quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

“A boca morre pelo peixe” e “sem migo”. As melhores pérolas de Luís Filipe Vieira

Luís Filipe Vieira foi presidente do Alverca e do Benfica
Filho de um pedreiro e de uma mãe que trabalhava nas confeções, Luís Filipe Vieira nasceu e cresceu no Bairro das Furnas, um bairro social de pequenas casas prefabricadas perto do Jardim Zoológico de Lisboa, e desistiu dos estudos após concluir o ensino primário. Não raras as vezes, admitiu que só tinha a quarta classe e que não tinha vergonha em dizê-lo.
 
Conhecido pelos amigos por “Cabeçudo” ou “Ventoinha”, começou a trabalhar aos 14 anos e não foi a falta de estudos que o impediu de se tornar num empreendedor, tendo começado a fazer dinheiro no ramo dos pneus, numa longa caminhada no mundo dos negócios que haveria de fazer dele uma das 100 pessoas mais ricas de Portugal.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

“Qual é o joelho que queres, cabrão?”. Quando Futre apontou uma pistola a Dani

Futre na apresentação de Dani no Atlético em janeiro de 2001
O Atlético Madrid conquistou dois campeonatos de Espanha e foi a duas finais da Liga dos Campeões nos últimos dez anos e ganhou três Ligas Europa nos últimos quinze, mas não assim há tanto tempo o emblema colchonero estava na II Liga Espanhola em… zona de despromoção.
 
É verdade. A 5 de novembro de 2000, após uma derrota em casa ante o Tenerife (1-2), o Atleti caiu para a 19.ª posição, ao cabo de onze jornadas. Se o campeonato terminasse naquele dia, desceria para a II Divisão B.
 
No dia seguinte, Paulo Futre iniciou funções como diretor desportivo e começou a arrumar a casa. Já depois de ter mostrado os testículos a todo o plantel, para pedir tomates aos jogadores para saírem daquela situação, e de gerir a contestação ao presidente Gil y Gil, começou a analisar o mercado à procura de um lateral esquerdo, um trinco e um extremo.
 
Certo dia, recebeu uma chamada daquele que era o principal agente português na altura, José Veiga, que lhe propôs a contratação de Dani, um talentoso esquerdino capaz de jogar nas alas ou atrás do ponta de lança, mas que estava completamente queimado no futebol devido à sua vida boémia.  Tinha contrato com o Benfica, mas as águias queriam ver-se livres dele a todo o custo.

Da “primeira grande professora de sexo” às amigas bissexuais. As aventuras mulherengas de Futre

Futre fez anúncios de estimulantes sexuais masculinos
Fama não lhe faltava. E proveito também não. Estrela de anúncios de estimulantes sexuais masculinos quando já ia na meia idade, Paulo Futre teve enquanto jovem, ao longo da sua carreira de futebolista, “inúmeros episódios relacionados com o sexo feminino”. É o próprio que o assume no livro El Portugués, publicado em 2011, e no qual conta que sempre lidou “muito bem com esse assédio”, tendo passado por “algumas histórias bizarras”.
 
Tudo começou no Porto. Com 19 aninhos e o estatuto de uma das principais figuras do FC Porto, tinha “algumas amigas especiais, mas sem compromisso”, até que numa viagem de Lisboa para o Porto de comboio, depois de representar a seleção nacional, conheceu uma mulher na casa dos 30 e poucos anos. “Que senhora”, disse para dentro, antes de a conversa começar a fluir.
 
“Quando somos jovens, temos sempre o objetivo de estar com uma mulher mais velha. Alguém que nos pode ensinar outras coisas. E é isso que vai acontecer. Nesse dia começa uma história louca entre nós. Posso dizer que ela se transforma na minha primeira grande professora de sexo”, contou no livro.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

“O que hoje é verdade amanhã é mentira”. Recorde a origem da histórica frase e o seu autor

Pimenta Machado foi presidente do V. Guimarães entre 1980 e 2004
“O que hoje é verdade amanhã é mentira” é uma daquelas frases que ficaram lapidadas na história do futebol português. O seu autor, é do conhecimento geral, foi António Pimenta Machado, histórico presidente do Vitória de Guimarães, que dirigiu o clube entre 1980 e 2004. Juntamente com Valentim Loureiro e Pinto da Costa fez parte de uma geração de líderes carismáticos, polémicos e que pareciam eternizar-se nas funções, sendo que um deles escapou à justiça única e exclusivamente por ilegalidade das provas recolhidas e ainda anda por aí, com apoiantes extremamente fiéis.

