sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Foi bicampeão pela Juventus e titular da seleção em dois Europeus. Quem se lembra de Dimas?

Dimas jogou 44 vezes pela seleção nacional A
Era avançado nos juniores da Académica, mas notabilizou-se como lateral esquerdo. Nasceu na África do Sul e veio para Portugal já com 17 anos, mas foi a tempo de ser o titular da seleção nacional em dois Campeonatos da Europa. Desceu à II Liga por duas vezes no início da carreira, mas conquistou dois campeonatos de Itália ao serviço da Juventus no auge. Assim foi Dimas, em muitas ocasiões o único canhoto no meio de uma geração de ouro lusitana carregada de destros.
 
Foi precisamente por ser esquerdino (e alto) que Vítor Manuel viu nele condições de ser o titular do lado esquerdo da defesa dos estudantes, lançando-o num jogo da I Divisão em Elvas, em setembro de 1987. “O Dimas era ponta de lança nos juniores e, quando subiu a sénior, houve um lateral-esquerdo (salvo erro, o Germano) que se lesionou e não tínhamos ninguém para a posição. Ele era canhoto, alto e dono de um excelente pé esquerdo, pelo que tentámos a adaptação”, recordou Vítor Manuel ao Record em novembro de 2000.
 
A briosa até veio a descer nessa temporada, e Dimas acompanhou-a em duas temporadas na II Divisão Nacional, mas a sua qualidade foi notada não só pelos selecionadores da seleção olímpica (Juca) e dos sub-21 (António Oliveira) como também pelo Estrela da Amadora, que o levou de volta para a I Divisão em 1990-91. Na altura, os amadorenses eram os detentores da Taça de Portugal, o que possibilitou ao lateral esquerdo estrear-se numa competição europeia, no caso a Taça das Taças. Porém, a temporada ficou marcada pela despromoção à II Liga, a segunda na jovem carreira do possante defesa (1,85 m). “O Dimas, quando foi treinado por mim, no Estrela da Amadora, era um miúdo, mas era um miúdo com grande aptidão para aquela posição. Era um lateral esquerdo que subia muito bem, que aparecia de surpresa e dispunha de uma enorme margem de progressão. Além disso, era um jovem com muita ambição”, contou Manuel Fernandes, que o orientou na Reboleira.
 
 
A época seguinte não foi brilhante do ponto de vista coletivo, com um 11.º lugar no segundo escalão, mas os desempenhos de Dimas não passaram despercebidos entre os emblemas no patamar maior do futebol português. O Vitória de Guimarães contratou-o no verão de 1992, por indicação de Marinho Peres. “Fui buscá-lo ao Estrela da Amadora para o Vitória de Guimarães, onde, rapidamente, se tornou o melhor jogador da equipa. Trata-se de um lateral esquerdo muito bom, daquele tipo de jogador extremamente habilidoso. Cruza bem, tem excelente compleição física e ainda pode dar uma ajuda no meio-campo”, recordou o técnico brasileiro.
 
 
Na Cidade Berço voltou a destacar-se e foi transferido para o Benfica dois anos depois, juntamente com Paulo Bento.
 
Num ápice tornou-se no dono e senhor do lado esquerdo da defesa benfiquista. Só ganhou uma Taça de Portugal (1995-96) de águia ao peito, é verdade, mas convenceu o selecionador nacional António Oliveira a promover-lhe as primeiras internacionalizações e a convoca-lo para o Euro 1996, tendo atuado os 90 minutos nos quatro jogos que Portugal disputou no torneio, e aguçou o apetite dos gigantes europeus.
 
 
A Juventus contratou-o em janeiro de 1997 e não se pode dizer que tenha sido propriamente um flop em Turim. Disputou 57 jogos em menos de dois, 39 na condição de titular, tendo conquistado dois títulos de Itália (1996-97 e 1997-98). Também participou na campanha até à final da Liga dos Campeões em 1997-98, mas não saiu do banco na final perdida para o Real Madrid.
 
Em outubro de 1998 foi transferido para o Fenerbahçe, mas a aventura em Istambul foi conturbada, apesar de ter começado bem.
 
 
Perante a escassa utilização e a proximidade do Euro 2000, representou os belgas do Standard Liège no primeiro semestre do ano desse torneio, jogou com regularidade e mereceu a chamada de Humberto Coelho para a fase final. Curiosamente, nesse Campeonato da Europa a seleção portuguesa foi eliminada pela França graças a dois golos apontados por dois antigos companheiros de equipa de Dimas na Juventus, Thierry Henry e Zinédine Zidane.
 
Após o Euro 2000 regressou ao futebol português pela porta do Sporting, que após quebrar um longo jejum de 18 anos sem ganhar o campeonato nacional quis reforçar-se com jogadores internacionais para tentar fazer boa figura na Champions. Dimas, Phil Babb, Paulo Bento, Sá Pinto e João Pinto foram alguns desses nomes. No entanto, ao contrário do que acontecia na seleção nacional, em Alvalade foi quase sempre suplente de Rui Jorge. Somou 16 jogos e dois golos em ano e meio de leão ao peito, o que deu para conquistar uma Supertaça e um campeonato.
 
 
Acabou a carreira, de forma digna, no verão de 2002, após meio ano de empréstimo pelos leões ao Marselha. Poucos meses antes, havia somado a 44.ª e última internacionalização pela seleção nacional A.
 
 
 

 




 
 

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