sábado, 7 de outubro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Lusitano de Évora

Lusitano e Vitória medem forças no Campeonato de Portugal
Dois históricos que estão entre os clubes mais representativos a sul do Tejo, Vitória de Setúbal e Lusitano de Évora somam, juntos, 86 presenças na I Divisão, ainda que com clara superioridade dos sadinos, que contabilizam 74 participações no primeiro escalão, além de três Taças de Portugal e uma Taça da Liga no palmarés e 15 incursões nas competições europeias.
 
Além de partilharem as cores do equipamento – camisola com listas horizontais verde e brancas –, setubalenses e eborenses coincidiram em 12 temporadas no patamar maior do futebol português, todas nas décadas de 1950 e 1960. Paralelamente, o Vitória tem tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido ao Lusitano e vice-versa.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x2x3x1.
 

Dinis Vital (guarda-redes)

Dinis Vital
Guarda-redes natural de Grândola, começou a jogar no Grandolense e foi de lá que saltou para o Lusitano no verão de 1951, tendo contribuído para a conquista do título nacional da II Divisão e consequente promoção ao primeiro escalão logo na temporada de estreia.
Seguiram-se 14 temporadas consecutivas na baliza lusitanista na I Divisão, marcando presença em momentos históricos como a obtenção do quinto lugar em 1956-57 e as caminhadas até às meias-finais da Taça de Portugal em 1952-53 e 1958-59.
Por outro lado, não evitou a descida à II Divisão em 1965-66. Curiosamente, nessa época… marcou um golo ao Barreirense. “O lance foi curioso. Vital pôs a bola em jogo com um longo pontapé que a levou à baliza do Barreirense. Bráulio pretendeu socá-la e deu-lhe o caminho da rede!”, descreveu o Diário de Notícias.
Além desse golo marcado, sofreu 668 em 342 partidas em quase década e meia ao serviço dos eborenses no patamar maior do futebol português. Ao longo desse percurso foi premiado com uma internacionalização pela seleção nacional “AA”, num jogo frente à Suíça em maio de 1959, depois de ter representado a equipa das quinas “B” no ano anterior.
Após a despromoção à II Divisão continuou a jogar ao mais alto nível no Vitória de Setúbal, clube pelo qual venceu uma Taça de Portugal (1966-67), foi a outra final (1967-68) e jogou nas competições europeias, tendo amealhado 124 encontros e 126 golos sofridos pelos sadinos em todas as provas entre 1966 e 1970.
Posteriormente passou por Juventude de Évora e União de Montemor antes de pendurar as luvas. Porém, a passagem pelo rival Juventude valeu-lhe a hostilidade de alguns adeptos lusitanistas.
Entretanto tornou-se treinador, tendo orientado o Lusitano em 1982-83, entre 1990 e 1992 e em 2000-01 e 2001-02.
Viria a falecer em setembro de 2014, aos 82 anos. Em jeito de homenagem, a Associação de Futebol de Évora batizou a sua Taça de futebol sénior de Taça Dinis Vital.
 
 
 

Morato (defesa central)

Morato
Mais um internacional A (e B) neste onze ideal, neste caso um defesa central campeão nacional pelo Sporting que somou a sua única internacionalização pela seleção principal antes de ingressar no Vitória de Setúbal em 1963-64.
Nessa que foi a única época em que atuou no Bonfim somou 24 jogos e um golo (ao Seixal).
Entretanto regressou ao Sporting e em 1965-66 vestiu a camisola do Lusitano de Évora, tendo atuado em onze encontros numa temporada marca pela despromoção à II Divisão Nacional e ao final de um ciclo de 14 anos no primeiro escalão.
 
