Ver o Benfica defrontar
equipas francesas é quase um clássico de pré-época, talvez à
exceção dos anos mais recentes, em que as águias têm viajado para
os Estados Unidos a fim de participar na International Champions Cup.
Antes da minha primeira memória de um jogo diante de formações
gaulesas, houve pelo menos três jogos particulares desde que
acompanho futebol: Lyon em 2000, Auxerre em 2002 e Marselha em 2004.
Mesmo contabilizando
esses, dos quais tenho vaga memória, o primeiro de que me lembro
efetivamente ao ponto de ter na língua o resultado e autor do golo:
1-0 ao Lille no Estádio da Luz, com Fabrizio Miccoli a decidir. O
jogo, referente à 1.ª jornada da fase de grupos da Liga dos
Campeões, marcava o regresso das águias à Champions, prova
na qual se estreava o novo recinto dos encarnados.
O Benfica, que meses
antes se tinha sagrado campeão nacional 11 anos, tinha acabado de
trocar Giovanni Trapattoni por Ronald Koeman no comando técnico. É
verdade que perdeu Miguel, um jogador importante para a conquista do
título, mas contratou Nélson (ex-Boavista), Léo (ex-Santos),
Miccoli (emprestado pela Juventus), Anderson (ex-Corinthians), Beto
(ex-Beira-Mar) e Karagounis (ex-Inter de Milão).
Do outro lado estava um
Lille que era vice-campeão francês, tendo ficado apenas atrás do
Lyon, que na altura dominava a Ligue 1. O então jovem médio de 19
anos Yohan Cabaye, os então jovens laterais de 20 e 21 anos Mathieu
Debuchy e Stephan Lichtsteiner e o então jovem de 18 anos Kevin
Mirallas eram os jogadores da equipa orientada por Claude Puel que
assumiram um papel de maior destaque no futebol mundial.
No jogo da Luz, a 14 de
setembro de 2005, o 0-0 persistiu durante 90 minutos, mas em tempo de
compensação o pequeno Miccoli cabeceou para o fundo das redes à
guarda do internacional senegalês Tony Sylva na resposta um
cruzamento de Mantorras a partir do lado direito, dando a vitórias
aos encarnados.
“Foi preciso esperar
pelo período de compensação para se festejar um golo na Luz. Na
estreia no Grupo D da Liga dos Campeões, o Benfica venceu o Lille,
somando assim os três primeiros pontos numa competição a que está
de regresso após sete anos de ausência. O jogador em destaque foi
Miccoli. Além do golo de cabeça, no seguimento de um cruzamento de
Mantorras, o camisola 30 dinamizou o ataque do clube da Luz. Um
triunfo moralizador, depois do mau início de campeonato”, escreveu
o Diário de Notícias, em alusão a um arranque de campeonato
em que os encarnados tinham somado apenas um ponto em nove possíveis.
Mais de dois meses
depois, os dois conjuntos encontraram-se no Stade de France, em
Saint-Denis, nos arredores de Paris. Desportivamente, o cenário não
era muito animador à entrada para a essa jornada, a penúltima da
fase de grupos, pois os encarnados ocupavam a lanterna-vermelha do
grupo, com quatro pontos, menos um do que o Lille e o Manchester
United e menos dois do que o líder Villarreal. Porém, socialmente o
Benfica praticamente jogou em casa, contando com o apoio de dezenas
de milhares de emigrantes, num jogo marcado por uma autêntica
romaria de portugueses espalhados por França e pelos países
vizinhos ao estádio.
Embora em apuros, o
Benfica apresentou um onze bastante conservador, com quatro centrais
de raiz (Anderson, Luisão, Alcides e Ricardo Rocha), dois laterais
(Nélson e Léo) e ainda dois médios de características defensivas
(Petit e Beto). Sobravam Nuno Gomes e Miccoli.
O resultado final foi um
empate a zero, precisamente o mesmo do Manchester United-Villarreal
que se disputava à mesma hora em Old Trafford. “Empate
todo-o-terreno. Ronald Koeman mexeu radicalmente na equipa, apostando
em seis defesas na equipa inicial. A baliza de Quim esteve (quase) à
prova de bala, mas no centro faltou quem pensasse mais o jogo. Aquele
remate de Mantorras no último segundo poderia ter mudado tudo...”,
escreveu O Jogo.
O nulo, porém, deixava
tudo em aberto para a última jornada, em que o Benfica precisava de
ganhar aos red devils para seguir em frente e... ganhou mesmo,
deixando a equipa de Cristiano
Ronaldo fora das competições europeias logo em dezembro.
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