quarta-feira, 5 de julho de 2023

Os 10 internacionais cabo-verdianos com mais jogos na I Liga portuguesa

Cabo Verde competiu no CAN em 2013, 2015 e 2021
Desde que o campeonato português num sistema de pontos foi instituído em 1934-35 que dezenas e dezenas de jogadores nascidos em Cabo Verde ou com origem cabo-verdiana têm disputado a competição.
 
Uns ainda no tempo do colonialismo, mas a grande maioria já após a independência do país africano. Uns nasceram em Cabo Verde, mas nunca quiseram jogar pelos tubarões azuis, outros até nasceram noutros países, mas optaram por representar o país de pais e/ou avós. Por isso, contabilizamos neste ranking apenas os internacionais cabo-verdianos que jogaram na I Liga portuguesa.
 
Neste top 10, em que todos superaram a centena de encontros no primeiro escalão do futebol luso, não se encontra nenhum futebolista que se tenha sagrado campeão.
 
No dia em que Cabo Verde festeja a independência, vale a pena conhecer esta lista.
 

10. Carlos Ponck (117 jogos)

Carlos Ponck
Defesa central natural do Mindelo e que em Cabo Verde representou Derby e Mindelense, entrou no futebol português pela porta do Quarteirense, tendo ainda passado um ano e meio no Farense antes de se transferir em janeiro de 2016 para o Benfica, que imediatamente o emprestou ao Paços de Ferreira.
Na meia época que passou nos pacenses foi utilizado em oito encontros (três a titular) na I Liga.
Em 2016-17 começou no Benfica B, mas no final do mercado de verão foi cedido ao Desp. Chaves, clube pelo qual atuou em 27 partidas (25 a titular) no primeiro escalão. Já no final dessa temporada, em março, estreou-se pela seleção principal de Cabo Verde.
Nas duas épocas que se seguiram esteve no Desp. Aves, a primeira por empréstimo e a segunda já como futebolista avense a título definitivo, tendo amealhado 61 jogos (60 a titular) e três golos no patamar maior do futebol português. Em 2017-18 contribuiu ainda para a conquista da Taça de Portugal.
Valorizado, transferiu-se para o Basaksehir no verão de 2019 e um ano depois festejou a conquista do campeonato turco, mas em 2022-23 foi emprestado ao Desp. Chaves, tendo nessa época participado em 21 partidas (20 a titular) na I Liga.
Paralelamente, contabiliza já 24 internacionalizações por Cabo Verde, tendo marcado presença no CAN 2021.
 
 
 

9. Janício (117 jogos)

Janício
Disputou o mesmo número de jogos de Carlos Ponck, mas amealhou mais 542 minutos em campo – 10 310 contra 9768.
Lateral direito natural do Tarrafal e que despontou no Barcelona Tarrafal, entrou no futebol português pela porta no Estrela da Amadora, mas foi no Torreense que começou a jogar com regularidade, na altura na antiga II Divisão B. 
Valorizado, tornou-se internacional A por Cabo Verde em junho de 2004 e deu o salto para o Vitória de Setúbal um ano depois, numa altura em que os sadinos tinham perdido de uma assentada as três opções para a lateral direita (Éder, Ricardo Pessoa e Manuel José).
O lateral africano chegou ao Bonfim como um desconhecido, mas foi titular indiscutível durante as quatro temporadas que passou no clube, tendo atuado em 117 jogos (todos como titular) na I Liga e participado na caminhada até ao Jamor em 2005-06 e na conquista da Taça da Liga em 2007-08. Saiu para os cipriotas do Anorthosis no verão de 2009, despedindo-se sem qualquer golo marcado com a camisola verde e branca. “Ainda hoje tinha lugar no Vitória de Setúbal, não fosse um mal-entendido e nunca tinha saído de lá. Até hoje ainda não vi ninguém melhor. Recusei o FC Porto quando estava lá”, afirmou ao Maisfutebol em abril de 2017.
Paralelamente, somou 16 internacionalizações e dois golos por Cabo Verde.
 
 
 

8. Zé da Rocha (125 jogos)

Zé da Rocha
Médio natural da ilha do Sal, entrou no futebol português pela porta do Académico de Viseu em 1990-91 e estreou-se na I Divisão na época seguinte, com a camisola do Gil Vicente, tendo atuado em 19 jogos (16 a titular) e apontado um golo ao União da Madeira.
Seguiram-se passagens por Académica e Rio Ave, na II Liga, antes de regressar ao primeiro escalão e ao emblema barcelense em 1994-95, numa temporada em que participou em 20 partidas (16 a titular) e marcou dois golos, diante de Tirsense e Vitória de Guimarães.
No verão de 1995 transferiu-se para o Leça, clube no qual passou sete anos. Nos três primeiros somou 86 encontros (82 a titular) e seis remates certeiros no patamar maior do futebol português.
Depois rebentou o Caso Guímaro e a consequente despromoção administrativa dos leceiros, não voltando a jogar na I Divisão.
Só depois disso, em abril de 2000, é que Zé da Rocha somou as duas internacionalizações que tem pela seleção principal de Cabo Verde.
 