Desceu duas equipas na mesma época, mas tinha boas tiradas. Quem se lembra do treinador Luís Campos?

Luís Campos esteve nas descidas do Vitória e do Varzim à II Liga em 2003
Luís Campos é hoje uma figura conceituadíssima no futebol mundial. É só consultor do presidente do Paris Saint-Germain, uma espécie de diretor desportivo oficioso, que se especializou em scouting desde que trabalhou como observador do Real Madrid então orientado por José Mourinho, construiu a equipa do Mónaco que haveria de conquistar o título francês em 2016-17 e render centenas de milhões de euros em transferências e repetiu a façanha monegasca no Lille.
 
Hoje, é talvez a referência maior do mundo do futebol quando o tema é scouting. Tem uma base de dados própria e um método de observação que visa reduzir o erro, com suporte tecnológico e algoritmos gerados por dados estatísticos.

“Se a minha avó tivesse rodas seria um camião”. Recorde as melhores pérolas de Paulo Bento

Paulo Bento sentiu-se roubado na final da Taça da Liga de 2009
Satirizado por Ricardo Araújo Pereira no Diz que É uma Espécie de Magazine, Paulo Bento proporcionou muitos momentos de humor quando foi treinador do Sporting, entre 2005 e 2009, mesmo que fosse raro vê-lo sorrir.
 
No início da época 2006-07, os leões perderam em Alvalade ante o Paços de Ferreira graças a um golo marcado com a mão por parte do brasileiro Ronny. No final do jogo, questionaram o técnico sobre o lance, e a resposta ficou para a história: “Se foi com a mão não é polémico. Com a mão é andebol, basquetebol, voleibol… Futebol, com os pés, com as pernas, com a cabeça.”

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Hoje faz anos a arma secreta do FC Porto de Mourinho para os grandes jogos. Quem se lembra de Pedro Mendes?

Pedro Mendes representou o FC Porto em 2003-04
Muitas vezes esquecido, até pela própria seleção nacional, Pedro Mendes fez uma carreira fantástica: foi internacional jovem, estreou-se de quinas ao peito quando jogava no Vitória de Guimarães, foi campeão nacional e europeu pelo FC Porto, venceu uma Taça de Inglaterra pelo Portsmouth, somou quase 90 partidas na Premier League, conquistou dois campeonatos da Escócia e esteve num Mundial.
 
Médio capaz de desempenhar várias funções na zona medular e com bom remate de meia distância, dividiu a formação entre Desportivo das Aves, Vitória de Guimarães e Ribeira de Pena. Quando transitou para sénior, em 1998-99, foi emprestado pelos vimaranenses ao Felgueiras, que com este centrocampista ficou a um pequeno passo de subir à I Liga.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

PPV Review - Elimination Chamber: Perth (2024)


Data: 24 de fevereiro de 2024
Arena: Optus Stadium
Localidade: Perth, Austrália
 

Sonhava ser “uma espécie de Berlusconi do Benfica”. Quem se lembra de Vale e Azevedo?

Vale e Azevedo foi presidente do Benfica entre 1997 e 2000
Na história do Benfica só há dois estatutos que são indiscutíveis: Eusébio melhor futebolista de sempre e Vale e Azevedo pior presidente de sempre.
 
Numa altura em que o FC Porto tinha a hegemonia do futebol português, este advogado, que havia sido assessor jurídico de Francisco Pinto Balsemão quando o patrão da Impresa era primeiro-ministro, foi eleito presidente das águias em outubro de 1997 e garantiu que ia meter muito dinheiro no clube, que atravessava uma grave crise financeira. E também deixou claro qual era a sua inspiração: “Não pretendo ser um mecenas, mas uma espécie de Silvio Berlusconi do Benfica.”
 
Em parte, cumpriu a promessa, pois, tal como o antigo presidente do AC Milan, também foi condenado pela justiça a uma pena de prisão.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Goleador e primeiro treinador português campeão europeu e nas big five. Quem se lembra de Artur Jorge?

Artur Jorge foi goleador no Benfica e campeão europeu no FC Porto
Primeiro treinador português a sagrar-se campeão europeu, orientando o FC Porto, Artur Jorge teve uma vida ligada ao futebol, como jogador e técnico, que o levou também à liderança da seleção nacional.
 
