terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

“O que hoje é verdade amanhã é mentira”. Recorde a origem da histórica frase e o seu autor

Pimenta Machado foi presidente do V. Guimarães entre 1980 e 2004
“O que hoje é verdade amanhã é mentira” é uma daquelas frases que ficaram lapidadas na história do futebol português. O seu autor, é do conhecimento geral, foi António Pimenta Machado, histórico presidente do Vitória de Guimarães, que dirigiu o clube entre 1980 e 2004. Juntamente com Valentim Loureiro e Pinto da Costa fez parte de uma geração de líderes carismáticos, polémicos e que pareciam eternizar-se nas funções, sendo que um deles escapou à justiça única e exclusivamente por ilegalidade das provas recolhidas e ainda anda por aí, com apoiantes extremamente fiéis.
 
Há quem diga que a mentira tem perna curta, mas para o antigo presidente dos vimaranenses era a verdade que tinha um prazo de validade. Pimenta Machado contratou René Simões no início da temporada 1987-88, mas ao fim de poucos meses já era notícia o despedimento do treinador brasileiro. Contudo, o técnico acabou por permanecer à frente da equipa da Cidade Berço, ao contrário do que havia sido anunciado. Perante os pedidos de esclarecimento por parte dos jornalistas, Pimenta fez uma pergunta: “Então vocês não sabem que no futebol o que hoje é verdade amanhã é mentira?”
 
A mentira deu muitas voltas, mas uma semana depois voltou a ser verdade: René Simões foi mesmo despedido. No entanto, o treinador brasileiro não voltou para o seu país sem antes dar um lamiré sobre o modus operandi de Pimenta Machado: “Porque rescindimos o contrato? O presidente pediu-me para dizer que a minha família não se tinha adaptado.”
 
Outra vítima das trocas e baldrocas promovidas por Pimenta Machado foi Toni, que tinha tudo acertado em 2004 para suceder a Jorge Jesus como treinador do Vitória de Guimarães. A antiga glória do Benfica chegou a dar uma entrevista ao Maisfutebol, publicada às 14:26 de 15 de março, na qual assumiu o difícil desafio de assumir a equipa a oito jornadas do fim e elogiou o plantel vimaranense, que lutava pela permanência.
 
Entretanto Pimenta Machado desmentiu o acordo e Toni reagiu ao desmentido no próprio dia, com declarações publicadas às 23:17 no Maisfutebol. “Recebi ontem à noite um telefonema dele, logo após o jogo com o Benfica. Hoje de manhã, também recebi mais um telefonema do Pimenta Machado. Estava decidido a ir à luta, mas só aceitaria se tudo ficasse resolvido com Jorge Jesus. Estou atordoado com este desmentido do Pimenta Machado. Lamento que isto tenha acontecido. O que disse o presidente do Vitória de Guimarães coloca em causa a minha palavra. As pessoas até podem pensar que sou mentiroso, mas quem me conhece sabe que não é verdade. Agora já não vale a pena falarem comigo, porque, depois de tudo isto que aconteceu, nunca aceitaria ser treinador do Vitória de Guimarães enquanto o Pimenta Machado for presidente”, desabafou.
 
No dia seguinte, recordou a célebre frase de Pimenta Machado e foi ainda mais incisivo.  “À frase 'O que hoje é verdade, amanhã é mentira', tenho de acrescentar uma adenda. Aquilo que é verdade hoje é mentira no mesmo dia. Fui convidado no domingo à noite e continuámos a conversa na segunda-feira. Aquilo que foi verdade de manhã, ao fim da tarde era mentira. Com Pimenta Machado tudo morreu, para mim ele morreu. Defendo valores que não são os que ele defende. Não sou mentiroso”, atirou, em declarações à Antena 1.
 
 

 

 

 









 
 

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