 

7. Babanco (150 jogos)

Babanco
Médio canhoto nascido na capital Praia, estreou-se pela seleção quando ainda atuava no campeonato de Cabo Verde ao serviço do Sporting da Praia, numa derrota no terreno da Guiné Conacri (0-4) em jogo de qualificação para o CAN 2007.
No verão de 2010 entrou no futebol português pela porta do Arouca, mas foi ao serviço do Olhanense que se estreou na I Liga, em 2012-13, tendo nessa época atuado em 22 encontros (todos como titular), registo que teria sido superior caso não tivesse participado no CAN 2013.
Já entre 2013 e 2016 amealhou 61 partidas (48 a titular) com a camisola do Estoril no primeiro escalão, tendo contribuído para a obtenção de um histórico quarto lugar no campeonato e consequente apuramento para a Liga Europa em 2013-14. Pelo meio, esteve no CAN 2015.
No verão de 2016 transferiu-se para os cipriotas do AEL Limassol, mas em janeiro de 2017 voltou a Portugal para representar o Feirense, clube pelo qual totalizou 67 encontros (56 a titular) e quatro golos ao longo de dois anos e meio, não conseguindo evitar a despromoção em 2018-19.
Desde então que tem competido em divisões secundárias do futebol português.
Paralelamente, soma 60 jogos e quatro golos pela seleção principal de Cabo Verde.
 
 
 

6. Cafú (153 jogos)

Cafú
Avançado móvel nascido em Almada, mas com ascendência cabo-verdiana, passou por Almada e Amora antes de se estrear pelo Belenenses na I Liga em 1999-00.
Em três temporadas ao serviço dos azuis do Restelo amealhou 60 encontros (sete como titular) e oito golos no primeiro escalão.
No verão de 2002 transferiu-se pelo Boavista, clube pelo qual somou 93 partidas (32 a titular) e nove remates certeiros no patamar maior do futebol português ao longo de três épocas e meia. Em 2002-03 ajudou os boavisteiros a chegar às meias-finais da Taça UEFA e em novembro de 2004 marcou o golo da vitória dos axadrezados num dérbi no Dragão, naquela que foi a primeira derrota do FC Porto no novo estádio.
Em janeiro de 2006 transferiu-se para os alemães do Siegen e não voltou a jogar na I Liga portuguesa.
Paralelamente, somou 15 internacionalizações e quatro golos pela seleção principal de Cabo Verde.
 
 
 

5. Héldon (174 jogos)

Héldon
Extremo natural da ilha do Sal e formado no Batuque, mudou-se para Portugal em 2006 para representar os juniores da Académica, tendo depois passado por Caniçal e Fátima. Foi precisamente quando ainda jogava nos fatimenses às ordens de Rui Vitória, na II Divisão B portuguesa, que se estreou pela seleção, a 11 de outubro de 2008, rendendo Ronny Souto após o intervalo numa derrota na Tanzânia (1-3), em jogo a contar para a fase de apuramento para o Mundial 2010.
No verão de 2010 transferiu-se para o Marítimo e viveu nos Barreiros o seu período mais fulgurante no futebol português, tendo totalizado 82 partidas (49 a titular) e 15 golos ao serviço dos madeirenses na I Liga ao longo de três épocas e meia, tendo contribuído para o apuramento para a Liga Europa em 2011-12. Pelo meio, esteve no CAN 2013.
Em janeiro de 2014 deu o salto para o Sporting, mas passou apenas um ano em Alvalade, tendo nesse período atuado em 12 partidas (sete a titular) e marcado um golo ao Gil Vicente no primeiro escalão antes de participar no CAN 2015.
Entre 2015 e 2017 esteve cedido pelos leões ao Rio Ave, tendo somado nesses dois anos 51 jogos (41 a titular) e quatro golos no patamar maior do futebol português, ajudando os vila-condenses a apurar-se para a Liga Europa em 2015-16.
Já em 2017-18 esteve emprestado pelo Sporting ao Vitória de Guimarães e até fez uma das melhores épocas da carreira, tendo sido utilizado em 29 encontros (25 a titular) e apontado cinco golos na I Liga, frente a Marítimo, Desp. Aves, Rio Ave, FC Porto e Estoril.
Depois mudou-se para o futebol do Médio Oriente.
Paralelamente, somou 50 internacionalizações e 15 golos pela seleção principal de Cabo Verde.
 