Nascido no Porto, em 13 de fevereiro de 1946, Artur Jorge foi um sucessor à altura do lendário José Maria Pedroto no banco do FC Porto, contribuindo, sob a tutela do presidente Pinto da Costa, para a emancipação do clube, que teve como zénite a conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1987, derrubando um colosso chamado Bayern Munique.
 
Se é verdade que o maior sucesso surgiu depois de pendurar as chuteiras, levando o clube portuense a declará-lo "tão inesquecível como aquela noite de Viena", Artur Jorge viveu muitos momentos de glória dentro dos relvados, como um dos grandes avançados portugueses, e a sua vida não pode reduzir-se ao desporto.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

“Faca de dois legumes” e não só. Recorde as melhores pérolas do Boavistão

Jaime Pacheco levou o Boavista à conquista do título
No período da viragem do século, com o Boavista nos primeiros lugares do campeonato e relativamente pujante na Europa, não faltavam conferências de imprensa e consequentes perguntas e respostas. E com microfones constantemente à frente do carismático Jaime Pacheco, a quantidade de tesourinhos é vasta.
 
Mas o treinador dos axadrezados, que um dia chamou “doente” a José Mourinho, não era o único capaz de cometer gaffes. Instado a comentar o estilo de jogo da equipa em dezembro de 2000, o central Litos disse que “jogar à defesa pode ser uma faca de dois legumes”.
  
Certamente que se queria referir à expressão metafórica faca de dois gumes, que designa algo que sendo capaz de trazer uma consequência benéfica traz também uma desfavorável, mas Jaime Pacheco não perdoou. Dois anos e meio depois, em vésperas de o Boavista defrontar o Hertha de Berlim para a Taça UEFA, o técnico boavisteiro foi questionado sobre se iria haver uma marcação individual à grande estrela da equipa germânica, o médio ofensivo brasileiro Marcelinho Paraíba, e lembrou a frase do seu antigo jogador: “Fazer uma marcação homem a homem ao Marcelinho pode ser uma faca de dois legumes, como agora se diz.”

O guarda-redes do FC Porto vítima de acidente fatal na A1. Quem se lembra de Zé Beto?

Zé Beto defendeu a baliza portista em 179 jogos
Carismático guarda-redes que integrou durante cerca de uma década o plantel principal do FC Porto, Zé Beto nasceu no seio de uma família de pescadores de Matosinhos com algumas dificuldades económicas. Haveria de se mudar, mais tarde, para Leça da Palmeira e para o Porto, onde conseguiu completar o ciclo preparatório, mas não era bom aluno.
 
Ainda se aventurou no judo e na natação, mas depois de experimentar a baliza do campo pelado do Pasteleira focou-se no futebol. Do Pasteleira ao FC Porto foi um tirinho, tendo chegado rapidamente às seleções nacionais jovens. Ainda antes de se estrear pela equipa principal dos dragões somou 13 internacionalizações pelos sub-18 e quatro pelos sub-20, tendo participado no Campeonato do Mundo desta última categoria em 1979.
 
A ansiada estreia oficial pela equipa principal dos azuis e brancos só aconteceu em março de 1983, pela mão de José Maria Pedroto, muito depois de ter jogado pela primeira vez na I Divisão ao serviço do Beira-Mar em 1979-80, quando esteve emprestado aos aveirenses. Ou seja, esteve cerca de três anos sem disputar um único encontro oficial, tapado pelos mais experientes Fonseca, Tibi e Jorge Amaral.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Quem se lembra de quando Conceição se atirou a “Merdaíl” e acusou Scolari de preferir jogadores patrocinados pela Nike?

Sérgio Conceição e Gilberto Madaíl no Jamor em 2002
Filho de um pedreiro, Sérgio Conceição cresceu no seio de uma família humilde nos arredores de Coimbra e ficou órfão de pai e mãe ainda enquanto adolescente. Também não era propriamente o mais talentoso dos jogadores, mas tinha na garra a principal imagem de marca, tendo conseguido uma carreira de futebolista muito bonita: passou por três empréstimos antes de se afirmar no FC Porto, ganhou tudo em Portugal, conquistou um campeonato, duas Taças e uma Supertaça de Itália, uma Taça das Taças e uma Supertaça Europeia ao serviço da Lazio, brilhou no Euro 2000 com um hat trick à Alemanha e já na curva descente foi eleito o melhor jogador do campeonato belga.
 
