sábado, 30 de setembro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Imortal

Vitória e Imortal competem no Campeonato de Portugal
Vitória Futebol Clube é um histórico com mais de 70 participações na I Divisão e três Taças de Portugal e uma Taça da Liga no palmarés, enquanto o Imortal nunca esteve no patamar maior do futebol português, mas há pontos de contacto entre os dois emblemas.
 
Apesar das dimensões distintas, sadinos e algarvios coincidiram na II Liga em 2000-01, numa campanha que culminou com o regresso dos setubalenses ao primeiro escalão e com a despromoção dos albufeirenses à II Divisão B, mas há mais a unir ambos os clubes.
 
Em 1998-99, o treinador setubalense e antiga glória vitoriana Ricardo Formosinho assumiu o comando técnico do Imortal e levou com ele muitos jogadores com ligação a Setúbal e ao Vitória – os nomes de alguns deles constam neste artigo – e deu-se bem, pois foi nessa época que subiu à II Liga. Curiosamente, o nome de Formosinho não consta neste onze ideal (que tem treinador incluído) porque na equipa principal do Vitória foi apenas jogador e no Imortal foi apenas treinador, apesar de ter orientado a equipa B dos sadinos em 2005-06. Contudo, seria impossível elaborar este artigo sem fazer-lhe uma menção honrosa.
  
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo em 4x3x3.
 

Cândido (guarda-redes)

Cândido
Guarda-redes natural do concelho de Viana do Castelo, foi subindo a pulso na carreira até chegar ao FC Porto, de onde saiu para o Vitória de Setúbal no verão de 1995, na altura para competir na II Liga.
Apesar da concorrência de Silvino Morais, Nuno Santos e de Marco Tábuas, foi titular indiscutível durante toda a temporada de 1995-96, atuando em todos os 37 jogos oficiais, nos quais sofreu 24 golos, contribuindo ativamente para a promoção à I Liga.
Na época seguinte voltou a ser o dono da baliza sadina, desta feita no primeiro escalão, tendo atuado em 30 encontros oficiais e sofrido 38 golos.
Valorizado por “duas épocas excelentes, talvez mesmo as melhores” da carreira, deu o salto para o Boavista, mas não se afirmou no Bessa, tendo passado por Maia, Desp. Aves e Vitória de Guimarães antes de reforçar o Imortal em janeiro de 2001, assumindo logo a titularidade na baliza dos albufeirenses. Em 19 jogos na II Liga até ao final da época, sofreu 20 golos – antes da sua chegada, a equipa havia encaixado 24 golos em 15 partidas –, mas não conseguiu salvar os algarvios da despromoção à II Divisão B.
“No Imortal, para onde fui por vontade minha, individualmente correu bem, e tenho de agradecer a oportunidade ao prof. Neca. Em termos coletivos, lutámos até à última jornada mas não atingimos o objetivos a que nos propusemos”, afirmou ao Record em junho de 2001.
Em 2001-02 regressou ao Vitória de Setúbal. “É uma casa onde fui sempre muito bem tratado, pela massa associativa e pelas pessoas ligadas ao Vitória. É um clube histórico, de uma cidade que adora futebol e a prová-lo foram as 28 mil pessoas que assistiram ao jogo da subida de divisão”, justificou, na altura da transferência. Embora tivesse começado a época como titular, não foi feliz no regresso ao Bonfim: disputou apenas cinco jogos, tendo sofrido uma mão cheia de golos.
 
 
 

Hélio (defesa central)

Hélio
Defesa central/médio defensivo possante (1,88 m) e com o carimbo das seleções jovens portuguesas, apesar de ter nascido em Moçambique, fez toda a formação no Vitória de Setúbal, tendo transitado para a equipa principal ainda com idade de júnior, em 1991-92, quando os sadinos estavam na II Liga.
Depois de oito jogos e um golo pelos vitorianos no segundo escalão, prosseguiu a carreira nos campeonatos não profissionais, como Vasco da Gama de SinesJuventude ÉvoraUnião de Montemor, Sp. Covilhã e Barreirense.
No verão de 1998 reforçou o Imortal e rapidamente se estabeleceu como um dos esteios da equipa que, com Ricardo Formosinho ao leme, logrou a inédia promoção à II Liga, patamar em que representou os albufeirenses ao longo de dois anos.
Apos a despromoção dos algarvios à II Divisão B, Hélio manteve-se na II Liga ao serviço do Maia, tendo ainda passado por Dragões Sandinenses e Gondomar antes de regressar ao Imortal em 2005-06 para jogar novamente na II B.
 
