp.
Braga sai de cena da Taça
UEFA, perdendo uma oportunidade histórica de realizar, pelo menos, ainda
mais quatro jogos e atingir o seu máximo histórico nas provas europeias. Não há
lugar a lamentações para quem cometeu erros verdadeiramente infantis num jogo
que teve um autêntico diabo à solta. Chama-se De Vries, o possante holandês que
não teve contemplações para com os anjinhos que teve pela frente. No primeiro
golo, De Vries limitou-se a colocar o pé entre o amorfo e incrível atraso de
Paulo Jorge para Paulo Santos. No segundo, fez o que se impunha e, sem
oposição, rematou de pé esquerdo, com um desvio a trair o guarda-redes bracarense”,
resumiu o jornal Record.
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