Mas esse nervo que exibia em campo também vem ao de cima quando é chamado a falar. Não é só desde que é treinador que tem declarações impetuosas e intempestivas. Tem o coração na boca, é genuíno, não tem filtros e, obviamente, acaba por cometer erros tanto na forma como no conteúdo. A diferença é que, agora, tem de falar publicamente várias vezes por semana.

Morreu Andreas Brehme, o ambidestro que deu o título mundial à Alemanha em 1990. Quem se lembra dele?

Andreas Brehme chutava com ambos os pés
Morreu na última madrugada, aos 63 anos, Andreas Brehme, herói do título mundial da Alemanha em 1990, vítima de ataque cardíaco.
 
Jogador ambidestro e polivalente, que jogava preferencialmente nas alas, mas que também podia cobrir a posição de médio defensivo, formou-se no Barmbek-Uhlenhorst, de Hamburgo, e começou a dar nas vistas no Kaiserslautern entre 1981 e 1986, clube que o catapultou para a seleção da Alemanha e para o todo-poderoso Bayern Munique.
 
Ao serviço do emblema da Baviera conquistou o campeonato alemão em 1986-87, época também marcada pela caminhada até à final da Taça dos Campeões Europeus, perdida para o FC Porto.

Problemas com treinadores em Madrid e distinção negativa em Itália. Quem se lembra de Maniche no Atlético e no Inter?

Maniche foi o único português a jogar por Inter e Atlético
O Inter de Milão-Atlético Madrid desta terça-feira (20:00) é o momento ideal para recordar a passagem o único jogador português que representou ambos os clubes, Maniche. Curiosamente, o antigo médio até jogou passou por estes dois históricos emblemas do futebol europeu numa fase em que começava a perder cada vez mais protagonismo na seleção nacional.
 
Depois de ganhar tudo o que havia para ganhar no FC Porto, de uma passagem do Dínamo Moscovo, de curto empréstimo ao Chelsea de José Mourinho e de um Mundial 2006 muito bem conseguido, foi contratado pelo Atlético Madrid aos russos, por 9 milhões de euros, precisamente após o Campeonato do Mundo que se realizou na Alemanha.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Um goleador com sotaque alentejano. Quem se lembra de Vítor Madeira?

Vítor Madeira brilhou no Vitória de Setúbal e no Estoril
Um dos melhores futebolistas alentejanos de todos os tempos, um avançado que contabilizou 246 jogos e 58 golos ao longo de onze épocas a competir na I Divisão e que deixou marca no futebol português nas décadas de 1970 e 1980. Vítor Madeira era um ponta de lança que também poderia assumir outras funções no ataque, e que se destacava pela sua rapidez, versatilidade, qualidade técnica e habilidade goleadora.
 
Nascido em Beja em setembro de 1953, era o mais novo de cinco irmãos futebolistas – os outros eram Joaquim, João, Rui e Nói –, e começou a dar nas vistas no clube da terra, o Desportivo de Beja. No verão de 1973 mudou-se para o Vasco da Gama, de Sines, para onde foi pela mão de Vicente Lucas e onde criou raízes e deu nas vistas, tendo contribuído para a conquista do título da Série D da III Divisão Nacional em 1975-76 e consequente promoção à II Divisão.

O homem contratado pelo FC Porto para fazer esquecer Jardel. Quem se lembra de Pena?

Pena somou 42 golos em 87 jogos pelo FC Porto
2000 foi um ano de mudança de ciclo no FC Porto. Apesar de ter estado com o hexacampeonato bem encaminhado, viu o Sporting quebrar-lhe a sequência de títulos. E o homem que havia sido por quatro vezes o melhor marcador da I Liga portuguesa (com direito a Bota de Ouro em 1998-99), Mário Jardel, saiu para o Galatasaray. E para o substituir? Foi uma carga dos trabalhos. Quem começou a temporada 2000-01 como titular foi o croata Silvio Maric (ex-Newcastle), que se lesionou gravemente logo no primeiro jogo oficial da época. No segundo encontro, a titularidade foi dada a Domingos, já na curva descendente da carreira, mas não correspondeu com golos. Outro veterano com créditos firmados, Juan Antonio Pizzi (ex-Rosario Central), também não faturou. Por último, Fernando Santos experimentou Romeu, o que também não resultou. Já no final do verão chegou um brasileiro ex-Palmeiras sem internacionalizações A nem grande currículo no que concerne a média de golos, Pena, que pegou de estaca.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Foi bicampeão pela Juventus e titular da seleção em dois Europeus. Quem se lembra de Dimas?