 

Mendão (defesa central)

Carlos Mendão
Uma pequena batota, pois este defesa central/médio defensivo natural de Setúbal nunca jogou pela equipa principal do Vitória, apesar de ter feito parte do plantel de 1995-96. Antes disso, fez grande parte da formação dos sadinos e integrou a famosa equipa que em 1994-95 perdeu na secretaria o título nacional de juniores – que seria o único da história do clube – para o Boavista.
Depois de passagens por Portimonense, Juventude de Évora, Gondomar e Amora, representou o Imortal na segunda metade da época 2003-04 e na temporada seguinte, na III Divisão Nacional, ajudando os albufeirenses a subir à II Divisão B em 2004-05.
 
 

Rolo (lateral direito)

Rolo
Mais um elemento da famosa equipa de juniores que em 1994-95 perdeu na secretaria o título nacional de juniores para o Boavista: Mas, ao contrário de Carlos Mendão, ainda conseguiu disputar alguns jogos pela equipa principal dos sadinos, depois de ter feito toda a formação no clube.
Após dois jogos – um na Taça de Portugal e outro na II Liga, ambos como suplente utilizado – pelos vitorianos em 1995-96, antes de ser emprestado ao Desp. Beja durante ano e meio, somou três partidas oficiais pelos setubalenses em 1997-98, tendo sido titular numa visita ao Varzim para a Taça e numa receção à Académica para a I Liga e suplente utilizado numa deslocação ao terreno do Vitória de Guimarães, para o campeonato.
Sem espaço no Bonfim, ao Imortal no verão de 1998. Na única temporada que passou em Albufeira, sob a orientação do conterrâneo Ricardo Formosinho, contribuiu para a promoção à II Liga, valorizando-se ao ponto de dar ao salto para os espanhóis do Getafe.
 
 

Semedo (lateral esquerdo)

Semedo
Polivalente futebolista capaz de cobrir várias posições na defesa e no meio-campo, incluindo a de lateral esquerdo, surgiu na equipa principal do Vitória em 1998-99, quando ainda era um menino de 18 anos, tendo nessa época marcada pelo apuramento para a Taça UEFA atuado em dez partidas em todas as competições.
Valorizado, tornou-se internacional sub-18 e fez inclusivamente parte da seleção portuguesa que conquistou o título europeu da categoria em 1999.
Na temporada seguinte, marcada pela despromoção à II Liga, duplicou o número de encontros oficiais realizados – foi titular no jogo frente à AS Roma na capital italiana (0-7) – e marcou um golo ao Marítimo, num jogo para o campeonato.
Depois de meio ano sem jogar, transferiu-se para o Campomaiorense em janeiro de 2001, voltando a descer à II Liga.
Em 2001-02 vestiu a camisola do Imortal, na II Divisão B, numa época em que Ricardo Formosinho regressou fugazmente aos albufeirenses.
 
 

Beto (médio defensivo)

Beto
Centrocampista nascido em Angola, mas radicado na zona de Setúbal desde tenra idade, concluiu a formação no Vitória e transitou para a equipa principal em 1990-91.
Em três épocas nos seniores sadinos totalizou 13 encontros (nove a titular), tendo vivido uma despromoção à II Liga logo na época de estreia. Em 1992-93, numa temporada em que não jogou, é que os setubalenses asseguraram o regresso à I Liga.
Seguiram-se passagens por Desp. Chaves, Sp. Espinho, Gil Vicente, Felgueiras, Belenenses e Desp. Aves antes de ingressar no Imortal, então na II Liga, no verão de 2000, numa altura em que já tinha no currículo subidas de divisão ao serviço de flavienses, azuis do Restelo e avenses.
Em 2000-01 disputou 27 jogos (20 a titular) em todas as competições e marcou um golo ao Nacional, mas mostrou-se impotente para impedir a despromoção à II Divisão B. A época seguinte também foi iniciada nos albufeirenses, mas ainda em setembro de 2001 regressou ao Felgueiras.
 