 

Polido (defesa central)

Polido
Defesa polivalente natural de Évora e que principiou nos juniores do Lusitano, esteve na histórica conquista do título nacional da II Divisão e consequente promoção ao primeiro escalão em 1952.
Seguiram-se seis anos consecutivos como titularíssimo na última linha dos lusitanistas no patamar maior do futebol português, tendo feito parte de momentos como a caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal em 1952-53 e da obtenção do histórico quinto lugar em 1956-57.
Pelo meio, jogou quatro vezes pela seleção nacional “B” entre 1955 e 1958, tendo atuado ao lado de vultos como Fernando Cabrita, Mário Coluna, Vicente Lucas e Pérides.
Após 129 jogos e três golos pelos eborenses na I Divisão transferiu-se em 1958 para o Vitória de Setúbal, tendo estado na base do período dourado dos sadinos nas décadas de 1960 e 1970. Em cinco épocas no emblema setubalense, três foram no primeiro escalão, competição na qual somou mais 82 jogos. Em 1961-62 foi ainda finalista da Taça de Portugal e na época seguinte disputou a Taça das Taças.
 
 

Soeiro (lateral direito)

Soeiro
Jogador polivalente natural da Moita capaz de atuar em várias posições da defesa e do meio-campo, despontou no Moitense antes de ser contratado pelo Vitória de Setúbal no início da época 1944-45, tendo amealhado 15 jogos na I Divisão ao longo de três temporadas.
Valorizado pelas boas campanhas à beira-Sado, deu o salto para o Sporting em 1947-48, mas uma lesão grave não o deixou mostrar o seu valor.
Em 1949-50 retomou a carreira com a camisola do Torres Novas e na época seguinte iniciou um trajeto de sucesso no Lusitano de Évora, tendo feito parte da equipa que em 1951-52 conquistou o título nacional da II Divisão e garantiu a primeira presença dos eborenses no primeiro escalão.
Em três épocas ao serviço dos lusitanistas na I Divisão amealhou 23 partidas, ajudando a estabilizar a equipa no patamar maior do futebol português.


 

José Carlos (lateral esquerdo)

José Carlos
Lateral esquerdo natural de São Matias, no concelho de Beja, radicou-se bastante novo em Pinhal Novo, devido ao facto de o seu pai ser ferroviário, acabando por iniciar o seu percurso futebolístico nos juvenis do Pinhalnovense.
Contudo, foi no Vitória de Setúbal que concluiu a formação e iniciou o seu percurso como sénior, tendo atuado por nove vezes e apontado um golo ao serviço da equipa principal dos sadinos entre 1978 e 1980.
Com pouco espaço no Bonfim, passou por  Juventude de Évora e Ginásio Alcobaça antes de representar pela primeira vez o Lusitano de Évora entre 1982 e 1984, na altura para competir na II Divisão.
Do Campo Estrela saltou diretamente para a I Divisão, patamar em que jogou com a camisola de Vizela e novamente pela do Vitória de Setúbal, tendo participado em 13 jogos pelos setubalenses na época 1985-86, marcada pela primeira despromoção dos sadinos à II Divisão em mais de 25 anos.
Entretanto passou pelo Felgueiras e uma vez mais pelo Juventude de Évora antes de voltar ao Lusitano em 1990. No espaço de três temporadas amealhou 96 jogos (95 a titular) na II Divisão B, tendo contribuído para a obtenção do 4.º lugar no campeonato da Zona Sul em 1990-91. Porém, despediu-se dos eborenses com a descida à III Divisão duas épocas depois.
 
 

Teixeira (médio defensivo)

Teixeira
Jogador polivalente, capaz de atuar como lateral direito e médio defensivo, nasceu em Luanda, mas radicou-se em Portugal ainda em tenra idade. Em termos futebolísticos fez a formação no Vitória de Setúbal, tendo transitado para a equipa principal em 1982.
Embora nem sempre muito utilizado, atuou em mais de 30 encontros oficiais até 1986 e tornou-se internacional sub-21 e olímpico, despedindo-se do Bonfim com uma descida à II Divisão que interrompeu uma sequência de 24 anos consecutivos no primeiro escalão.
Seguiram-se nove anos no Belenenses, clube pelo qual viveu os melhores anos da carreira, tendo conquistado a Taça de Portugal em 1988-89 e jogado nas competições europeias.
Depois de passagens por Felgueiras e Torreense, ingressou no Lusitano de Évora no verão de 1999, aos 35 anos, tendo ajudado os eborenses a subir à II Divisão B em 1999-00, embora não tenha conseguido evitar a despromoção à III Divisão em 2000-01, despedindo-se do conjunto alentejano em meados de 2002.
Mais tarde, como treinador, orientou os lusitanistas em 2005-06 e 2009-10, em ambas as ocasiões na III Divisão Nacional.
Haveria de falecer em maio de 2017, aos 53 anos, vítima de doença prolongada.
 