Dimas jogou 44 vezes pela seleção nacional A
Era avançado nos juniores da Académica, mas notabilizou-se como lateral esquerdo. Nasceu na África do Sul e veio para Portugal já com 17 anos, mas foi a tempo de ser o titular da seleção nacional em dois Campeonatos da Europa. Desceu à II Liga por duas vezes no início da carreira, mas conquistou dois campeonatos de Itália ao serviço da Juventus no auge. Assim foi Dimas, em muitas ocasiões o único canhoto no meio de uma geração de ouro lusitana carregada de destros.
 
Foi precisamente por ser esquerdino (e alto) que Vítor Manuel viu nele condições de ser o titular do lado esquerdo da defesa dos estudantes, lançando-o num jogo da I Divisão em Elvas, em setembro de 1987. “O Dimas era ponta de lança nos juniores e, quando subiu a sénior, houve um lateral-esquerdo (salvo erro, o Germano) que se lesionou e não tínhamos ninguém para a posição. Ele era canhoto, alto e dono de um excelente pé esquerdo, pelo que tentámos a adaptação”, recordou Vítor Manuel ao Record em novembro de 2000.

Quem se lembra de Vítor Paneira?

Vítor Paneira representou o Benfica entre 1988 e 1995
Considerado por muitos o melhor extremo direito do Benfica depois de José Augusto, Vítor Paneira jogou durante sete épocas de águia ao peito, tendo conquistado três campeonatos, uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira, tendo ainda participado na caminhada até à final da Taça dos Campeões Europeus em 1989-90. Também disse presente em jogos míticos como a vitória sobre o Arsenal em Highbury e o triunfo nas Antas com bis de César Brito em 1991 e os 6-3 ao Sporting e os 4-4 em Leverkusen de 1994.
 
Jogar com elevada qualidade técnica e dotado de um cruzamento preciso, nasceu em Vila Nova de Famalicão e despontou no clube da terra. “Nunca tive escola, como se diz. Comecei a jogar futebol apenas aos 16 anos, no Riopele, já como juvenil. No ano a seguir passei para o Famalicão, enquanto júnior, e uma época depois subi aos seniores. Antes jogava na rua e jogava futebol de salão. Era isso que me divertia e que gostava de fazer. A partir do Riopele achei que devia levar isto a sério e que podia fazer uma carreira no futebol”, contou ao Maisfutebol em fevereiro de 2016.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

O mítico presidente do Gil Vicente que viu “um porco a andar de bicicleta”. Quem se lembra de António Fiúsa?

António Fiúsa é presidente honorário do Gil Vicente
Numa altura em que Valentim Loureiro e Pimenta Machado estavam a desaparecer do futebol português, emergia mais um excêntrico presidente de clube a norte, António Fiúsa, que começou a receber palco mediático quando rebentou o Caso Mateus, em 2006.
 
Antes de a despromoção do Gil Vicente na secretaria ficar sentenciada, o campeonato de 2006-07 arrancou numa altura em que não se sabia se seriam os gilistas ou o Belenenses a permanecer no primeiro escalão. Quis o sorteio que, na jornada inaugural, fosse o Benfica a receber o ainda incógnito participante da I Liga. Perante a incerteza, a partida foi adiada, mas o presidente do emblema barcelense insistiu em levar a equipa para Lisboa. “Vou aproveitar e levar os jogadores ao parque Jardim Zoológicus, porque aqui em Lisboa há poucos animais identificados e eles vão gostar de ver as novas espécies no Jardim Zoológicus”, afirmou na altura.

“Ninguém fala do passe de merda”. Recorde as melhores tiradas de Manuel, “aquele C’ajuda”

Manuel Cajuda orientou o Sp. Braga entre 1999 e 2002
É para falar futebolês? É para falar em transições rápidas em vez de contra-ataque? É para falar em esquemas táticos em vez de bolas paradas? Então não contem com o Manuel, “aquele C’ajuda”.
 