 

Sessay (médio centro)

Sessay
Médio da Serra Leoa com toda a carreira feita em Portugal, passou por Estrela da Amadora, Sp. Covilhã, Amora e Benfica Castelo Branco antes de desaguar pela primeira vez à beira-Sado no verão de 1992.
Se na primeira época no Vitória atuou em 33 jogos e marcou um golo numa campanha que culminou com a promoção à I Liga, em 1993-94 participou em 27 encontros e faturou por duas vezes, uma das quais num golo de calcanhar ao Sporting em Alvalade, numa partida da Taça de Portugal. Pelo meio esteve no CAN 1994.
No verão de 1994 mudou-se para o Paços de Ferreira, mas um ano depois voltou ao Bonfim para atuar em três partidas da II Liga, dando um pequeno contributo para a promoção à I Liga em 1995-96, numa temporada em que participou no CAN 1996.
Seguiu-se um regresso ao Sp. Covilhã e uma passagem pelo Lusitânia de Lourosa antes de ingressar no Imortal de Ricardo Formosinho em 1998-99, tendo contribuído para a subida de divisão à II Liga.
 
 
 

Kasumov (médio ofensivo)

Kasumov
Possante médio ofensivo/avançado campeão europeu de sub-16 em 1985 pela União Soviética, mas internacional A pelo Azerbaijão, assinou pelo Vitória de Setúbal no verão de 1997 após ter passado por clubes importantes como os russos do Spartak e do Dínamo Moscovo e os espanhóis do Betis e do Albacete.
Em duas épocas no Bonfim ganhou o estatuto de um dos jogadores mais marcantes dos sadinos na década de 1990, tendo apontado 17 golos em 46 jogos em todas as competições, contribuindo para o apuramento para a Taça UEFA em 1998-99.
Depois de ter deixado os vitorianos no verão de 1999, em dezembro do mesmo ano chegou ao Imortal, então na II Liga, como um reforço de luxo.
Quando se estreou, à 14.ª jornada, os algarvios ocupavam o penúltimo lugar, a quatro pontos da zona de salvação, com nove pontos em 13 jornadas. Depois somaram 24 nas 21 rondas que se seguiram. Com um impacto imediato na equipa, marcou (sete golos) nos quatro primeiros jogos que disputou no campeonato e terminou a temporada com 12 remates certeiros em 15 partidas (todas a titular).
Na temporada seguinte perdeu algum gás, mas ainda assim participou em 31 partidas (21 a titular) e marcou sete golos. Ainda assim, foi incapaz de evitar a despromoção.
Depois encerrou a carreira.
Em 2010, Kasumov colocou o Vitória de Setúbal em tribunal, alegando uma dívida relacionada com os direitos de imagem do jogador.
 
 
 

Jean Paulista (avançado)

Jean Paulista
Avançado móvel brasileiro, foi formado no Corinthians e chegou ao futebol português pela porta do Farense em 1998-99, tendo passado por Sp. Braga, Desp. Aves e novamente pelos leões de Faro antes de ingressar no Imortal em março de 2001.
Em pouco mais de três meses em Albufeira atuou em onze jogos (sete a titular) e marcou um golo ao Sp. Espinho na II Liga, mas não conseguiu impedir a despromoção à II Divisão B.
Após a descida de divisão assinou pelo Vitória de Setúbal, em pleno verão de 2001, quando o treinador dos sadinos era Jorge Jesus. Ao longo de duas temporadas no Bonfim totalizou 39 partidas e um golo, não conseguindo evitar a despromoção à II Liga em 2003.
 
 

Chiquinho Conde (avançado)