 

Matine (médio defensivo)

Matine
Médio defensivo nascido em Lourenço Marques, que a partir de 1976 se passou a designar Maputo, chegou a Portugal proveniente do Central de Lourenço Marques para representar o Benfica.
Após quatro temporadas na Luz, vestiu as cores do Vitória pela primeira vez em 1971-72, participando na memorável campanha sadina até ao 2.º lugar no campeonato, tendo participado em 33 jogos em todas as competições. Graças aos bons desempenhos no Bonfim, foi chamado pelo selecionador José Augusto para representar a equipa das quinas na Taça Independência, no Brasil, que culminou com uma derrota na final ante os anfitriões, no Maracanã. 
Voltou ao Benfica na época seguinte, mas regressou a Setúbal no verão de 1973 para jogar com mais regularidade durante três temporadas, nas quais amealhou mais 92 encontros e cinco golos, tendo contribuído para a obtenção do 3.º lugar no campeonato e para a caminhada até aos quartos de final da Taça UEFA em 1973-74. Também em 1974, representou Portugal no Campeonato da Europa de sub-23.
Depois de vestir a camisola do Portimonense em 1976-77, serviu o Lusitano de Évora na época seguinte, na II Divisão Nacional, não conseguindo impedir a despromoção à III Divisão.
 
 

Miguel (médio ofensivo)

Miguel
Interior esquerdo natural da Trafaria, concelho de Almada, despontou nos Pescadores da Costa de Caparica e passou por O Elvas e Vitória de Guimarães, ingressou no Vitória de Setúbal no verão de 1955.
À beira-Sado viveu seis dos melhores anos da carreira, tendo somado 117 jogos e 33 golos ao serviço dos setubalenses na I Divisão até 1960, ano marcada pela descida à II Divisão Nacional. Pelo meio somou uma internacionalização pela seleção B em abril de 1958 e foi chamado por várias vezes aos trabalhos da seleção principal.
Em 1961-62 voltou à I Divisão através do Lusitano de Évora, tendo atuado em 14 jogos e marcado um golo no campeonato, encerrando a carreira em seguida.
 
 

José Luís (extremo direito)

José Luís
Lateral/extremo nascido em Cabo Verde, baixo (1,73 m), mas bastante potente e capaz de jogar nas duas alas, entrou em Portugal como voluntário para a Marinha e começou a jogar futebol ao serviço do União de Montemor, tendo ainda passado pelo Juventude de Évora antes de ingressar no Vitória de Setúbal no verão de 1978.
Em duas temporadas no Bonfim, nas quais atuou quase sempre como lateral esquerdo, amealhou mais de 50 encontros e um golo em todas as competições, valorizando-se ao ponto de dar o salto para o FC Porto.
Porém, não vingou nas Antas, tendo representado a Sanjoanense antes de vestir a camisola do Lusitano de Évora em 1982-83, na altura para competir na II Divisão Nacional e ficar a um pequeno passo assegurar o regresso dos eborenses ao primeiro escalão.


 

Augusto Batalha (extremo esquerdo)

Augusto Batalha
Médio esquerdo natural de Sesimbra, começou a jogar no clube da terra natal, de onde saltou para o Vitória de Setúbal em 1950-51, tendo atuado em 21 jogos e apontado três golos na I Divisão.
Valorizado pela boa campanha à beira-Sado, deu o salto para o Benfica, clube ao qual tinha faturado ao serviço dos sadinos.
Porém, não vingou em Lisboa e reforçou o Lusitano de Évora na primeira época dos eborenses no primeiro escalão, em 1952-53.
Com uma entrada com o pé direito, marcou o primeiro golo da história do clube na I Divisão, numa vitória por 1-0 no terreno do Estoril. Mas não se ficou por aí: ao longo de oito tempos nos lusitanistas foi uma das figuras das equipas que em 1952-53 e 1958-59 atingiram as meias-finais da Taça de Portugal e que em 1956-57 alcançou um histórico quinto lugar no campeonato.
Essa temporada da melhor classificação de sempre da formação alentejana no patamar maior do futebol português foi precisamente a melhor da carreira de Augusto Batalha, que apontou 15 golos em 26 jogos entre a elite.
Após 39 remates certeiros em 114 partidas na I Divisão pelo Lusitano mudou-se em 1960 para o Estremoz, clube que ajudou a catapultar pela primeira vez para a III Divisão em 1961.
Em 1969-70 voltou aos lusitanistas para integrar a equipa técnica de Alberto Cunha.
 