Manuel Cajuda era um treinador competente, que alcançou um 3.º lugar na I Liga ao serviço do Vitória de Guimarães (2007-08), levou a União de Leiria à única final da Taça de Portugal da sua história (2002-03) e a uma promoção ao primeiro escalão (1993-94), subiu pela última vez o Torreense à I Divisão (1990-91) e apurou o Marítimo para as competições europeias em 2004. Isso ninguém lhe tira. Mas é também uma personalidade futebolística carismática, com tiradas espetaculares. E a nova linguagem do futebol foi visada em várias ocasiões.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

As “maçãs podres” que vieram do frio. Quem se lembra de Iuran, Mostovoi e Kulkov?

Iuran, Mostovoi e Kulkov no Estádio da Luz
“Maçã podre” é um termo hoje muito associado a João Moutinho, que foi assim apelidado pelo então presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt, aquando da transferência do médio para o FC Porto, em 2010. Teve o objetivo de classificar um jogador com um comportamento alegadamente nocivo no balneário. Mas não foi a primeira vez que foi empregue no futebol português.
 
Cerca de 17 anos antes, o então treinador do Benfica, Toni, tornou-se no primeiro a utilizar o termo. “Não vou pôr três maçãs podres num cesto de maçãs mais ou menos boas”, afirmou, a propósito dos três russos que viraram o Estádio da Luz do avesso: Iuran, Mostovoi e Kulkov. Em causa saídas à noite, atrasos aos treinos e, no caso de Iuran, um acidente de viação mortal na Avenida da Boavista.

“Um brasileiro é bom, dois já são uma escola de samba e três uma multidão em Copacabana”. Recorde as melhores pérolas de Pedroto

Pedroto teve três passagens pelo comando técnico do FC Porto
José Maria Pedroto é uma figura incontornável do futebol português. Foi selecionador nacional a meio da década de 1970, ganhou duas Taças de Portugal pelo Boavista, guiou o Vitória de Setúbal ao segundo lugar no campeonato e, sobretudo, construiu, juntamente com Pinto da Costa, as bases de um FC Porto hegemónico em Portugal, tendo vencido dois campeonatos, três Taças de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira ao leme dos dragões.
 
Por detrás daqueles óculos fundo de garrafa estava um homem com uma inteligência admirável, que preferia pressionar em vez de impressionar, cultivando a semente do clima de crispação no qual o futebol português mergulhou. Frases como “roubo de igreja” e “quando o FC Porto passa a ponte da Arrábida já está a perder” foram celebrizadas por este treinador falecido em janeiro de 1985.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

“Um vintém é um vintém e um cretino é um cretino”. Quem se lembra da intriga entre Jesus e Machado?

Manuel Machado e Jorge Jesus não gostavam um do outro
De um lado Manuel Machado, o campeão do português complexo, mas bem falado, desenvolvido a dar aulas. Do outro Jorge Jesus, sem papas na língua, nem que seja para soltar uma ou outra calinada. Quis o destino que estes dois extremos na expressão do idioma não gostassem lá muito um do outro.
 
No verão de 2008, Jesus sucedeu a Machado no comando do Sp. Braga e fê-lo logo com uma entrada a pés juntos, garantindo que com a equipa do antecessor teria feito muito melhor.
 
Na mesma altura Machado tornou-se treinador do Nacional, clube pelo qual acabaria por ficar à frente do… Sp. Braga de Jesus. “Dá-me um certo gozo ficar à frente do mestre da tática. Não sou convidado para palestras internacionais, não sou o técnico das reformas, não estou online, não sou o inteligente das táticas... apenas uso um bloco de papel e, mesmo assim, ficar à frente de alguém tão especial, talvez o Especial 2...", rematou o então técnico dos insulares, numa entrevista ao jornal A Bola.

“Até eu não sei se hei de coloca-lo a jogar ou levá-lo para a cama”. Quem sei lembra de Dani no West Ham?

Harry Redknapp e Dani no West Ham em 1996
Jogador talentosíssimo, mas também bem parecido, namoradeiro e boémio, nunca conseguiu que a sua qualidade para o futebol prevalecesse sobre a fama de bon vivant. Essa reputação nasceu ainda em Portugal, mas foi exportada para Inglaterra, assim que o Sporting o emprestou ao West Ham no início de 1996, e fez as delícias dos tabloides britânicos.
 