Chiquinho Conde
Avançado moçambicano, começou a carreira no Maxaquene, o mesmo clube que revelou Eusébio quando ainda se chamava Sporting de Lourenço Marques, e de lá saiu para o Belenenses em 1987, tendo ajudado o emblema do Restelo a conquistar a Taça de Portugal em 1988-89. Foi o primeiro moçambicano a jogar legalmente em Portugal após a independência do país.
Após três temporadas nos azuis e uma no Sp. Braga, avançou para a primeira de três passagens pelo Vitória, onde formou uma dupla diabólica no ataque com Yekini durante as temporadas 1992-93 e 1993-94. “Com ele era tudo fácil. Não parecia tecnicista, mas era muito poderoso. Muitas vezes ele sozinho amarrava os dois centrais e libertava-me. Marquei muitos golos assim. Foi um jogador fantástico, o melhor parceiro que tive. Dávamos muitas assistências um ao outro. Enfim, foi um período muito bom”, confessou em entrevista ao Maisfutebol, em julho de 2015.
Quase 30 golos depois, rumou ao Sporting, onde não foi feliz. Voltou ao Belenenses, mas sem o mesmo brilho, regressando depois ao Bonfim em 1996-97 para redescobrir a felicidade, apontando sete golos em 20 partidas na I Liga. “Era o meu clube talismã e fica na minha história. O Belenenses acolheu-me muito bem, mas em Setúbal vivi sete anos fantásticos”, contou.
Entretanto transferiu-se para os Estados Unidos, mas retornou a Setúbal em dezembro de 1997, para apontar quase 30 golos em dois anos e meio. Foi uma das figuras do 5.º lugar de 1998-99 que marcou o regresso às competições europeias 25 anos depois, mas acabou por sair após a despromoção à II Liga na época seguinte, com destino a Alverca.
Depois de representar os ribatejanos e o Portimonense vestiu a camisola do Imortal em 2002-03, na II Divisão B, numa altura em que já tinha 37 anos. Apontou cinco golos em 35 jogos pelos albufeirenses, mas não conseguiu impedir a despromoção à III Divisão.
Quase duas décadas depois, em 2018-19, regressou ao Vitória de Setúbal para orientar a equipa de sub-23 na Liga Revelação.
 
 
 

Catarino (avançado)

Paulo Catarino
O mais posicional dos três avançados deste onze ideal, tendo até ficado conhecido como “Jardel do Viso”, pelas semelhanças com o antigo avançado de FC Porto e Sporting e por ter nascido naquele bairro setubalense.
Depois de se estrear como sénior no 1º de Maio da Varzinha, vestiu as camisolas de Quintajense, Quimigal, Comércio e Indústria, União de Santiago do Cacém, Montijo, Alcanenense e Nacional antes de ingressar no Imortal de Ricardo Formosinho, que acreditou no ponta de lança depois de este ter sido operado à coluna, no verão de 1998.
Com 27 remates certeiros no campeonato da II Divisão B – Zona Sul, afirmou-se como o goleador-mor de uma equipa que conseguiu a promoção à II Liga, um dos momentos mais felizes da carreira. Em Albufeira, formou uma dupla demolidora com Pitico. “Nunca escondi e sempre o disse que Pitico foi sem dúvida o melhor jogador com quem joguei”, afirmou, em entrevista ao O Blog do David em junho de 2012.
Valorizado pela fantástica temporada no Algarve, deu o salto para o clube da sua cidade, o Vitória de Setúbal, preferindo assinar pelos sadinos do que pelos espanhóis do Getafe, que lhe ofereciam o dobro do dinheiro. “Jogar na I Liga portuguesa e no clube da minha terra era algo que nunca poderia recusar”, confessou.
Embora considera a passagem pelo Bonfim “o ponto alto” da carreira, não foi propriamente muito feliz, uma vez que não foi além de onze jogos oficiais (todos como suplente utilizado) e um golo ao Vilafranquense, que valeu o apuramento numa eliminatória da Taça de Portugal. “O que correu mal foi que talvez não tenha tido a sorte de encontrar um treinador que apostasse em mim. Normalmente era utilizado quando a equipa estava a perder e entrava sempre nos piores momentos da equipa, era difícil mudar as coisas”, recordou.
O seu filho, Pedro Catarino, faz parte do plantel do Vitória desde o início desta época.
 
 
 

Manuel de Oliveira (treinador)

Manuel de Oliveira
Histórico treinador do futebol português que se estreou ao leme de uma equipa precisamente no clube no qual encerou a carreira de futebolista, a CUF, comandou ainda LeixõesBelenensesSanjoanenseFarenseOlhanenseLusitano de ÉvoraBeira-MarMarítimoPortimonense e União de Leiria antes de comandar o Vitória de Setúbal entre 1982 e 1986, já numa fase de menor fulgor dos sadinos. Em 1985-86 ficou mesmo associado à despromoção à II Divisão, que colocou um ponto final a um período de 24 anos consecutivos na I Divisão.
Após experiências no estrangeiro ao comando da seleção da Guiné-Bissau e dos franceses do Lusitanos, depois dos regressos a BarreirenseMarítimo e Portimonense e de passagens por LouletanoFafeVarzimNacionalSintrenseMontijoDesp. Beja e Gondomar, encerrou a carreira ao leme do Imortal em 1997-98, na II Divisão B, aos 66 anos. 












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