 

Fernando Cruz (ponta de lança)

Fernando Cruz
Ponta de lança de elevada estatura (1,89 m) internacional jovem português, natural de Palmela e formado no Vitória de Setúbal, transitou para a equipa principal em 1979-80.
Na primeira passagem pela equipa principal dos sadinos, de três anos e meio, amealhou cerca de 90 encontros e 12 remates certeiros.
Valorizado pelas boas campanhas no Bonfim, deu o salto para o Sporting, mas nunca se impôs em Alvalade, tendo regressado aos vitorianos no verão de 1985. Apesar de uma boa época a nível individual em 1985-86, não conseguiu impedir a despromoção à II Divisão Nacional. Contudo, na temporada seguinte ajudou os setubalenses a regressar ao primeiro escalão. Nesta segunda passagem pelo Vitória, totalizou cerca de 45 jogos e 12 golos.
Seguiram-se passagens por Farense, Sp. Espinho, União da Madeira, Louletano e Atlético antes de ingressar no Lusitano de Évora na segunda metade da temporada 1994-95, numa altura em que já tinha 32 anos, não conseguindo impedir a despromoção à III Divisão.
 
 
 

János Biri (treinador)

János Biri
Treinador húngaro que guiou o Benfica à conquista de três campeonatos e outras tantas Taças de Portugal durante o início da década de 1940, ingressou no Vitória de Setúbal em 1952-53, depois de passagens também por Boavista, Académico do Porto, Estoril, Vitória de Guimarães e Atlético.
Depois de guiar os sadinos a um 6.º lugar na I Divisão em 1952-53, na época seguinte foi o homem do leme na caminhada até à segunda final da Taça de Portugal da história do clube, que ficou marcada por uma derrota controversa às mãos do Sporting, pois os setubalenses alegaram que o golo decisivo foi marcado em fora de jogo evidente. Por sentirem que os jogadores dignificaram o clube e foram prejudicados no Jamor, os sócios e adeptos receberam a equipa em festa em Setúbal, mandaram fazer na Ourivesaria Pedroso um troféu ao qual chamaram Taça Recompensa e entregaram-no àqueles que consideraram ser os justos vencedores da final.
János Biri haveria de ficar à beira-Sado até 1955, quando se mudou para o Oriental, tendo depois passado por Oriental, Lusitânia dos Açores e Académica antes de assumir pela primeira vez o comando técnico do Lusitano de Évora em 1959-60, tendo ajudado os eborenses a assegurar a permanência.
Na temporada seguinte voltou ao Vitória, tendo sido um dos treinadores que orientou os sadinos na época marcada pela subida à I Divisão e por nova caminhada até à final da Taça de Portugal, 1961-62. No entanto, nessa temporada também passou algum tempo a comandar o Lusitano.
Depois de uma passagem pelo Vila Real, regressou aos lusitanistas em 1965-66, mas desta feita sem sucesso, uma vez que não conseguiu impedir a despromoção à II Divisão que interrompeu um ciclo de 14 épocas consecutivas no primeiro escalão



 









2 comentários:

  1. Falta aí Vitor Martelo que foi o melhor marcador nos juniores do Vitória
    no ano 2011 salvo erro, obrigado.

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    1. Com todo o respeito, mas com vários jogadores que jogaram tanto nos seniores do Vitória como do Lusitano, todos na I Divisão, nem sequer equacionei esse nome para compor este onze ideal

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