Os primeiros tempos nos hammers ficaram marcados por um aumento da presença dos jornalistas nos treinos, a maior parte mulheres. “Nunca há jornalistas e hoje temos jornalistas e a maior parte mulheres!”, comentaram os colegas, revelou Dani numa entrevista à Tribuna Expresso. E um dos jornais escreveu logo: “Lock up your daughters! Dani has arrived” [“Fechem as vossas filhas em casa. Chegou o Dani”]. Num ápice, foi contactado por uma agência de modelos em Inglaterra e passou a posar para revistas, a ir às estreias dos filmes de cinemas e a ser introduzido na vida social londrina.

Do “sequestro” de Paulo Sousa ao Benfica sem dinheiro para “comer carapaus”. Quem se lembra de Manuel Barbosa?

O agente de jogadores Manuel Barbosa
Antes de José Veiga e Jorge Mendes, o primeiro agente de jogadores verdadeiramente mediático em Portugal foi Manuel Barbosa, um antigo emigrante com muitos contactos no futebol francês e que se foi aproximando do Benfica, seu clube do coração – nunca o escondeu.
 
Manuel Barbosa surgiu na ribalta na década de 1990 e acabou por ser uma das personagens mais relevantes do famoso verão quente de 1993, quando Pacheco e Paulo Sousa rescindiram com justa causa das águias, alegando salários em atraso, e assinaram pelo Sporting.
 
Este empresário representava o então jovem promissor médio, mas era contra a transferência para Alvalade. “Crime! O que me interessa é que me raptaram um filho desportivo. Posso apresentar queixa ao Ministério Público por rapto e sequestro. Ele está nesta situação contra a sua vontade e só me desmentirá se lhe apontaram uma pistola. Posso provar que o Paulo Sousa está sequestrado. Eu sei tudo o que se passa e ele vai tentar gritar ou fugir pela janela”, afirmou, dias antes de o centrocampista ser apresentado como reforço leonino.

“Prognósticos só no fim no jogo” e não só. As melhores pérolas de João Pinto

João Pinto vestiu a camisola do FC Porto entre 1981 e 1997
Eterno lateral direito do FC Porto, que serviu os azuis e brancos em quase 600 encontros ao longo de 16 anos, João Pinto foi também o autor de algumas das frases mais engraçadas do futebol português, incluindo uma mítica que virou ditado popular: “Prognósticos só no fim do jogo”.
 
Mas há mais, algumas das quais cheias de figuras de estilo. Num clássico entre FC Porto e Benfica, numa altura em que era adjunto de Jesualdo Ferreira na equipa principal dos dragões, saiu em defesa do chefe de equipa, que tinha desentendido com Nuno Gomes, tendo atacado o nº 21 dos encarnados com uma antítese: “Falas muito, mas jogas pouco.”

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

O Bola de Ouro francês que teve de ir para a Bélgica para dar nas vistas. Quem se lembra de Jean-Pierre Papin?

Jean-Pierre Papin ganhou a Bola de Ouro de 1991
Jean-Pierre Papin ganhou uma Bola de Ouro (1991), foi eleito por duas vezes o melhor futebolista francês do ano (1989 e 1991), está entre os 100 melhores jogadores do primeiro centenário da FIFA e sagrou-se melhor marcador do campeonato gaulês em cinco épocas consecutivas (1987-88 a 1991-92) e goleador-mor da Taça dos Campeões Europeus em três temporadas seguidas (1989-90 e 1991-92). Mas os clubes franceses não foram lestos em compreender o talento deste avançado oportunista e com faro para o golo.
 
Depois de ter despontado no Valenciennes, teve de se exilar na Bélgica no verão de 1985 para dar nas vistas. Na única temporada que passou ao serviço do Club Brugge, apontou 33 golos em 45 jogos e venceu a Taça da Bélgica, o que lhe valeu não só a estreia na seleção francesa como a convocatória para o Mundial 1986, no qual França obteve um honroso 3.º lugar. Apesar dessa curta passagem, foi eleito pelos adeptos o melhor futebolista estrangeiro de sempre do clube belga em 2008.

Hoje faz anos o homem que nos deu um desgosto do tamanho da Europa. Quem se lembra de Charisteas?