 
 

4. Toni (183 jogos)

Toni
Avançado natural da Praia que entrou no futebol português pela porta do Vianense em 1989-90, passou pelo Rio Ave antes de se estrear na I Divisão com a camisola do Sp. Braga em 1992-93, numa época em que disputou 25 jogos (14 a titular) e apontou sete golos no campeonato, diante de Beira-Mar, Estoril, Tirsense (dois), Salgueiros (dois) e Famalicão.
Na temporada seguinte voltou aos vila-condenses, então na II Liga, antes de voltar a representar os bracarenses entre 1994 e 2000, período no qual totalizou 150 partidas (93 a titular) e 31 remates certeiros no primeiro escalão, ajudando os minhotos a apurar-se para a Taça UEFA em 1996-97 e a chegar à final da Taça de Portugal e consequentemente a qualificar-se para a Taça das Taças em 1997-98.
No verão de 2000 transferiu-se para o Santa Clara, clube que ajudou a subir à I Liga em 2000-01, tendo na época seguinte participado em oito encontros no patamar maior do futebol português, todos na condição de suplente utilizado.
 
 
 
 

3. Sandro (195 jogos)

Sandro
Médio de características defensivas nascido em Pinhal Novo, concelho de Palmela, mas com raízes cabo-verdianas, deu os primeiros toques na bola no bairro da Bela Vista e iniciou-se no futebol federado em “Os Pelezinhos” antes de chegar ao Vitória ainda como iniciado, em 1990-91.
Na equipa principal dos sadinos somou 195 encontros (176 a titular) e seis golos na I Divisão, o primeiro em agosto de 1995 e o último em maio de 2010. Porém, nessa década e meia esteve mais de três anos no futebol espanhol, tendo representado Hércules, Villarreal e Salamanca, e ainda esteve alguns meses cedido aos turcos do Manisaspor pelo FC Porto, que o chegou a contratar em 2005.
Ao serviço dos setubalenses conquistou uma Taça de Portugal em 2004-05, foi finalista vencido na época seguinte e tornou-se o primeiro capitão de equipa a erguer a Taça da Liga, em 2007-08.
Pelo meio tornou-se internacional por Cabo Verde, tendo somado dez jogos pelos tubarões azuis.
 
 
 

2. Lito (223 jogos)

Lito
Pedra Badejo, na ilha de Santiago, mas desde tenra idade em Portugal, jogou pela primeira vez pela seleção em 6 de setembro de 2002, inaugurando o marcador numa vitória no terreno da Mauritânia (2-0). Nessa altura atuava no Maia, na II Liga portuguesa, mas no ano seguinte transferiu-se para o Moreirense e iniciou um trajeto de oito anos no patamar maior do futebol português.
Ao serviço dos minhotos amealhou 62 partidas (46 a titular) e sete golos na I Liga entre 2003 e 2005, mostrando-se impotente para impedir a despromoção em 2004-05.
Seguiram-se dois anos ao serviço da Naval, nos quais totalizou 60 partidas (57 a titular) e onze remates certeiros no primeiro escalão.
Já entre 2007 e 2010 representou a Académica, clube pelo qual somou 79 jogos (58 a titular) e 19 golos na I Liga.
Por fim, em 2010-11 atuou em 22 partidas (15 a titular) no patamar maior do futebol português, tendo apontado três golos, insuficientes para evitar a descida de divisão.
Paralelamente, somou 42 internacionalizações e cinco golos pela seleção principal de Cabo Verde, não indo a tempo de participar nas edições de 2013 e 2015 da Taça das Nações Africanas.
Após pendurar as botas, em 2015, tornou-se treinador, tendo já desempenhado as funções de adjunto na seleção cabo-verdiana e de treinador principal nos sub-20.
 
  
 
 

1. Ricardo (261 jogos)

Ricardo
Defesa natural de Azurém, no concelho de Guimarães, mas com raízes cabo-verdianas, começou a carreira como lateral direito, mas acabou por posteriormente se destacar como central.
Depois de passagens por Juventude de Ronfe, Serzedelo, Famalicão e Freamunde, estreou-se na I Liga ao serviço do Beira-Mar em 2004-05, época em que atuou em 29 jogos (24 a titular), não conseguindo impedir a despromoção à II Liga.
Após a descida de divisão permaneceu nos aveirenses, tendo contribuído para a promoção ao primeiro escalão em 2005-06. Na temporada que se seguiu participou em 20 encontros (19 a titular) no patamar maior do futebol português, voltando a descer de divisão.
Numa altura em que já era internacional A por Cabo Verde, transferiu-se para o Paços de Ferreira no verão de 2008. Nas duas épocas da primeira passagem pelos pacenses totalizou 54 partidas (todas como titular) e seis golos na I Liga, tendo ainda ajudado os castores a atingir a final da Taça de Portugal em 2008-09.
Valorizado, mudou-se para o Vitória de Guimarães no verão de 2010, mas após 16 partidas (todas como titular) na primeira metade da temporada aventurou-se nos chineses do Shandong Luneng.
Um ano depois regressou a Portugal pela porta de Paços de Ferreira, clube pelo qual somou mais 141 jogos (135 a titular) e dois golos na I Liga. Em 2012-13 foi um dos esteios da equipa que alcançou o 3.º lugar no campeonato, tendo formado uma dupla sólida com Tiago Valente às ordens de Paulo Fonseca. Porém, em 2017-18 despediu-se do clube com uma descida de divisão.
Paralelamente, somou 18 internacionalizações e um golo pela seleção de Cabo Verde.
 



 

 




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