quinta-feira, 7 de abril de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre Sp. Braga e equipas escocesas

Bracarense Paulo Sérgio na partida de Edimburgo
A minha primeira memória de um jogo entre o Sp. Braga e equipas escocesas confunde-se com a minha primeira memória de partidas dos bracarenses em provas da UEFA. Como ainda não seguia futebol na década de 1990, aquando das participações dos minhotos na Taça UEFA (1997-98) e Taça das Taças (1998-99), só os vi a marcarem presença nas competições europeias em 2004-05, na Taça UEFA.
 
Na altura, os arsenalistas então orientados por Jesualdo Ferreira começavam a trilhar o caminho que os levaria a quarta potência futebolística nacional, apostando já num estilo de recrutamento que ainda hoje se mantém: um misto de excedentários dos três grandes (Paulo Santos) e de figuras de equipas secundárias do campeonato nacional (Abel, Nunes, Jorge Luiz, Kenedy, Luís Loureiro, Vandinho e Jaime), com alguns produtos da formação pelo meio (Paulo Jorge e Castanheira).
 
Na primeira eliminatória da Taça UEFA, que dava acesso à edição inaugural da fase de grupos da prova, o Sp. Braga teve pela frente o Hearts, na altura uma espécie de terceiro grande da Escócia (atrás de Celtic e Rangers), uma vez que tinha concluído as duas anteriores edições do campeonato escocês no pódio. Num plantel recheado de desconhecidos para o comum adepto português, salientavam-se os nomes de internacionais escoceses como o guarda-redes Craig Gordon (atualmente ao serviço do clube, aos 39 anos), os centrais Steven Pressley e Andy Webster, o lateral Robbie Neilson, o médio centro Paul Hartley e o médio esquerdo Jamie McAllister, assim como o central internacional canadiano Kevin McKenna, o lateral esquerdo internacional irlandês Alan Maybury e o médio internacional australiano Patrick Kisnorbo. O treinador era o antigo internacional escocês Craig Levein, que tinha marcado presença no Mundial 1990.
 



O Hearts não era propriamente um papão, mas conseguiu construir uma vantagem preciosa na primeira-mão, em Edimburgo. Após uma primeira parte sem golos, Webster inaugurou o marcador através de um cabeceamento certeiro aos 51 minutos. Hartley aumentou a vantagem aos 62’, mas no minuto seguinte Paulo Sérgio reduziu para os bracarenses. O 2-1 não seria um mau resultado de todo para o Sp. Braga, mas Kisnorbo fez o terceiro para os The Jambos ao cair do pano.
 
“É um resultado ingrato. Um resultado que tira algum espaço de manobra para o Sp. Braga chegar à segunda eliminatória da Taça UEFA e poder disputar a tão desejada fase de grupos. A equipa minhota perdeu em Edimburgo, por 3-1, frente ao Hearts e terá um duelo de coeficiente elevado na segunda mão. Em casa, terá de marcar dois golos e não poderá sofrer nenhum, uma tarefa muito complicada, para poder seguir em frente. O conjunto orientado por Jesualdo Ferreira também se pode queixar de alguma falta de sorte. O terceiro golo do Hearts aconteceu já no período de descontos, quando Kisnorbo fuzilou as redes à guarda de Paulo Santos, na sequência de uma má política do conjunto português. Nos últimos instantes, o Sp. Braga recuou em demasia, deu a posse de bola ao adversário, em vez de tentar controlar as operações e até, quem sabe, chegar ao segundo golo. Em abono da verdade, o 2-1 seria um resultado mais interessante e possibilitaria o milagre da recuperação para o jogo da segunda mão. Não foi o caso. Mas o Sp. Braga também esteve um pouco desconcentrado, acusou o peso da responsabilidade e nunca soube sacudir a pressão inerente a um jogo de rótulo europeu. Nem sempre a equipa de Jesualdo Ferreira soube utilizar os flancos e a aposta em Baha, que jogou de início para grande surpresa, revelou-se má”, escreveu o Maisfutebol.
 
 
 
Apesar da derrota, a imprensa nacional assumia que um ‘vira minhoto’ na eliminatória não era missão impossível, até porque muitas das vezes este tipo de equipas com ambientes eletrizantes no seu estádio é composto por autênticos leões a jogar em casa e cordeiros a atuar fora.
 
No Municipal de Braga, o Sp. Braga até começou melhor, com João Tomás a inaugurar o marcador aos 11 minutos, através de um golpe de karaté na bola que fez o esférico passar por cima do guarda-redes Gordon.
 
No entanto, uma viga holandesa (1,92 m) chamada Mark de Vries fez dois golos para o Hearts, o primeiro pouco antes da meia hora, a aproveitar um atraso mal medido de Paulo Jorge para Paulo Santos; e o segundo no início da segunda parte, através de um remate de fora da área que ainda desviou num defesa arsenalista antes de chegar ao fundo das redes.
 
O melhor que o Sp. Braga conseguiu foi chegar ao empate no jogo (e ao 3-5 na eliminatória) graças um golo de Jaime, com a coxa, na sequência de um canto de Castanheira (76 minutos).
 
“O Sp. Braga sai de cena da Taça UEFA, perdendo uma oportunidade histórica de realizar, pelo menos, ainda mais quatro jogos e atingir o seu máximo histórico nas provas europeias. Não há lugar a lamentações para quem cometeu erros verdadeiramente infantis num jogo que teve um autêntico diabo à solta. Chama-se De Vries, o possante holandês que não teve contemplações para com os anjinhos que teve pela frente. No primeiro golo, De Vries limitou-se a colocar o pé entre o amorfo e incrível atraso de Paulo Jorge para Paulo Santos. No segundo, fez o que se impunha e, sem oposição, rematou de pé esquerdo, com um desvio a trair o guarda-redes bracarense”, resumiu o jornal Record.
 



 





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