Charisteas marcou a Espanha, França e Portugal no Euro 2004
O Éder grego antes de haver um Éder português. O homem que não disse “É feriado hoje, ******”, mas que nos meteu a todos com uma azia do c******. Angelos Charisteas deu o improvável título europeu à Grécia em 2004, em Portugal, mas não se limitou a marcar o golo decisivo na final. Não, também marcou no empate com Espanha na fase de grupos (1-1), no Bessa, e apontou o golo solitário que eliminou a França em Alvalade nos quartos de final (1-0).
 
Mas desengane-se que este possante avançado helénico (1,91 m) estava a viver um grande momento de forma antes de aterrar em solo luso. Havia sido campeão da Alemanha ao serviço do Werder Bremen, é verdade, mas não tinha ido além de quatro golos em 24 jogos na Bundesliga, sendo que só havia sido titular em sete encontros. Não era caso único entre os homens de Otto Rehhagel: também Traianos Dellas (AS Roma) e Georgios Karagounis (Inter de Milão), entre outros, vinham de épocas pobres em termos de minutos de jogo.

A minha primeira memória de… um jogo entre Estrela da Amadora e Portimonense

Portimonense e Estrela defrontaram-se na 34.ª jornada da II Liga em 2003
Uma memória que me faz recuar à infância, a um tempo em que um único canal da Sport TV se tinha que desdobrar entre as principais ligas europeias de futebol e várias modalidades e no qual a rádio tinha um papel bem mais importante do que tem hoje na cobertura das tardes desportivas.
 
Lembro-me de acompanhar através rádio a última jornada da II Liga de 2002-03, para a qual Rio Ave e Alverca entraram já promovidos, mas com o título de campeão por atribuir. Por outro lado, faltava apurar a terceira equipa a subir ao primeiro escalão: Naval (54 pontos), Estrela da Amadora (54) ou Portimonense (51).
 
O conjunto da Figueira da Foz, que nessa temporada havia eliminado o Sporting à Taça de Portugal e chegado às meias-finais da prova rainha, tinha vantagem no confronto direto sobre os amadorenses, que assim entraram na derradeira ronda na quarta posição.
 
E quais eram os jogos decisivos dessa última jornada? Rio Ave – Naval e PortimonenseEstrela da Amadora. Dois encontros de aposta tripla.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Morreu João Oliveira Pinto, campeão do Mundo sub-20 em 1991. Quem se lembra dele?

João Oliveira Pinto morreu aos 52 anos
Morreu esta quinta-feira, aos 52 anos, o antigo futebolista João Oliveira Pinto, vítima de doença prolongada.
 
O antigo médio ofensivo, um dos campeões do Mundo de sub-20 em Lisboa, em 1991, foi formado no Sporting, passou por vários clubes e foi também vice-campeão europeu de sub-21 em 1994.
 
Nascido na capital portuguesa, atuou em três partidas nesse Mundial de juniores, uma delas como titular, inscrevendo o seu nome na história do desporto nacional na turma orientada por Carlos Queiroz.
 
Fez parte dessa geração que marcou o futebol português e jogou em vários clubes, depois de não conseguir singrar nos leões. Passou por Vitória de Guimarães, Estoril Praia, Gil Vicente, Sporting de Braga, Farense, Marítimo e Académica, além de outros emblemas como o Atlético, o Imortal, o Amora, o Sesimbra e o Alfarim.

Quem se lembra de quando Coroado alegou insultos para expulsar Caniggia, o dérbi foi repetido e a repetição anulada?

Coroado mostrou amarelo e vermelho de seguida a Caniggia 
Jorge Coroado era um árbitro fora da caixa: excêntrico, polémico e mostrava cartões com relativa facilidade. Autointitulava-se o Bogart da arbitragem, em alusão àquela que é considerada a maior estrela masculina de sempre do cinema norte-americano.
 
A 30 de abril de 1995, foi escolhido para apitar um dérbi entre Benfica e Sporting no antigo Estádio da Luz, um jogo no qual já pouco havia em disputa, pois o FC Porto estava confortável na liderança do campeonato.
 
Numa altura em que os leões venciam por 2-1 – marcaram os búlgaros Balakov (9’) e Iordanov (11’) para os verde e brancos e Dimas (22’) para os encarnados –, o benfiquista Caniggia envolveu-se numa discussão com Ricardo Sá Pinto e depois com o árbitro da partida. Coroado respondeu com um cartão amarelo para ambos, seguido de um vermelho para o atacante argentino.